terça-feira, 1 de novembro de 2022

Suplementação na gravidez deve servir como apoio à condição fisiológica da paciente

A médica obstetra Bruna Pitaluga destaca que não se trata da suplementação pela suplementação, mas sim de uma estratégia criteriosa, consciente das vias metabólicas que são apoiadas pelo recurso


“A gestação é o evento imunológico mais importante da vida de uma pessoa”, costuma dizer a médica obstetra, com mais de 20 anos de experiência profissional, Dra. Bruna Pitaluga. Assim, do ponto de vista nutricional, por exemplo, uma grávida deve ser tratada de forma diferenciada, posto que sua alimentação precisa servir, não apenas para nutrir a si mesma, mas também o feto. Muitas vezes, contudo, não há o suficiente para ambos apenas com a alimentação regular, sendo necessário a suplementação nutricional.

Segundo Dra. Bruna, mais do que o profissional responsável pelo parto, o médico obstetra deve ser aquele que cuida dos aspectos metabólicos que interferem nesse último estágio da gestação. “A partir do momento que a mulher desenvolve uma alteração metabólica, diminui a chance de que ela tenha o parto que deseja e aumenta o risco de ter uma interferência na programação de sua gestação”, explica. Assim, para que tudo saia da melhor maneira possível, é preciso atuar muito antes do parto, daí a importância do acompanhamento pré-natal ativo, que mapeie fatores de grande impacto e determine ações que consigam modificar esses fatores, se preciso.

A médica obstetra destaca que as deficiências nutricionais são importantes aspectos para o desfecho da gestação, por isso cuidar da suplementação é medida relevante no acompanhamento clínico pré-natal. Mas, segundo Dra. Bruna, essa estratégia deve ser usada de maneira criteriosa, sendo necessário cuidar do básico antes, como, por exemplo, o tipo de alimento que a grávida costuma ingerir. “A suplementação de nada adiantará se a pessoa, por exemplo, continuar comendo pizza, hambúrguer e tomando suco de caixinha. A melhor suplementação nunca compensará uma dieta equivocada”, afirma.

De acordo com Dra. Bruna, a prática da suplementação não é uma solução mágica de todos os problemas nutricionais da paciente, mas uma estratégia de apoio a sua condição fisiológica. “Deve ser tratada com simplicidade e não de maneira mirabolante e, para isso, conhecimento é fundamental”, diz. Conforme a médica obstetra, há um universo de informações que devem estar no radar do médico que faz o acompanhamento pré-natal para que ele possa receitar de forma certeira os suplementos necessários às pacientes.

Por exemplo, segundo Dra. Bruna, o médico obstetra deve levar em conta uma condição que foi ignorada durante muito tempo pela medicina, a de que a gestação, em seu aspecto metabólico, não deve ser observada apenas do ponto de vista materno.  “A medicina historicamente sempre se preocupou com o metabolismo feminino e esqueceu de relacioná-lo com os metabolismos da placenta e do feto”, explica.

Assim como a mãe, o feto possui glândulas adrenais, pâncreas, tireoide. Já a placenta atua temporariamente como esses órgãos, exercendo diversas funções metabólicas. Esses três elementos (mãe, feto e placenta) devem ser levados em consideração na prática obstetrícia durante o acompanhamento pré-natal e devem nortear a conduta do médico em relação suplementação nutricional da paciente. “Não se trata da suplementação pela suplementação, mas sim de uma estratégia criteriosa, consciente das vias metabólicas que são apoiadas pelo recurso”, destaca a médica obstetra.

Dessa maneira, a paciente que vai ao consultório médico em busca de uma grande quantidade suplementos ou da novidade da semana neste quesito certamente irá se decepcionar, segundo Dra. Bruna. Isto porque, conforme destacado, a prescrição é bastante criteriosa e via de regra totalmente individualizada, levando em conta, por exemplo, as deficiências nutricionais da paciente, nutrientes importantes para a gestante, e as condutas relevantes.

A paciente precisa ter ciência ainda de que nenhum suplemento funciona sozinho, devendo atuar em conjunto com outros. Portanto de nada adiantará para a gestante ingerir uma grande quantidade de um suplemento e ser negligente com outros que também são necessários.

Por fim, Dra. Bruna reitera que os cuidados médicos no acompanhamento clínico pré-natal devem começar por simples mudanças na rotina do indivíduo, como alimentação saudável, prática regular de atividade física e boa higiene de sono, cuidando principalmente do ciclo circadiano. Como dito, a suplementação deve funcionar como suporte à condição fisiológica da paciente, sendo usada com critério, levando sempre em conta as necessidades da gestante.

 

Dra. Bruna Pitaluga - Formação em Medicina pela Universidade de Brasília – UnB. Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade de Brasília – UnB. Pós-graduação em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia – ABRAN. Especialização em Medicina Funcional pelo Instituto de Medicina Funcional - IFM, EUA.  Curso em Nutrigenômica pela Universidade da Carolina do Norte - UNC, EUA

 

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