A ingestão de bebidas alcoólicas afeta diretamente os
neurotransmissores do cérebro, fazendo com que eles sejam liberados em
quantidades diferentes do normal e aumentem o ácido gama-amino-butírico, que
provoca desinibição e a dopamina, que dá uma sensação de euforia após as
primeiras doses.
Quem explica é o Dr. Fernando Gomes, médico neurocirurgião e neurocientista do Hospital das Clínicas de SP.
“Apenas duas pequenas doses de álcool podem causar alterações nas áreas cerebrais responsáveis pelo processamento de informação”, fala o médico.
Esse estrago acontece porque quando o álcool etílico, presente nas bebidas alcoólicas, entra no corpo, um dos efeitos é que as células do cérebro sejam danificadas e algumas morram já que essa é uma substância solúvel em água que se acumula em volumes críticos nos órgãos onde o sangue é mais abundante. E o cérebro é um desses órgãos.
O córtex cerebral é a área responsável por todos os processos do pensamento, de informação e consciência. “O dano acumulado causado pelo álcool nessa parte dificulta o pensamento logico racional e o desenvolvimento normal da fala, na forma de caminhar ocorrem em função dos transtornos sofridos na área da coordenação motora e no controle inibitório -- área responsável pelo conhecido popularmente como ‘juízo’”, alerta Dr. Fernando.
Em altas doses, quando o álcool afeta o bulbo (parte do tronco cerebral que regula a respiração e a circulação) há risco de bloqueio na respiração. Mas, na maioria das vezes, antes disso acontecer a sonolência aparece, e muitas pessoas sentem vontade de dormir após beber e por isso (e também por sorte) acabam não chegando ao coma alcoólico.
Passado isso, vem a temida ressaca. Essa é reposta do organismo à folia que aconteceu no metabolismo. É aí que o corpo sofre uma série de mudanças biológicas. O resultado é um conjunto típico de sintomas da intoxicação.
A explicação é fisiológica: para metabolizar o excesso de álcool,
o organismo acaba sobrecarregando todos os órgãos envolvidos no processo, em
especial o fígado, já que é nele que são produzidas enzimas para metabolizar o
etanol e, durante a bebedeira, este órgão “absorve” também a ideia de que
precisa trabalhar “bêbado” e acaba pedindo mais álcool porque entra em crise de
abstinência. O resultado é dor de cabeça, desidratação, enjoo, diarreia e
extremo cansaço.
Os estudos comprovam
Cada grama de álcool consumida chega a envelhecer o cérebro precocemente
em um dia e meio, segundo um estudo divulgado no último dia 30 de janeiro no
Scientific Reports feito por pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia
(USC). Os cientistas usaram dados estruturais de imagens de exames ressonância
magnética de mais de 12 mil pessoas para calcular a idade cerebral prevista de
quem possui o hábito de ingerir álcool, comparando com a idade relativa do
cérebro.
Os resultados também mostraram anos a menos para a massa cinzenta
devido aos sinais de deterioração do órgão. E apesar das descobertas, os
cientistas concluíram que outros fatores também podem levar ao envelhecimento
acelerado, como a genética e o estilo de vida.
Dr Fernando Gomes - Professor Livre Docente de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas de SP com mais de 2 milhões de seguidores. Professor Livre Docente de Neurocirurgia, com residência médica em Neurologia e Neurocirurgia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, é neurocirurgião em hospitais renomados e também coordena um ambulatório relacionado a doenças do envelhecimento no Hospital das Clínicas.
drfernandoneuro
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