sábado, 28 de janeiro de 2023

Metas de começo de ano: ambientes podem ajudar ou até atrapalhar de tirá-las do papel

Crédito da imagem: Canva
Arquitetas especialistas em “neuroarquitetura” dão dicas de como ter uma casa mais convidativa ao diálogo, alimentação saudável e prática de atividades físicas

 

Comer melhor, praticar exercícios, conversar mais com seus parentes e amigos; o começo do ano chega com o desejo de mudança. Com a retomada das atividades, é comum que as pessoas desejem tirar do papel todas aqueles desejos trazidos do ano anterior, e postergadas de tempo em tempo. Mas, você sabia que os ambientes físicos podem interferir nos hábitos que as pessoas exercem no dia a dia? 

Conforme as arquitetas Gabi Sartori e Priscilla Bencke, fundadoras da NEUROARQ® Academy, os ambientes físicos são uma ferramenta que influencia na execução de diversos hábitos diários, sejam eles benéficos ou não. Isso pode acontecer desde uma pequena escala; como uma casa que pode interferir no comportamento de seus habitantes, de acordo com a disposição dos móveis e cômodos, bem como o uso de aromas, sons, diferentes tipos de iluminação, entre outras variáveis, até em escala macro; com as cidades influenciando na forma como as pessoas vivem nela. 

As profissionais são especialistas em “neuroarquitetura” -- disciplina que utiliza diversas áreas relacionadas ao comportamento humano para criar ambientes agradáveis e que cumpram objetivos específicos, como promover concentração, relaxamento, bem-estar, pertencimento, foco, entre outros --, nascida da junção da neurociência, campo científico que estuda o sistema nervoso, com a arquitetura. 

“A pessoa que vive em um lar que possui o mobiliário da sala de estar todo direcionado para a televisão, por exemplo, muito provavelmente vai ficar sentado vendo TV e se comunicando menos com os demais indivíduos que ocupam aquele ambiente. Quando a gente entende que a organização dos espaços e os elementos que o compõem favorecem determinadas atividades, podemos nos propor a mudá-las”, explica Priscilla. 

Segundo Gabi, nestes casos, pessoas que desejam ter mais interação familiar podem pensar em um mobiliário que seja redirecionado a outros campos de visão além da TV, ou poltronas que estejam posicionadas lado a lado ou frente a frente, incentivando o diálogo. 

Confira mais dicas das especialistas de como tornar sua casa o lugar ideal para tirar do papel as resoluções que há muito tempo têm sido postergadas!

 

Veja os ambientes como ferramentas comportamentais 

Conforme as especialistas, quando aplicada à arquitetura, a neurociência pode nos ajudar a melhorar alguns hábitos que possam incomodar, mas que com a correria diária são sequer percebidos. “No momento em que eu me dou conta de que os espaços que eu ocupo estão interferindo nos meus hábitos, é possível pensar estratégias de torná-los uma ferramenta para a criação de comportamentos mais saudáveis”, orienta Priscilla. 

Segundo Gabi, a estratégia é válida para todos os cômodos de uma casa; passando dos espaços de convivência; incentivando o diálogo, aos quartos promovendo um sono reparador, ou escritórios e home office; trazendo mais concentração ao trabalho.

 

Composição da cozinha vs. alimentação 

Você sabia que a ambientação da cozinha também pode influenciar na forma como as pessoas se alimentam? De acordo com as especialistas, a disposição do cômodo pode interferir diretamente na alimentação, já que cozinhas muito fechadas, afastadas de outros cômodos ou que a pessoa fique muito tempo sozinha, podem induzir que a pessoa cozinhe rapidamente, optando por alimentos menos saudáveis. 

Por outro lado, aquelas mais abertas e integradas podem incentivar uma alimentação mais saudável e feita com calma. A disposição dos alimentos também é algo crucial. Quando o objetivo dos pais é fazer com que os filhos comam mais frutas, é importante que elas estejam sempre à mostra, seja em cima de mesas ou em móveis dedicados, porém sempre expostos.

 

“Esse ano eu vou malhar!” 

Essa é uma das principais metas de início de ano, e poucas pessoas sabem que a disposição dos cômodos também pode motivar ou desmotivar na realização das atividades físicas. 

Conforme as especialistas, quando o objetivo das pessoas é caminhar mais, assim que chegam do trabalho, é importante que ao chegar em casa elas tenham um espaço logo na entrada para trocar de roupa, colocar um calçado confortável e sair para caminhar. 

“O mesmo ocorre quando vamos meditar, temos que ter um lugar dedicado”, orienta Priscilla. “Se, toda vez que a pessoa for fazer sua meditação, a pessoa tiver que pensar em um ambiente confortável, com menos ruído e iluminação adequada, ela perderá a vontade.” 

Nestes casos, o ideal é sempre ter um ambiente: um canto da casa que seja dedicado para sua meditação, nem que seja um cantinho silencioso, com uma iluminação natural e uma aromatização que incentive esse relaxamento.

 

Benefícios para além das casas 

Segundo as especialistas, essas ideias simples de serem postas em prática no dia a dia podem ser utilizadas, inclusive em ambientes comerciais ou grandes empreendimentos. 

As arquitetas explicam que condomínios que desejam utilizar na própria divulgação de marketing o fato de incluir dentro de suas dependências áreas de esporte, ciclovias, parques e áreas preservadas com vegetação, podem destacar os benefícios de o quanto os moradores estarão motivados a desenvolver hábitos mais saudáveis morando naquele lugar. 

“Pessoas que vivem em bairros próximos a ciclovias ou parques, provavelmente terão mais vontade de caminhar ou andar de bicicleta do que uma pessoa que vive em uma área sem contato com a natureza”, finaliza Priscilla. 

 

Gabriela Sartori - arquiteta e urbanista, certificada em Neuroscience and Architecture, Design and Urbanism (Newschool, EUA), membro da ACE (ANFA Center Education) - Latin America 2020/21, Instrutora em NeuroDesign no DigitalFUTURES WORLD 2020 - ARCHITECTS UNITE 10th Summer (Tongji University - Xangai/China). É graduada em Comunicação Social e pós-graduada em Arquitetura Comercial pelo Senac, palestrante e consultora de Neurociência e Arquitetura com diversas publicações sobre o tema na mídia. Além disso, Gabriela possui experiência profissional em projetos cenográficos e arquitetônicos, a frente do escritório Sartori Design em São Paulo/SP.


Priscilla Bencke - arquiteta e urbanista, certificada em Neuroscience and Architecture, Design and Urbanism (Newschool, EUA), membro da ACE (ANFA Center Education) - Latin America 2020/21, Instrutora em NeuroDesign no DigitalFUTURES WORLD 2020 - ARCHITECTS UNITE 10th Summer (Tongji University - Xangai/China). É Especialista em Projetos para Ambientes de Trabalho (Gepr. ArbeitsplatzExpertin/ Gepr. BüroEinrichterin), É Especialista em Projetos para Ambientes de Trabalho (Gepr. ArbeitsplatzExpertin/ Gepr. BüroEinrichterin), Consultora internacional de Qualidade em Escritórios (Quality Office Consultant), Pós-graduada em Arquitetura de Interiores e pós-graduada em Neurociências e Comportamento. Além disso, Priscilla é Fundadora da QUALIDADE CORPORATIVA Smart Workplaces®️. Palestrante e Consultora de Neurociência e Arquitetura com diversas publicações.

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