Pesquisa do CEUB revela a eficácia do diagnóstico biotecnológico a partir de culturas de células de insetos com o vírus recombinante
A partir de materiais biotecnológicos, estudantes
de Ciências Biológicas do Centro Universitário de Brasília (CEUB) desenvolveram
testes moleculares que detectam o vírus da Chikungunya, doença viral
transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes Albopictus. O experimento,
que utilizou como ferramenta biotecnológica a combinação com o Baculovírus,
revela uma opção de simples manipulação e baixo custo financeiro para a
confecção de kits de exames e testes, visando melhorar as formas de prevenção,
diagnóstico e o tratamento das doenças virais no Brasil.
O diagnóstico laboratorial da doença é feito
principalmente por testes sorológicos. Embora muitos kits comerciais estejam
disponíveis, seus custos ainda são altos para mutos países subdesenvolvidos e
em desenvolvimento onde o vírus circula. A partir da pesquisa realizada pelo
Programa de Iniciação Científica do CEUB, em colaboração com o Laboratório de
Virologia da Universidade de Brasília (UnB), representado pelos profesores
Bergmann Ribeiro e Leonardo de Assis,os estudantes usaram culturas de
células de insetos com o vírus recombinante (Baculovírus) contendo a proteína
necessária para o diagnóstico.
Para desenvolver a pesquisa, duas estratégias de
síntese dos genes foram empregadas. Com a construção dos genes sintéticos,
foram submetidos a um processo de clonagem, por meio da utilização da bactéria
Escherichia coli como vetor. O vetor foi introduzido em um Baculovírus
recombinante para infectar as células de inseto. A avaliação baseada na
proteína recombinante apresentou 86,36% de sensibilidade e 100% de
especificidade no diagnóstico alternativo, representando um sistema mais barato
e eficiente.
De acordo com a orientadora acadêmica do projeto,
Prof.ª Dra. Anabele Azevedo Lima, as linhas de pesquisa visam identificar
regiões com capacidade de reagir de forma mais específica, evitando reações
cruzada com outros vírus que apresentem semelhança genética com o vírus
Chikungunya. “A partir deste estudo, podemos propor o desenvolvimento de kits
de diagnósticos específicos para este vírus com uma estratégia molecular
diferente da que existe no mercado, com biotecnologia desenvolvida no país”,
explica a docente.
Um dos autores da pesquisa, o estudante de Ciências
Biológicas Vinícius Diniz destaca que sua motivação foi o problema de saúde
pública que o Brasil enfrenta, devido à grande incidência dos casos de Dengue,
Febre Amarela, Chikungunya, dentre outras doenças, que tem como vetor o
mosquito Aedes. “Atualmente não existem medidas efetivas de combate ao vírus. O
que existe hoje, de forma predominante, é apenas o combate ao mosquito”,
explica.
Para o estudante, um dos grandes benefícios foi a
acurácia que a metodologia apresentou. O experimento detectou alta precisão do
vírus do Chikungunya em soros de pacientes infectados com vírus Zika, Dengue e
Febre Amarela. “Isso é de suma importância, pois todos esses vírus apresentam
uma similaridade genética entre si, demonstrando a alta especificidade que a
metodologia aplicada apresenta”, destaca o pesquisador.
Chikungunya no Brasil
O vírus Chikungunya (CHIKV) é um arbovírus distribuído mundialmente, causando
uma doença que compartilha sinais e sintomas clínicos com outras doenças, como
dengue e Zika e levando a um diagnóstico diferencial clínico desafiador. No
Brasil, o vírus surgiu em 2014 com a introdução simultânea de genótipos
asiáticos e da África Oriental/Central/Sul.
De acordo com o Boletim Epidemiológico do
Ministério da Saúde, publicado em 2022, os casos de Chikungunya tiveram aumento
de mais de 50% no Brasil. Este ano, 57.785 casos foram notificados (taxa de
incidência de 27,1 casos por 100 mil hab.). Esses números correspondem a um
aumento de 56,6% dos casos em relação ao ano anterior. A Região Nordeste
apresentou a maior incidência (80,4 casos/100 mil hab.), seguida das Regiões
Centro-Oeste (18,1 casos/100 mil hab.) e Norte (10,6 casos/100 mil hab.).
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