Não precisa ser um expert para aproveitar um bom vinho, mas é importante entender o que está por trás de uma boa degustação e como aprimorar seu paladar de forma mais fácil e descomplicada
Talvez
você já tenha passado pela situação de chegar em um restaurante com vontade de
beber um vinho e, ao olhar para a carta de rótulos, não saber o que pedir. E
quando chega o sommelier, oferecendo a rolha para cheirar e um gole de prova?
Nesse momento, você pode pensar: “puxa vida, gostaria de conhecer um pouquinho
mais sobre vinhos”.
É
claro que não é preciso ser um expert para apreciar um produto. Mas com um
pouco a mais de conhecimento, apreciar um vinho pode se tornar uma atividade
muito satisfatória e, por incrível que pareça, nem tão complicada assim.
O
sommelier e professor Jonas Martins, que atua com a importadora de vinhos MMV,
traz algumas dicas para pessoas que desejam começar a aproveitar mais a jornada
de degustação de vinhos, porém, sem o “falso glamour” que às vezes transforma a
experiência em algo piegas e taxado.
“Ao
longo da minha carreira, sempre busquei desmistificar algumas lendas em torno
da apreciação de vinho, ao passo que também considero importante ressaltar
alguns pontos que irão ajudar pessoas que se interessam por esse universo tão
rico e bacana”, diz Martins.
Procure
vinhos de fácil acesso
Na
opinião de Jonas, o primeiro passo para quem está começando é tentar achar
rótulos que sejam fáceis de encontrar e comparar, especialmente com preços
atrativos e uvas mais conhecidas. Assim, vinhos sulamericanos, pelo acesso mais
fácil, são boas opções.
Entre
as uvas brancas que caem nessa categoria, de fácil acesso e encontradas em
diversos países, estão a Sauvignon Blanc e o Chardonnay. Do Chile, da vinícola
Alto Roble, o Fortunatus Sauvignon Blanc e o Felitche Chardonnay são dois
rótulos bem interessantes, pois, apesar da qualidade, têm um preço muito
atrativo também.
Ainda
do Chile, o Felitche Cabernet Sauvignon é para aqueles que desejam começar com
um vinho tinto. Migrando para a Argentina, terra dos famosos Malbecs, o Cinco
Sentidos Malbec não irá assustar na primeira degustação, já que os vinhos dessa
uva são marcantes e particulares. Já o Felitche Rosé, é um vinho de entrada
para quem quer um vinho com outro estilo, mais fresco, mesmo sendo produzido
com uva tinta.
Sugestão
de “ordem” das uvas
Já
que falamos em tipos de uva, Martins sugere que normalmente é mais fácil
degustar vinhos brancos que são mais diretos, que já mostram os aromas e os
sabores, em relação aos vinhos tintos, que são mais complexos e apresentam mais
corpo.
“Então,
eu penso que a ordem seria mesmo começar com os brancos, passar para alguns
rosés e ir para os tintos, mas não é uma regra. Eu acho que, principalmente
para quem está começando, o importante é provar o máximo possível, provar de
tudo, mas deixo como sugestão começar pelos brancos, passar pelos rosés e
chegar nos tintos”, explica Martins.
Degustação:
provar com atenção
Outro
ponto interessante, que vem com a experiência, mas que já deve ser levado em
consideração pelos iniciantes, é entender como identificar os aromas e as
notas. O primeiro passo, por incrível que pareça, é prestar atenção nas coisas
do dia a dia.
Segundo
o sommelier, de nada adianta querer “desvendar” as notas de um vinho se no dia
a dia você nunca reparou nos cheiros do ambiente, como, por exemplo, no cheiro
de uma laranja cortada, ou de uma defumação com lenha, até mesmo a sensação
olfativa de uma cebola fritando.
O
perfume que você usa, por exemplo, tem cheiro de uma madeira, de uma flor, de
uma fruta? Você conseguiria identificar? Prestar atenção ao ambiente e às
experiências sensoriais é desenvolver um controle para poder, ao apreciar uma
taça, criar paralelos entre as coisas que você sente, que você sabe o aroma e
sabor, e o que você tem no vinho.
Deixe
para depois: rótulos mais “faixa-preta”
Em
contrapartida, alguns tipos de vinhos, para que sejam aproveitados em sua
máxima excelência, demandam um pouco mais de experiência. Não quer dizer que
você não deve bebê-los, porém, ganhando um pouco mais de “cancha”, as sensações
serão infinitamente mais bem aproveitadas.
A
uva Nebbiolo, usada na produção do Barolo, vinho de Piemonte, Itália, é uma uva
que permite vinhos mais complexos e estruturados. Na MMV, a empresa tem dois
Nebbiolos: um Viapiana, vinícola do Sul do Brasil, e um da chilena La Prometida
Revoltosa, novidade no portfólio da empresa.
“Às
vezes um iniciante vai provar um vinho desses, ele nem consegue aproveitar o
vinho ou sequer gosta, porque são vinhos que têm uma complexidade supergrande,
taninos mais agressivos”.
Alguns
brancos também podem entrar na lista. O italiano Inusuale, da Inserrata, é um
100% Sangiovese, uva tinta, que para surpresa de muitos gera um vinho branco,
único, e para dar valor nessa garrafa, é preciso experiência.
Por
fim, vinhos naturais, que são aqueles produzidos com técnicas mais rudimentares
e uso quase zero de produtos químicos, com o mínimo de intervenção do homem,
como há séculos, também fazem parte dos vinhos “faixa-preta”. Para entender,
por exemplo, o Malbec Natural Krontiras, da Argentina, é preciso ter
referências anteriores com Malbecs menos complexos, para a experiência ser
completa.
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