De acordo com levantamento da Conexa, maior player de saúde digital da América Latina, os atendimentos psiquiátricos via telemedicina tiveram um aumento de 123% no segundo semestre de 2022, passando de cerca de 2700 consultas de janeiro a junho para mais de 6 mil de julho a dezembro. As consultas psicológicas também cresceram, passando de quase 731 mil atendimentos para 959 mil, perfazendo um aumento de 30% no mesmo período. Os dados da healthtech evidenciam que, após quase três anos de pandemia, houve uma efetiva diminuição no estigma da sociedade a respeito dos cuidados com a saúde emocional, corroborando com a importância da campanha de conscientização da saúde mental, realizada em janeiro.
Para
Luciene Bandeira, psicóloga e diretora de saúde mental da Conexa, o que explica
o aumento é que a modalidade de atendimento online promoveu mais acesso aos
serviços de cuidados pessoais de forma facilitada e discreta. “A possibilidade
de realizar as consultas sem precisar se deslocar para um consultório físico,
sem precisar pedir licença no horário de trabalho e as facilidades que a
tecnologia oferece encorajaram as pessoas a iniciar ou dar continuidade aos
acompanhamentos psicológicos e psiquiátricos. Cuidar da saúde mental deixa de
ser algo estigmatizado para ser um hábito de autocuidado e busca de bem-estar,
que é tão importante e natural como o cuidado com a saúde física”.
A
especialista ainda explica que, por serem muitos anos de desinformação sobre o
tema, a população ainda tem dificuldade de entender qual profissional deve
procurar primeiro e quais são os caminhos para o cuidado da saúde da mente.
Segundo ela, algumas pessoas ainda associam o médico psiquiatra a casos mais
severos e outras consideram que só o psicólogo é suficiente para cuidar de um
caso mais grave, quando na verdade os melhores resultados vêm do cuidado
integral que, inclusive, pode incluir profissionais de outras áreas, como de
endocrinologia e nutrição para descartar associações com condições físicas de
saúde. “O primeiro passo é reconhecer que precisa de ajuda e buscar, inicialmente,
um profissional de psicologia, pois grande parte dos tratamentos envolve um
componente comportamental e de reeducação em relação a formas de interpretar os
acontecimentos e hábitos da vida. Se houver a necessidade de acompanhamento
psiquiátrico com tratamento medicamentoso, o que só é recomendado para casos
específicos, o profissional de psicologia orientará o paciente a buscar ou pode
até mesmo encaminhá-lo a um psiquiatra”.
Luciene
reforça que o cuidado com a saúde mental não é como fazer um checkup anual, e
sim um acompanhamento periódico. “A interação entre psicólogo e psiquiatra
favorece maior taxa de acerto no ajuste das doses de medicamento e até mesmo na
alta do tratamento com remédios. De forma complementar, um potencializa os
efeitos do outro, o que aumenta a efetividade e agilidade do tratamento. Em
geral, os medicamentos (prescritos pelo psiquiatra) controlam os sintomas, mas
para ter resultados mais efetivos a reeducação comportamental é fundamental
(com o psicólogo)”.
Conexa
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