Existem diferentes formas de identificar os sinais de um profissional sobrecarregado, algo que merece atenção tanto do colaborador quanto da empresa
O mundo está cada
vez mais digital. Atividades que antes aconteciam presencialmente, como
reuniões semanais, começaram a ser realizadas por meio de uma tela de
computador ou celular. Tudo isso pode causar o que se chama de sobrecarga
digital. Sentir-se sobrecarregado também pode fazer com que os colaboradores
fiquem desengajados, ou seja, tudo se torna um efeito manada que pode
prejudicar a vida profissional e pessoal. Para se ter ideia, uma pesquisa
realizada pelo grupo Adecco, que realiza consultoria de talentos, revelou que
71% dos profissionais se sentem desengajados na empresa onde trabalham.
De acordo com Hugo
Godinho, CEO da Dialog, startup que lidera o setor de Comunicação Interna
no Brasil com uma plataforma multicanal, em uma era digital todos estão
sujeitos a essa sobrecarga. “Sobrecarga digital é o que acontece quando uma
pessoa recebe com regularidade um grande volume de informações, que podem
chegar de diferentes canais ou não. Essa quantidade de conteúdo costuma ser
muito superior à possibilidade de assimilação - ou seja, nem tudo aquilo que é
recebido por alguém consegue ser, de fato, absorvido e compreendido. O uso das
redes sociais, o consumo de notícias on-line e o recebimento de centenas de
notificações fazem com que as pessoas percam completamente o controle da
quantidade de informações visualizadas por dia”, explica.
Entretanto, ele
destaca que a tecnologia não deve ser vista como uma inimiga. “Nas empresas, a
sobrecarga digital acontece quando a Comunicação Interna não é estruturada de
forma estratégica nem conta com ferramentas adequadas. Se a empresa enviar
dezenas de e-mails por dia e acionar os grupos de WhatsApp a todo momento, por
exemplo, a informação perderá seu propósito e se tornará apenas mais uma
distração. Isso tudo é resultado de uma Comunicação Interna descentralizada.
Essa alternância entre os canais de comunicação representa um processo
desarticulado que, em vez de informar, sobrecarrega aquele que precisa consumir
a mensagem”, complementa.
Isso leva à
conclusão de que centralizar a Comunicação Interna em um canal exclusivo é uma
das formas de evitar a sobrecarga digital. Poder acessar apenas uma única
plataforma para interagir com gestores, consumir conteúdo ou consultar
informações importantes faz com que os colaboradores não sintam tão
intensamente os efeitos desse esgotamento. Implementar uma ferramenta com esse
potencial nas empresas pode aprimorar o fluxo da informação na jornada de
trabalho.
Os
sinais da sobrecarga: é possível superar o cansaço da digitalização?
São muitos os
sinais que, inicialmente, podem indicar de forma bastante sutil que o
colaborador está enfrentando um momento de sobrecarga. Além do número de vezes
que checamos os aplicativos, também precisamos estar atentos a sintomas como
cansaço mental, dificuldade de concentração, ansiedade e impaciência.
Hugo destaca a
importância do que hoje já é chamado de Workplace Experience (WX), um espaço de
trabalho digital onde se concentra a comunicação entre os colaboradores. Essa
transformação da Comunicação Interna reduz os impactos do ruído digital e
auxilia a empresa a conquistar o tão desejado bem-estar dos colaboradores – que deve ser vivenciado, inclusive, na
esfera digital.
Uma pesquisa da
Qualtrics, publicada em 2022, mostrou que processos ruins e sistemas
ineficientes aumentam o risco de Burnout. Fabiana Mendes, psicóloga, Doutora e
Mestra em Pesquisa/Epistemologia pela UFRJ, vai além e afirma o quanto a
sobrecarga digital pode culminar no Burnout diante da ausência da estruturação
dos processos na jornada do colaborador. Ela ressalta que avaliar a experiência
do colaborador deve ser uma bússola para mitigar os efeitos dessa sobrecarga.
Segundo ela,
desconcentração, baixa produtividade e ausência de engajamento podem ser
indícios desse mal-estar contemporâneo, causado pela era digital. “A
transformação digital precisa estar atrelada a uma Comunicação Interna
estratégica, que deve oferecer ferramentas que facilitem o dia a dia do
colaborador. A ineficiência nas atividades é um reflexo de trabalho
improdutivo, decorrente do excesso de informações – algo difícil de lidar
quando a empresa não adota plataformas que contribuam para a produtividade das
equipes”, afirma Fabiana.
Dentro das empresas, o setor de RH tem
um papel essencial nesse sentido. “A sobrecarga digital só é superada se os
responsáveis pela Comunicação Interna estiverem cientes e atentos a essa
realidade. A informação precisa ser gerenciada de forma estratégica, mas para
isso é necessário contar com ferramentas que, além de eficientes, também possam
sustentar boas práticas de comunicação. O RH, nesse sentido, deve ser um setor
aliado. Para isso, a tecnologia precisa ser usada de forma inteligente e
mensurável a fim de monitorar o bem-estar do colaborador”, finaliza Hugo
Godinho.
Fabiana Mendes - Graduada em Psicologia, Fabiana Mendes é Doutora e Mestra em Pesquisa/Epistemologia pela UFRJ. Possui experiência na aplicabilidade da pesquisa ao ambiente corporativo com foco em EX e HPEX.
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