quarta-feira, 31 de maio de 2023

Dia Mundial sem Tabaco - CROSP alerta sobre as doenças bucais causadas pelo hábito de fumar

Além de poder predispor doenças bucais como periodontite e halitose, e ainda induzir as pigmentações nos dentes e mucosa, o tabagismo é o principal fator de risco para o câncer de boca. Dados do Centro de Oncologia Bucal (COB), uma unidade auxiliar vinculada à Faculdade de Odontologia de Araçatuba (FOA/UNESP) especializada no diagnóstico e tratamento do câncer de boca, mostram que mais de 80% dos pacientes diagnosticados com câncer de boca apresentam histórico de tabagismo. Destes, cerca de 75% consomem cigarros em conjunto com o álcool e mais de 20% são apenas tabagistas.

Os registros também mostram que a maioria dos pacientes que desenvolveram câncer de boca tratados no COB fumou mais de 35 anos ao longo da vida e consumia, em média, 20 cigarros por dia, denotando uma relação direta do desenvolvimento dos tumores de boca na população de tabagistas com o tempo e intensidade do consumo de cigarros.

Um outro dado que chama atenção nos registros do Centro Oncológico da FOA/UNESP é que os pacientes diagnosticados com câncer de boca começam a fumar com uma idade média de 12 anos, indicando uma a necessidade de atenção para esta faixa de idade, como afirma o professor de Estomatologia da FOA/UNESP,  supervisor do COB e membro da Comissão Temática de Políticas Públicas do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Dr. Daniel Galera Bernabé. “Os pacientes que desenvolvem câncer de boca associado ao consumo de tabaco começam a fumar muito cedo, o que denota a necessidade de estabelecermos estratégias de prevenção para o tabagismo desde a infância e adolescência”.

Além de ser o principal fator de risco para o câncer de boca, o tabagismo tem sido associado a um pior prognóstico da doença. Muitos pacientes com câncer de boca continuam fumando mesmo após o tratamento oncológico, o que aumenta as chances de segundo tumor primário e tem impacto negativo no tempo de sobrevida.

De acordo com o Dr. Daniel Bernabé, o aconselhamento e tratamento do tabagismo deve ser oferecido para todos os fumantes e deve fazer parte do suporte oncológico multidisciplinar para pacientes com câncer de boca. “Além do câncer de boca, o consumo de tabaco também predispõe ao desenvolvimento de algumas lesões cancerizáveis como a eritroleucoplasia, leucoplasia e a eritroplasia”.

 

Cigarros eletrônicos ou vapes 

Segundo ele, é importante também ressaltar o crescente consumo, principalmente por jovens, de formas alternativas de nicotina, como o narguilé e os denominados sistemas eletrônicos de entrega de nicotina, tais como os cigarros eletrônicos ou vapes. Embora os efeitos a longo prazo do uso dos sistemas eletrônicos de entrega de nicotina sobre a ocorrência de câncer de boca sejam ainda desconhecidos, evidências recentes mostram que o uso destes dispositivos pode promover alterações genotóxicas (capacidade de alguns agentes químicos de danificar a informação genética no interior de uma célula, causando mutações) no caso, das células da mucosa bucal.

Além disso, segundo a pós-graduada em dependência química pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), referência técnica de tabagismo na SES-SP e presidente da Comissão Temática de Políticas Públicas do CROSP, Dra. Sandra Silva Marques, o consumo de cigarros eletrônicos pode causar irritação na boca e garganta, náuseas, tosse e mal-estar. “Os cigarros eletrônicos produzem substâncias químicas como o acetaldeído e formaldeído (formol), cuja inalação pode estar relacionada às doenças pulmonares e cardiovasculares. De maneira similar ao que acontece em relação aos cigarros de papel e de palha, é responsabilidade do Cirurgião-Dentista orientar os pacientes e público em geral sobre as consequências danosas do cigarro eletrônico”, complementa a Dra. Sandra.

A especialista lembra ainda que o uso de tabaco tem um aspecto muito relevante com a questão da insegurança alimentar no mundo, cujo tema do Dia Mundial sem Tabaco (31 de maio) sinaliza como urgente. “Considerando que o Brasil é o maior exportador de tabaco no mundo, salientamos a  importância dos governos em estimular programas de incentivo agrícola para que as famílias que cultivam tabaco possam estabelecer a transição de uma monocultura para a policultura de alimentos, que vêm de encontro com os eixos e metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma ação global para erradicar a pobreza, proteger a saúde planetária e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e prosperidade”.

 

Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP)


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