terça-feira, 25 de abril de 2023

Dados do SUS levantados pelo IUCR mostram retomada no diagnóstico de câncer de testículo após queda de 31% na pandemia

Com cerca de 35 mil novos casos anuais em jovens de 15 a 34 anos, o câncer de testículo é o mais comum no mundo entre os homens desta faixa etária. No Brasil, como reflexo da pandemia, o número de diagnósticos da doença reduziu em 31% em 2020 comparado com 2019. Mesmo com retomada, o número de casos em 2022 não atingiu patamar de antes da Covid-19

 

O Abril Lilás é o mês de conscientização sobre o câncer no testículo. Pensando nisso, o Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) levantou o número de diagnósticos de novos casos dos últimos quatro anos e analisou o impacto da pandemia na realização deste procedimento no Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2019, o SUS registrou 565 procedimentos de orquiectomias (retirada cirúrgica do testículo), procedimento fundamental para o diagnóstico e direcionamento do tratamento do câncer de testículos e outras doenças que acometem as gônadas masculinas. No ano seguinte, a pandemia de Covid-19 afetou a continuidade de diversos serviços hospitalares devido às medidas de restrição, assim, a quantidade de diagnósticos sofreu redução em 31%, com 390 procedimentos realizados em 2020.

Desde então, houve esforços dos serviços de saúde para a retomada dos diagnósticos e dos tratamentos importantes em diversas áreas médicas. Em 2021, foram registrados 409 diagnósticos de câncer de testículo; em 2022, 466 por todo o país. “A biópsia do testículo pode ser indicada quando há suspeita de uma anomalia na região, como a presença de nódulos. O procedimento deve ser realizado em ambiente de centro cirúrgico, e consiste na retirada de fragmentos teciduais para análise. Quando a suspeita do câncer de testículo é confirmada, o órgão pode ser removido no mesmo ato cirúrgico”, explica Gustavo Cardoso Guimarães diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) e coordenador geral dos Departamentos Cirúrgicos Oncológicos do grupo BP-A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

O câncer de testículo apresenta baixos índices de mortalidade. Apesar disso, estimular o diagnóstico precoce é uma das metas do Sistema Único de Saúde para garantir tratamento mais seguro. Segundo o urologista e cirurgião oncológico Gustavo Guimarães, falar sobre a saúde do pênis e dos testículos ainda é resistência para muitos homens: “Além do receio de falar sobre o assunto, os homens tendem a associar alterações nos testículos com doenças venéreas ou até mesmo traumas, e ignoram os sinais”. Dessa forma, os principais sintomas do Câncer de Testículo envolvem:

  • Nódulo pequeno, duro e indolor
  • Mudança na consistência dos testículos
  • Sensação de peso no saco escrotal
  • Dor incômoda no baixo ventre ou na virilha
  • Desconforto no testículo ou no saco escrotal
  • Crescimento da mama ou perda do desejo sexual
  • Crescimento de pelos faciais e corporais em meninos muito jovens
  • Dor lombar

Além disso, os fatores de risco compreendem a idade, visto que a maioria dos casos ocorre entre as idades de 15 e 50 anos, sendo o mais comum no mundo na faixa dos 15 aos 34 anos.  A alta prevalência deste tipo de tumor e a ausência de câncer de próstata nesta idade é um reflexo do fato que o câncer de testículo é o mais comum no mundo entre os homens de 15 a 34 anos, superando a leucemia, que é o câncer pediátrico mais comum. Comparativamente, ao contrário da faixa etária de maior incidência e prevalência, quando considerados os homens a partir de 35 anos, o câncer de testículo aparece apenas na 22ª posição, o que equivale a ser 35 vezes menos comum que o câncer de próstata. Ao todo, são 74 mil novos casos anuais de câncer de testículo no mundo (35 mil deles entre 15 e 34 anos). Os dados são do levantamento Globocan 2020, da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS).

A raça também é um fator a ser considerado, uma vez que os homens brancos têm de 5 a 10 vezes mais chances de desenvolver câncer testicular do que os homens de outras raças. Herança genética também é um fator de risco para este e outros cânceres. Ou seja, quando há história familiar de câncer de testículo, o risco é aumentado.

Também é válido lembrar que o câncer de testículo pode acometer mulheres trans, travestis e pessoas de gêneros não binários. Em 2020, a cantora e ativista Linn da Quebrada veio a público informar que passou por uma cirurgia para a remoção do testículo afetado pelo câncer e, em seguida, foi submetida a sessões de quimioterapia. A artista ressaltou, por meio de documentário e das redes sociais, a importância do acolhimento dos profissionais de saúde para a comunidade LGBTQ+, além de estimular a realização de exames por todas as pessoas suscetíveis.

Dessa forma, ao perceber alguns sinais e irregularidades nos testículos, é necessário procurar ajuda especializada de urologistas para investigar as causas das dores e das anomalias.

 

Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica Dr. Gustavo Guimarães – IUCR

 

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