Diretora-presidente
do Instituto Opy, Heloisa Oliveira, reitera que as desigualdades regionais e de
raça agravam os efeitos da pobreza nas famílias com crianças
No Dia Mundial da Infância, é importante refletir
que nem todos possuem motivos para comemorar. Afinal, a fome continua sendo uma
realidade para milhares de crianças e adolescentes no Brasil. O novo estudo da
UNICEF, com apoio da Fundação Vale, relata que 32 milhões de meninos e meninas
(63% do total) enfrentam a pobreza diariamente. Com a pandemia de Covid-19, a
situação ficou ainda mais grave, com famílias enfrentando dificuldades
econômicas e de acesso a alimentos. A fome na infância pode levar a
consequências graves, como o atraso no desenvolvimento físico e cognitivo, além
de prejudicar o desempenho escolar.
A pesquisa relata ainda que, entre 2020 e 2021, o
número de crianças e adolescentes privados de renda familiar necessária para
uma alimentação adequada passou de 9,8 milhões para 13,7 milhões, um aumento de
3,9 milhões. Os percentuais de privação tiveram elevação tanto para negros e
indígenas (31,2%) quanto para brancos e amarelos (17,8%).
O estudo intitulado “As Múltiplas Dimensões da
Pobreza na Infância e na Adolescência no Brasil”, constatou ainda que, em 2021,
o percentual dessa faixa etária que vivia em famílias com renda abaixo da linha
da pobreza monetária extrema (menos de 1,9 dólar por dia) atingiu o maior nível
dos últimos cinco anos: 16,1%, versus 13,8% em 2017.
De acordo com a diretora-presidente do Instituto
Opy, Heloisa Oliveira, os dados ajudam a refletir sobre os desafios que já eram
grandes e foram potencializados, no período da pandemia do coronavírus. “As
desigualdades regionais e de raça agravam os efeitos da pobreza que afeta de
forma ainda mais severa as crianças e os adolescentes”, afirma.
Para reverter este cenário, a UNICEF recomenda:
priorizar investimentos em políticas sociais; ampliar a oferta de serviços e
benefícios à crianças e aos (às) adolescentes mais vulneráveis; fortalecer o
Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente; implementar
medições e o monitoramento das diferentes dimensões da pobreza e suas privações
por um órgão oficial do Estado; promover a segurança alimentar e nutricional de
gestantes, crianças e adolescentes, garantindo a eles (as) o direito humano à
alimentação adequada e reduzindo o impacto da fome e da má nutrição nas
famílias mais empobrecidas; implantar com urgência políticas de busca ativa
escolar e retomada da aprendizagem, em especial da alfabetização; priorizar, no
âmbito das respectivas esferas de gestão, a agenda de água e saneamento para o
desenvolvimento e implementação de políticas públicas; implementar formas de
identificar precocemente as famílias vulneráveis a violências, incluindo
trabalho infantil; e promover e fortalecer oportunidades no ambiente escolar e
na transição de adolescentes para o mercado de trabalho. O Instituto Opy
endossa as recomendações da UNICEF.
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