Mastologistas dos hospitais Nove de Julho e Santa Paula, pertencentes à Dasa, esclarecem dúvidas relacionadas ao câncer de mama
Durante o ano de 2022, são esperados 66.280 casos de câncer de mama no Brasil, de acordo com projeções do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Só no Estado de São Paulo serão mais de 18 mil diagnósticos positivos, representando 27,5% de todas as ocorrências, mais do que o somatório do Nordeste e Centro-Oeste juntos. Para além do diagnóstico e tratamento precoces, indispensáveis para aumentar as chances de cura e evitar mortalidade, os especialistas também buscam, durante o Outubro Rosa, atuar para derrubar mitos e preconceitos relacionados ao tema.
Os
mastologistas dr. André Perina, do Hospital Santa Paula, e dra. Giovanna
Gabriele, do Hospital Nove de Julho, ambos pertencentes à Dasa, maior rede de
saúde integrada do Brasil, elencaram algumas crenças populares, que não estão
baseadas na ciência, e podem prejudicar o entendimento da população sobre o
câncer de mama, tipo de neoplasia maligna que mais leva mulheres a óbito no
mundo. Os especialistas também destacam alguns pontos de atenção para o cuidado
integral com a saúde das mamas e, consequentemente, para o bem-estar e
qualidade de vida do público feminino.
1
- Autoexame exclui a necessidade de exame de imagem
Falso - No século passado, as campanhas relacionadas ao diagnóstico precoce do câncer de mama focavam bastante no autoexame nas mamas. Os mastologistas pontuam que esse é um procedimento importante, principalmente para conhecimento do corpo, mas que a principal forma de rastreio dessa neoplasia, de acordo com recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia, é a mamografia, que deve ser feita anualmente a partir dos 40 anos.
“O
entendimento que a paciente tinha sobre o autoexame é que, se fizesse e não
encontrasse nada, não precisava passar pela mamografia. Mas o exame detecta
tumores com menos de 1 centímetro, o que não consegue se verificar na palpação.
O autoexame é importante para a mulher se conhecer, mas não como estratégia
principal de rastreamento, que é pela mamografia”, afirma o dr. André Perina,
que atua no Instituto de Oncologia Santa Paula (IOSP), que possui estrutura
completa para o tratamento oncológico personalizado.
2
- Só preciso procurar o mastologista em caso de suspeita de câncer
Falso – Independente da idade, é importante procurar um mastologista caso tenha qualquer queixa relacionada às mamas. Esse especialista é responsável pelo diagnóstico, acompanhamento e tratamento cirúrgico das doenças dessa região do corpo, além de atuar na prevenção do câncer de mama. Nesse último caso, a médica lembra que o acompanhamento da paciente é multiprofissional, envolvendo diversos especialistas, como oncologista, radiologista, oncogeneticista, e a equipe multiprofissional, com enfermeiro, fisioterapeuta, nutricionista e psicólogo. Todos irão atuar na construção do plano terapêutico para garantir a melhor jornada do paciente durante o tratamento.
Entre
as queixas que podem estar relacionadas ao câncer de mama e são indicativos
para procurar um mastologista: nódulo palpável, pele com aspecto de casca de
laranja ou com vermelhidão, mamilo retraído ou coçando, saída de líquido pelo bico
do peito e nódulo na região da axila. “Nós tratamos também doenças benignas,
não só câncer. Homens também devem passar por consulta quando necessário”,
frisa dra. Giovanna Gabriele, do Hospital Nove de Julho.
3
- Sutiã e desodorante podem levar a um câncer
Falso
- Usar com frequência desodorante ou sutiã
apertado ou com aro pode ser um fator de predisposição para o câncer de mama? A
resposta é não. “A origem do tumor não tem nenhuma correlação com o tipo de
roupa ou de desodorante que você usa”, ratifica dr. André Perina. A Câmara Técnica
de Cosméticos (Catec) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
chegou a fazer revisão de literatura científica sobre antitranspirante contendo
alumínio e emitiu
parecer técnico afirmando que não
encontrou nenhuma evidência da relação com o câncer de mama.
4
- Silicone é fator de risco para câncer de mama
Falso
- Não, o silicone não provoca câncer de mama.
Mas há a necessidade do acompanhamento dessa prótese, após dez anos da
colocação, com um mastologista. Algum exame mais específico, como a ressonância
magnética, pode ser indicado para acompanhamento anual da situação da prótese.
Para aquelas mulheres que colocaram recentemente, também há indicação de
avaliação pelo especialista.
5
- Pancada na mama pode provocar câncer
Falso - Esse é outro mito recorrente sobre o câncer de mama: que algum trauma no peito pode levar à neoplasia. Não há achados científicos que confirmem isso. A pancada pode causar um hematoma e ele virar um nódulo palpável (esteatonecrose), podendo ser confundido com um indicativo de câncer, mas que é benigno. Exame de imagem pode ser indicado para avaliação do caso.
A
dra. Giovanna Gabriele, do Hospital Nove de Julho, conta, ainda, que, após uma
pancada, a mulher pode acabar prestando mais atenção à mama e notar alguma
alteração, diagnosticando posteriormente um câncer. “Mas não que se desenvolveu
pelo trauma”, frisa a especialista
6
- Reposição hormonal
Depende - Há diversos fatores de risco para o câncer de mama e, entre eles, está a primeira menstruação (menarca) precoce e a menopausa tardia. Isso ocorre porque o corpo da mulher fica exposto aos hormônios por um grande período (a chamada janela estrogênica). A reposição hormonal pós-menopausa aumenta o risco para o câncer de mama e, portanto, sua indicação deve respeitar critérios técnicos, não ultrapassar o período de 5 anos e envolve a ponderação entre riscos e benefícios.
“A
reposição é importante, benéfica e deve ocorrer em mulheres com deficiência
hormonal e que tenham a real necessidade desse tratamento. Mas, em alguns
casos, a terapia se mantém por décadas, podendo aumentar os riscos para um
câncer de mama”, afirma dra. Giovanna. Isso ocorre porque a maior parte dos
cânceres de mama, cerca de 70%, são hormônio dependentes. “Se você está
estimulando o organismo com hormônios, você pode dar suprimento para um
possível tumor aparecer”, frisa.
7
- Atividade física é método preventivo
Verdadeiro – A maior parte dos cânceres de mama não possuem origem hereditária. Então, quando se fala em prevenção, é preciso levar em conta diversas práticas comportamentais de promoção à saúde, que são iguais para evitar diversos tipos de doenças. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, orienta entre 150 e 300 minutos de atividade física moderada semanalmente para diminuir a mortalidade por doenças cardiovasculares e atenuar a incidência de cânceres, diabetes, hipertensão, além de melhoria da saúde mental e do sono. Os próprios oncologistas orientam esse tempo de prática esportiva para as mulheres que fizeram tratamento do câncer de mama como prevenção para uma recidiva.
Essa recomendação também busca diminuir os índices de obesidade, que é um fator de risco para o câncer de mama. Isso ocorre porque a obesidade interfere na produção de hormônios e causa um processo de inflamação crônica no organismo, contribuindo para um crescimento desordenado das células. “Os exercícios ajudam a manter o peso e atuam como fator protetor em quem já teve um tumor”, ratifica dr. André Perina. Ele informa, ainda, que não há uma dieta específica para evitar o câncer ou ajudar no tratamento, mas é importante, para a saúde como um todo, evitar industrializados, embutidos, excesso de açúcar, sal e álcool e ter uma alimentação balanceada, com consumo regular de frutas, legumes, vegetais e grãos integrais.
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