Uma das
experiências mais interessantes de fazermos em um aeroporto é, assim que
colocar os pés nele, deixar o celular no modo avião, desconectar-se desta tela
e se conectar com outros pixels: humanos, imperfeitos, mas
carregados de sentido (e de destino). Eu fiz isso e, de tudo o que eu vi,
listei cinco itens. Vamos nessa, pois o embarque é imediato.
O orelhão das emoções: a ficha cai!
Se toda
grande viagem começa pelo despacho das malas, parece-me que o "meat or
chicken" ainda não chegou plenamente alí. Explico! Na fila para despachar,
os sentimentos não se resumem a apenas dois. Trata-se de uma simbiose de
pixels: ansiosos, apreensivos, felizes e até distantes. Talvez, inclusive,
olhares mais distantes que o próprio destino. O caminho com fitas é,
potencialmente, a sala de embarque das emoções. A ficha cai!
Um até logo… e um nunca mais!
Acredito
que ela própria, a sala de embarque, tem início em um portão intangível e
paradoxalmente bem real, chamado despedida. São lágrimas e abraços demorados,
que não mais acontecerão da mesma forma. Afinal e, invocando Heráclito de
Éfeso, se não é possível entrar no mesmo rio duas vezes, imagina quando
cruzamos oceanos?! Jamais seremos os mesmos. Mesmo!
Os extremos do portão de embarque: vai do 08 ao 80!
Mas... e quando
o passageiro encontra um dispositivo para recarregar o celular, perto de uma
cadeira vazia, e corre todo pimpão até lá?! Ao chegar perto de seu objeto de
desejo, é “só” empilhar a sacola do free shop, a blusa pro avião, o chapéu
Panamá das fotos Insta e do Tinder, o livro, óculos de leitura e… pronto! Só
isso!
No
entanto, essa alegria dura até o anticlímax fazer o abençoado correr 500
metros, com tudo aquilo, além das barreiras humanas, do portão 08 até o 80.
Detalhe: embarque imediato, obviamente.
Chega de saudade!
Quero
também falar sobre a área do desembarque. É ali que podemos apreciar um
festival de caras, faixas de boas-vindas, bocas e unhas. Roídas! Na boca da
cara. Escorrida! Lágrimas! Mentes que ansiosamente aguardam o passageiro, muitas
vezes vindo de outros oceanos para, enfim, ao mover da porta corrediça e da
roda do carrinho, desaguar no ombro do viajante o mar salgado oriundo dos
olhos.
Viajar não é bobagem. Viajar é bagagem!
A última e mais valiosa das percepções,
sabida por muitos inclusive, é preciso ser reafirmada. Há quem diga que viajar
é uma bobagem ou gasto desnecessário. Eu não acho. Eu acredito que viajar, e
ter a oportunidade de colocar o celular no modo avião para me conectar com
tantos pixels, é, sobretudo, adquirir uma bagagem que "Aeroporto - Área
Restrita" nenhum é capaz de mensurar o valor.
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