Ginecologista e obstetra explica, utilizando embasamentos médicos, qual o nível de urgência para aprovação projeto de lei que pode entrar em vigor no país
Considerando a temática, nada melhor que o
parâmetro oferecido por uma especialista em saúde da mulher. Helena Cossich é
médica ginecologista e obstetra formada pela Universidade Federal do Estado do
Rio de Janeiro (UNIRIO). Além disso, é especializada em Videocirurgia
Ginecológica e também sócia-fundadora da Baby Concierge, face digital do
universo materno-infantil reconhecida nacionalmente. A princípio, Helena
explica como, biologicamente, se dão as cólicas menstruais: “Todos os meses, há
um estímulo feminino na parede interna do útero (endométrio) prevendo uma
possível gestação. Quando isso não acontece, o endométrio é descamado,
liberando uma substância chamada prostaglandina que causa o que chamamos de
cólicas (contrações uterinas) e expulsão do material que nomeamos como
menstruação”.
Sobre a intensidade das cólicas e incoerências no
fluxo menstrual, a doutora afirma que os sintomas podem ser variáveis, mas de
fácil identificação: “As cólicas acontecem, em geral, entre dois e três dias
antes e durante a menstruação. A intensidade pode variar entre mulheres e entre
ciclos, mas, essas contrações podem ser tão fortes a ponto de ocorrer uma isquemia
transitória (alteração cerebral causada por um bloqueio temporário no envio de
sangue ao cérebro) por conta dos vasos sanguíneos presentes no útero. Sendo
assim, as mulheres que costumam ter cólicas intensas e sintomas anormais no
período menstrual, na maioria das vezes têm níveis elevados de prostaglandina,
substância liberada quando o endométrio sofre descamação e, dores que perpassam
o período de três dias”.
De acordo com dados e pesquisas divulgados nos
últimos anos, as dores proporcionadas pelo ciclo da menstruação podem ser
comparadas a sintomas intensos de outras condições, como um ataque cardíaco ou
manifestações que acontecem durante o período gestacional. Em relação às
afirmações, a doutora reforça-as: “Dependendo do nível de gravidade e das
patologias associadas, a dor pode ser tão intensa a ponto de impedir uma
simples saída da cama. Sendo assim, a cólica pode ser desde um leve sintoma,
até uma dor 10 em 10 que pode ser comparada a outras dores extremas”.
Considerando que alguns e ainda poucos países do
mundo aprovem a licença menstrual, Helena conta que a minúscula proporção pode
ser explicada por um pensamento arcaico que ainda perpetua a sociedade: “Há,
até hoje, pessoas que negligenciam as dores das cólicas afirmando que são
associadas a desequilíbrios emocionais das mulheres. Entretanto, considerando a
fisiopatologia e doenças relativas, os sintomas menstruais não podem,
cientificamente, serem relacionados ao estado emocional, personalidade ou
estresse.” Ela ainda reforça a urgência da aprovação do projeto no
Brasil. “A intensidade da cólica pode ser leve, moderada ou intensa e ser
indício de alguma doença ginecológica. É impossível negar que há cólicas tão
acentuadas que podem sim impedir mulheres de realizarem atividades básicas do dia-dia.
É preciso lembrar que viver com dor não é algo que deve ser normalizado”,
finaliza.
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