segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

Embora incurável, transtorno de ansiedade pode ser driblada a partir de remédios e até pelo comportamento

Os transtornos de ansiedade são bem conhecidos pelos brasileiros. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), só no país são mais de 18 milhões de ansiosos, algo próximo de 8,5% da população. Este número cresceu durante o isolamento provocado pela pandemia de coronavírus, mas antes disso as filas de pacientes que recorrem aos médicos e psicólogos em busca de tratamento já eram grande.

Considerando os aspectos neurobiológicos, a ansiedade é explicada por uma disfunção das amígdalas cerebrais, responsáveis por fazer a regulação da corticotrofina (ACTH) e da noradrenalina, dois agentes que são ativados justamente em situações adversas que envolvem medo, tensão, sustos e preocupação.

“A função cerebral nessas circunstâncias negativas é de enviar estímulos que ajudem a descarregar toda essa tensão, a fim de se livrar do suposto perigo. Mas a falha de leitura das amígdalas acaba proporcionando crises de ansiedade sem motivação aparente”, explica a médica endocrinologista Sarina Occhipinti. “No fim das contas, o que os pacientes procuram quando recorrem a tratamentos médicos ou psicológicos é por métodos que diminuam essa disfunção”, complementa.

Entretanto, segundo a médica, a cura definitiva para o problema ainda é um sonho que a ciência não conseguiu alcançar. Os ansiolíticos e antidepressivos têm trazido resultados no combate à ansiedade, mas, esclarece Sarina Occhipinti, eles não resolvem o problema em si. “Os medicamentos existentes que oferecem algum resultado ao transtorno de ansiedade conseguem diminuir as crises, mas não impedi-las. Hoje não podemos afirmar que existe cura para a ansiedade”, esclarece.

A principal orientação da médica é para que o paciente recorra à terapia neurocomportamental. “De forma gradativa, mudando pequenas práticas no dia a dia, é possível dar nova aprendizagem ao cérebro, de modo que ele consiga driblar as situações em que as amígdalas respondem de forma equivocada. As estratégias neurocomportamentais têm mostrados ótimos resultados e realmente mudam a vida dessas pessoas”, conclui Sarina Occhipinti.


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