capacidade de transporte decrescem e o consumo muda de bens para serviços, novos desafios e oportunidades surgem à frente. À medida que as pressões de custo aumentavam, as organizações precisavam ser criativas para ampliar o foco na otimização de gastos, enquanto garantem a resiliência e a continuidade dos negócios. Ao virarmos a página de 2022, gostaria de fazer cinco previsões para o mercado de supply chain e o que esperar em 2023.
1 - Um começo difícil com sinais positivos no caminho:
à medida que as empresas sofrem pressões inflacionárias em todas as partes do
mundo e a desaceleração da demanda dos clientes, é esperado que o primeiro
semestre seja difícil. As organizações serão pressionadas a reduzir custos e
fazer mais com menos. No caso do Brasil, estamos vivendo essa mesma pressão com
uma certa insegurança em alguns setores e euforia em outros. Esse cenário
controverso, na minha opinião vai caracterizar um primeiro semestre de
consolidação das mudanças implementadas em 2022 e com um segundo olhar paralelo
na evolução do cenário interno de inflação e crescimento da economia.
Olhando para o ambiente externo, pegando exemplos de outros países, enquanto os
Estados Unidos e a União Europeia estiverem sofrendo essa pressão inflacionária
e desaceleração, a China terá uma folga. A economia da China em 2022 cresceu a
um nível historicamente baixo de 3%, devido à política de zero COVID e à
desaceleração dos volumes de exportação. No entanto, com o relaxamento da
política zero COVID, o crescimento do PIB está previsto em 5%. Espera-se que os
aumentos agressivos das taxas de juros praticadas pelo Federal Reserve diminuam
ao longo do ano, melhorando a previsibilidade e ajudando a lidar com as
crescentes preocupações com os custos. Além disso, o meu lado otimista quer
acreditar que a agressão da Rússia à Ucrânia não será prolongada, dado o preço
que está sendo cobrado dos cidadãos de ambas as nações.
Todos esses
fatores juntos (internos e externos), colocam o segundo semestre de 2023 sob
uma luz mais positiva.
2 - Os gastos com a cadeia de suprimentos
diminuirão, enquanto a construção de resiliência continuará em foco: os custos
de supply chain amplamente classificados em despesas operacionais, capital de
giro, investimentos de capital e gastos com MRO (manutenção, reparo e
operações) estarão sob análise. No entanto, as organizações visarão
estrategicamente reduzir o risco de suas cadeias de suprimentos, adicionando a
possibilidade de opções e reduzindo pontos únicos de falha.
Com as
interrupções sofridas nos últimos anos, os diretores financeiros agora estão
mais cientes do papel da cadeia de suprimentos para garantir a continuidade dos
negócios. Eles terão uma mente mais aberta e ponderada sobre os investimentos
em resiliência, mesmo com restrições de orçamentos, desde que exista um caso de
negócios válido detalhando como essa resiliência reduzirá o risco geral.
3 - As soluções tecnológicas comprovadas
ganharão terreno à medida que o hype for filtrado: a tecnologia da
cadeia de suprimentos que oferece hype, mas não é apoiada por recursos
sólidos e comprovados, será filtrada. Enquanto isso, a tecnologia que resolve
os problemas práticos e mais urgentes enfrentados pelas empresas fortalecerá
seu domínio, especialmente enquanto as empresas procuram investir mais em
soluções que ajudem a otimizar os gastos com negócios enquanto criam
resiliência. As soluções baseadas na entrega de eficiências e economia de
custos ganharão terreno. À medida que os orçamentos são pressionados, as
organizações serão muito mais cuidadosas para direcionar cirurgicamente os
investimentos que oferecem benefícios mensuráveis.
4 - A colaboração humano x inteligência
artificial ganha impulso: conforme as organizações procuram fazer mais com
menos e tornar sua força de trabalho mais produtiva, elas continuarão a
priorizar a inteligência artificial que auxilia os humanos cognitiva e
fisicamente. Acelerar o investimento em robôs inteligentes em armazéns que
levam mercadorias para as pessoas, reduzirá o trabalho repetitivo. Os sistemas
de suporte à decisão auxiliarão os humanos com insights no momento da decisão.
Quanto ao
tema da colaboração humano x inteligência artificial, seria negligência não
abordar o tema da Inteligência Artificial Generativa (IA). Essa aplicação muito
específica da IA, em que um conteúdo totalmente novo é gerado baseado em solicitações
humanas, entrou na arena do consumidor convencional. Isso é mostrado pela
recente empolgação em torno das tecnologias OpenAI, como ChatGPT e Dall-E.
Espero, no entanto, que o uso seja limitado ao setor de negócios ao longo deste
ano, exceto por alguns nichos, como criação de conteúdo em marketing, em que
essas tecnologias podem ajudar os humanos. De qualquer forma, espera-se que os
líderes acompanhem a evolução dessas tecnologias até o final de 2023.
5 - As prioridades ESG continuam no topo da agenda
executiva e do conselho. O ESG continua crítico quanto ao ativismo de
acionistas e funcionários, regulamentação mais rigorosa e preferências do
consumidor. No entanto, em um mundo inflacionário, não se pode presumir que os
consumidores pagarão mais por ofertas sustentáveis. Ao invés disso, as
organizações priorizarão melhorias de sustentabilidade que também gerarão
economia de custos. Felizmente, na cadeia de suprimentos, existem algumas
oportunidades que podem atender a ambos os objetivos: como otimizar rotas de
transporte, simplificar estoques e mudar para tipos de transportes mais
sustentáveis.
Ainda que
essas previsões não sejam exaustivas, espero que forneçam algum contexto sobre
o que esperar em 2023. Com o crescente desejo de obter visibilidade do mercado
de supply chain de ponta a ponta, de modo geral vejo a colaboração
multifuncional na cadeia de suprimentos, compras e finanças ganhando força e
investimentos digitais direcionados à realização dessa colaboração. A cadeia de
suprimentos é, e será cada vez mais, um esporte de equipe.
Ivan Jancikic - Regional Vice
President, Engagement Management & CSP LATAM da Coupa Software
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