Neste Dia Mundial de Conscientização do Autismo, o Pequeno Príncipe defende o conhecimento como solução contra os preconceitos
Foto: Mariana Souza/ Hospital Pequeno Príncipe
Dados da
Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que uma em cada 160 crianças tem
transtorno do espectro autista (TEA). A condição gera uma série de traços e sua
intensidade muda entre cada paciente. Com diálogo, afeto e conhecimento sobre o
transtorno, todos podem contribuir para a qualidade de vida de crianças e
adolescentes.
Em 2023, a
campanha do Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado
em 2 de abril, reforça que quanto “mais informação, menos preconceito”. O
Hospital Pequeno Príncipe apoia essa causa e destaca cinco informações
essenciais sobre o TEA, de acordo com o neuropediatra Anderson Nitsche.
1) Meninos nem sempre são maioria entre
diagnósticos
Estudos indicam que a
proporção de diagnósticos para meninos é quatro vezes maior do que para
meninas. No entanto, uma revisão das pesquisas pode apontar sub-representação
nos números por diversos aspectos sociais. Meninas podem apresentar
comportamentos diferentes em comparação com meninos – levando ao mascaramento
dos primeiros sinais.
A interação social e a
comunicação, influenciadas por questões hormonais, às vezes são estereotipadas
e merecem observação atenta de pais e familiares. Nem todo comportamento é
apenas “coisa de menina” e, em conjunto com outros traços, deve ser avaliado
por especialistas.
2) O autismo não é uma doença
O transtorno do espectro
autista se caracteriza por uma série de condições que prejudicam áreas do
desenvolvimento neurológico e a capacidade de interação social, comunicação e
comportamento. Seus primeiros sinais podem aparecer na primeira infância,
causando dificuldades no contato visual, na percepção do ambiente e na
aproximação de pessoas.
Meninos e meninas também
podem apresentar padrões repetitivos de comportamento, como bater as mãos ou
repetir palavras. Mas é importante lembrar que nem toda criança desenvolve os
mesmos traços com a mesma intensidade. Por isso, a avaliação para diagnóstico
segue a classificação internacional de doenças da OMS e exames multidisciplinares.
3) Cada diagnóstico envolve níveis diferentes
do espectro
Foi só em 2013 que o termo “espectro” foi adotado para
referir-se ao transtorno autista. No âmbito científico, o substantivo significa
uma representação de amplitudes e intensidades diversas. Algumas pessoas com
TEA podem realizar todas as atividades do dia a dia, outras nem sempre. Para
conduzir o tratamento e recomendar as terapias mais adequadas, o transtorno é
classificado a partir de três níveis, que são:
- Nível 1 de suporte: exige apoio dos
familiares e profissionais. Em geral, as pessoas apresentam sintomas
leves, como dificuldades em situações sociais e na linguagem,
comportamentos repetitivos e restritivos, ou comportamentos em excesso,
por exemplo, cumprimentar ou falar com pessoas desconhecidas na rua.
- Nível 2 de suporte: exige apoio
substancial. Pessoas que apresentam sintomas intermediários, normalmente,
podem ter dificuldade em interações sociais, comportamentos restritivos e
repetitivos, podem não fazer contato visual ou não expressar emoções, e
manter conversas curtas.
- Nível 3 de suporte: exige muita
necessidade de apoio substancial. Pessoas com sintomas severos, como
dificuldade na comunicação e situações sociais, uso de poucas palavras e
muitos comportamentos restritivos e repetitivos. Raramente iniciam alguma
conversa e reagem somente a abordagens muito diretas.
4) O TEA não tem cura
Como o transtorno não é uma
doença, também não tem cura. Mas uma vez realizado o diagnóstico, o
acompanhamento multidisciplinar é fundamental. O desenvolvimento adequado deve
ser estimulado a partir de terapias, que envolvem quatro profissionais
principais: médico, psicólogo, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo.
Por ter diferentes níveis,
cada paciente exige um tipo de acompanhamento específico e individualizado. Em
alguns quadros, o uso de medicamentos é indicado para ajudar na manutenção do
comportamento e na ocorrência de complicações de saúde e doenças relacionadas.
Ao longo do tratamento, familiares, amigos e sociedade têm papel importante na
compreensão de que há dias mais ou menos estáveis, mas com apoio em todos os
momentos.
5) O transtorno do espectro autista nem sempre
é hereditário
A causa do TEA não é única e
vem de uma complexa interação entre fatores genéticos e condições ambientais.
Alguns aspectos podem influenciar o aparecimento do espectro, como o uso de
substâncias durante a gravidez, nascimento prematuro ou exposição excessiva de
bebês às telas de aparelhos eletrônicos. Também há risco aumentado em
determinadas condições genéticas – como a síndrome do X frágil e esclerose
tuberosa.
Paciência e afeto são essenciais
Ao socializar com crianças e
adolescentes com TEA, é preciso compreender que não se trata apenas de birra ou
pais que não educam. Busque saber com a família as peculiaridades que geram
conforto e desconforto, como ruídos, luzes e objetos. Meninos e meninas com o
transtorno podem comunicar-se de maneiras diferentes – o que não anula a manifestação
de suas vontades.
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