Guia prático promete ajudar homens a identificarem e não cometerem atos
machistas no trabalho e na vida. Será que agora vai?
Em tempos de popularização de cursos sobre “red pill” e “homem sigma”, ligados
a filosofias misóginas que inferiorizam as mulheres em pleno século XXI, é
difícil enxergar a luz no fim do túnel e acreditar que a sociedade irá, em
algum dia próximo, parar de dar voz e endossar discursos machistas. Essas
teorias justificam, sem nenhum embasamento, comportamentos inaceitáveis em
relações amorosas, ambientes de trabalho, vivências religiosas, decisões da
justiça e em muitas outras esferas.
São pequenas ou grandes atitudes, falas e ações que perpassam a experiência feminina desde a infância e continuam limitando suas vidas até a velhice, quando muitos dizem que já não têm mais valor. São contos cruéis que as reduzem a objetos de desejo, menos capazes no mercado de trabalho e meras coadjuvantes nas dinâmicas familiares, destinadas a viverem a submissão ao sexo oposto.
Mas... ainda há esperança! Sim, mesmo para aquele seu amigo ou parente que parece um caso perdido. Essa luz existe, pois, a cada mulher cansada que desiste de explicar o óbvio, outra se levanta, assume o bastão dessa corrida por igualdade e traz uma solução menos desgastante. O guia “Como não ser um babaca”, iniciativa do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e Tribunal de Contas da União (Sindilegis), nada contra a corrente ao desenhar para o público masculino qual é o problema das piadas, falas e ações do dia a dia que reforçam o machismo estrutural.
O material foi escrito por Marcela Studart e ilustrado pela artista Natália Carneiro, sendo que sua primeira versão chegou ao TOP 10 de mais vendidos da Amazon. A segunda edição do livro, foi atualizada com casos famosos do que NÃO fazer: "Já, já, vai tomar umas cotoveladas na boca", fala recente em reality show com audiência de mais de 150 milhões de brasileiros. Lembra? Ou aquela frase dita em 2014, inacreditavelmente dentro do Congresso Nacional: “Ela não merece ser estuprada porque ela é muito feia”. Sem comentários.
Também há na publicação um esforço em mostrar como figuras renomadas da cultura brasileira, como Millôr Fernandes, Nelson Rodrigues, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade e Chico Anysio, foram autores de muito mais do que sucessos literários, musicais e artísticos. Eles também são responsáveis por falas desrespeitosas que, mesmo declaradas décadas atrás, ainda repercutem e influenciam a opinião popular.
Além de escancarar tudo isso didaticamente para qualquer “babaca” entender,
você pode acessar a plataforma Não Seja um Babaca e enviar o livro de forma anônima e gratuita para
aquela pessoa que precisa receber esse toque discreto sobre babaquices. Em comemoração
ao mês da mulher, o e-book está disponível para download na Amazon durante
março.
Aviso: a partir daqui você pode passar raiva…
Confira frases machistas que entraram na nova edição do Guia:
- “Homens
trabalham mais que mulheres e por isso têm menos tempo para procurar
serviços de saúde".
- "Para
os políticos homens no Brasil, é um perigo. Porque descobri que aqui no
México, metade das senadoras é mulher".
- "Talvez
nós, homens, percebamos que o mundo está mudando e, por conta dessa
intimidação, infelizmente, por vezes, nós recorremos à violência".
- "Não
digo que toda mulher goste de apanhar; só as normais. As neuróticas
reagem".
- "O
melhor movimento feminino é o dos quadris".
- "Nenhuma
situação é tão complicada que uma mulher não possa piorar".
- "Os
homens distinguem-se pelo que fazem; as mulheres, pelo que levam os homens
a fazer".
- "Mulher
de 50 anos, quem gosta é o Pitanguy".
- A
jornalista e apresentadora Astrid Fontenelle, que assina o prefácio desta
edição, escancara: “Já pensou se houvesse um contador de homens babacas? O
babacômetro estaria explodindo”. Você concorda ou concorda?
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