A mais comum é a dermatite atópica, que acomete
cerca de 20% das crianças e pode estar associada à rinite, bronquite, asma e
até a alergias alimentares
As
altas temperaturas do verão garantem dias de diversão entre a criançada, mas
também pedem que os pais redobrem os cuidados com a saúde dos pequenos. Os dias
mais quentes podem fazer com que as crianças sofram com irritações de pele, que
ocorrem por diferentes motivos.
Dra.
Brianna Nicolletti, alergista e imunologista pela USP e médica do Hospital
Albert Einstein, explica que a criança pode ter alergia de pele devido ao
contato com a areia da praia e/ou dos parques - que pode abrigar
micro-organismos nocivos -, em decorrência do contato prolongado com a umidade
do mar e/ou piscina, devido ao suor excessivo e até mesmo em decorrência do uso
de protetor solar e repelente.
A
seguir, conheça os tipos de irritações de pele mais comuns entre as crianças no
verão!
1. Dermatite atópica
De
acordo com a alergista, a dermatite atópica é um dos tipos mais comuns de
alergia de pele, a qual acomete em torno de 20% do público infantil. “É uma
doença crônica, multifatorial, pode estar relacionada a quadros de rinite,
bronquite/asma e até alergias alimentares e é caracterizada pela inflamação do
tecido. Frequentemente aparece na infância, mas pode estar presente também no
adulto”, detalha a especialista.
A
dermatite atópica faz com a pele fique seca e áspera, tornando-se mais
suscetível a erupções que coçam e inflamam. Elas são mais comuns nas dobras dos
braços e na parte posterior dos joelhos.
Para
amenizá-la, Luciana Andrade, idealizadora da Passalinho, ensina dicas preciosas
para conseguir aliviar os sintomas. Mãe do Filipe, o pequeno foi diagnosticado
com a doença aos cinco meses de idade.
Para
evitar as crises, as dicas práticas são: dar banhos mais frescos com pouco
shampoo e sabonete. Além disso, optar por produtos sem cheiro, o hidratante
deve ser aplicado de duas a três vezes por dia.
Já
para as roupinhas, Luciana só utiliza e recomenda peças 100% algodão, inclusive
para o lençol e toalhas. Na hora de lavar as peças, a idealizadora da
Passalinho orienta usar pouco sabão e deixar o amaciante de lado.
“Caso
note o início de uma crise, o controle deve ser realizado com o uso de pomadas
indicadas pelo pediatra/alergista para evitar que as lesões piorem”, recomenda
Luciana.
2. Dermatite de contato
Já
a dermatite de contato é um tipo de inflamação que ocorre na pele quando ela
entra em contato com um tipo de agente específico, causando uma reação cutânea.
“Geralmente, ela fica restrita a uma região, como a das fraldas ou de maior
transpiração, como virilha e axilas”, detalha Dra. Brianna. Para
diagnosticá-la, se avalia o histórico do paciente e pode ser realizar o teste
de contato se necessário.
3. Dermatite seborréica
Crônica
e genética, a dermatite seborreica é uma inflamação da pele que ocasiona
descamação e vermelhidão em áreas oleosas do corpo, como face, sobrancelha,
couro cabeludo e orelhas. É uma doença comum entre os bebês e tende a piorar no
verão. Para amenizá-la, recomenda-se shampoo e cremes que ajudam a reduzir a
coceira e oleosidade.
4. Parasitoses
“O
contato com parasitas presentes na areia e/ou em gramados, provenientes das
fezes de animais, também pode provocar doenças, principalmente nas regiões mais
expostas, como pés e nádegas”, explica a alergista. É o caso, por exemplo, do
bicho geográfico, que entra na pele e a percorre, deixando um rastro. Para
tratar esse tipo de doença, é recomendado pomadas específicas que têm como base
tiabendazol.
5. Infecções fúngicas
O
contato excessivo com a umidade, causada pelo suor ou pelo uso de roupas
molhadas por muito tempo, cria um ambiente propício para proliferação de fungos
que levam a infecções, como frieiras nos dedos dos pés, pitiríase versicolor,
impingem e candidíase genital. “Os principais sintomas são coceira, dor local,
secreção esbranquiçada e ardência”, enumera Dra. Brianna.
Para
tratar infecções fúngicas, o paciente deve usar cremes e pomadas antifúngicas e
ter o cuidado de manter a região seca.
6. Brotoeja
Nome
popular da miliária, a brotoeja é uma dermatite inflamatória causada pela
obstrução das glândulas sudoríparas, o que impede a eliminação do suor pelo
corpo. Assim, ela é mais comum de acontecer quando o bebê está em um ambiente
quente e úmido, com excesso de roupa ou passe por uma situação de febre.
“Em
geral, as lesões da brotoeja surgem no tronco, pescoço, axilas e dobras da
pele, sob a forma de grosseiro, com pequenas bolhinhas de água (vesículas). A
aparência varia de acordo com a profundidade na qual ocorreu o bloqueio no
ducto excretor”, detalha a imunologista.
Dicas para cuidar da pele do bebê no verão
De
acordo com Dra. Brianna Nicolletti, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
recomenda que bebês de até seis meses não tenham contato direto com o sol.
Assim, eles devem ser mantidos na sombra. “Caso seja necessário sair ao ar
livre, vale recorrer a protetores mecânicos, como sombrinhas, guarda-sol, boné
e roupas”, enumera a especialista.
Já
para os pequenos de seis meses a dois anos, deve-se usar produtos apropriados
para a pele infantil e com alto fator de proteção. “Por exemplo, filtros
inorgânicos (físicos), pela menor capacidade de provocar alergias, alta
resistência à água e proteção imediata”, detalha Brianna.
Depois
dos dois anos, os pais devem recorrer aos filtros químicos infantis, protetores
solares. Na hora de escolhê-lo, o ideal é optar por aquele com o maior nível de
proteção UV.
Já
em relação a escolha da roupa do bebê para evitar possíveis alergias de pele,
como lembra Luciana, o ideal é utilizar peças 100% algodão, evitando cobertores
e bichinhos de pelúcia desnecessários.
“Roupinhas
fabricadas com tecidos de fibras naturais - como algodão, algodão pima, linho,
lã e seda - são as mais indicadas para o enxoval do recém-nascido pois permitem
que a pele respire com mais facilidade. Tecidos sintéticos - como poliéster,
lycra e poliamida - não absorvem a umidade natural do corpo e fazem com que a
pele retenha mais calor, o que pode provocar alergias, irritações e oscilações
de temperatura no bebê”, finaliza a alergista Dra. Brianna.
Dra. Brianna Nicoletti - Médica graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2003). Residência médica em Medicina Interna pela Universidade Estadual de Campinas (2006). Residência médica em Alergia e Imunologia Clínica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2009). Associada à Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia. Médica Especialista em Alergia e Imunologia do Corpo Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein (desde 2013)
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