O chá, descoberto há milhares de anos na China, é a segunda bebida mais consumida no mundo, perdendo apenas para a água. Atualmente, estima-se que cerca de 3 bilhões de xícaras dessa bebida milenar sejam consumidas por dia. Enquanto apreciador e Sommelier de chá, uma das minhas paixões é dividir as curiosidades sobre este universo. Uma delas é que, embora países como Reino Unido e Estados Unidos coloquem-se como atores importantes na história da popularização do chá no que tange sua produção, engana-se quem acredita que eles sejam também os maiores consumidores; essa não é uma regra.
São muitos os países que cultivam chá, mas China,
Índia, Quênia, Sri Lanka e Turquia ganham destaque pelas toneladas cultivadas. De
acordo com dados do IndexBox, em 2021 foram produzidos 6,8 bilhões de quilos de
chá no mundo, permitindo o registro de um crescimento global na ordem de 3,7%
ao ano por 15 anos consecutivos. Em faturamento, o mercado de folhas de chá
equivale a 27 bilhões de dólares que, somados aos extratos e bebidas prontas,
totalizam 311 bilhões de dólares. Deste total, os cinco países citados foram
responsáveis pela produção de mais de 80% do volume total de chá.
Te convido a conhecer algumas particularidades dos
principais produtores de chá no mundo:
1) China: Além de
ser o berço do chá, a China é o atual maior produtor do mundo. Foram 3,2
bilhões de quilos em 2021, correspondendo a 45,3% da produção total. Com
atividade duas vezes maior do que a do 2º colocado no ranking (a Índia),
o chá emprega mais de 115 milhões de pessoas no país, que produz alguns dos
melhores chás do mundo. Alguns exemplos são o raro, delicioso e imponente chá
amarelo de Huangshan, na província de Anhui; o chá branco Bai Mu Dan de Fujian,
um dos mais famosos e, em algumas regiões, um dos mais consumidos; e o chá
escuro Pu-erh de Yunnan, um dos mais nobres dos dark teas. Mais do que
maior produtor, a China é também o maior consumidor global em volume absoluto,
respondendo por 41% do mercado.
2) Índia: Segundo
maior produtor com 20,8% da produção mundial e 1,5 bilhões de quilos produzidos
em 2021, a Índia iniciou o cultivo de Camellia sinensis com os
britânicos há mais de 100 anos (1848) para competir com o monopólio da China.
Inicialmente, as plantações de chá estavam localizadas em Darjeeling e Assam, a
venda era focada na alta sociedade. Sua popularização ocorreu somente após a 1ª
Guerra Mundial quando, em 1947, após sua independência, a Índia se tornou um
dos maiores produtores e consumidores de chá. O chai - como o chá é
chamado na Índia - é considerado a bebida nacional do país. A partir da prática
de misturar o chá (chai) com especiarias aromáticas (masala),
iniciada na metade do século XIX, a Índia brindou o mundo com a criação do Masala
Chai, visto como símbolo de boas-vindas das famílias indianas, além de uma
pausa nos dias agitados. Mais tarde, passou-se a misturar o leite na bebida,
criando o Masala Chai Latte, uma bebida deliciosamente reconfortante.
3) Quênia: Produtor
de cerca de 589 milhões de quilos de chá por ano (o equivalente a 8,4% da
produção mundial), há 25 anos pesquisadores quenianos descobriram o Purple
Tea ou chá roxo e passaram a apostar nesta variedade para diferenciar sua
produção. Devido às condições climáticas especiais e o cultivo particular, a
planta Camellia sinensis produz a coloração roxa sem nenhum tipo de
químico adicionado (é a mesma substância que dá a cor roxa ou violeta à
alimentos como a amora, a berinjela e a framboesa).
4) Sri Lanka: Conhecido
como Ceilão (terra dos leões), a produção de chá no Sri Lanka corresponde a
3,9% da produção mundial, garantindo o 4º lugar como maior produtor do mundo.
Com o mesmo propósito da Índia, os britânicos iniciaram o cultivo da planta Camellia
sinensis na região em 1867. Desde então, o Sri Lanka produz um dos melhores
chás de origem do mundo, o famoso Ceylon Tea. Importante atividade
econômica do país, o mercado de chá gera empregos e renda para cerca de 1
milhão de pessoas. Em parceria exclusiva com a Hyson Teas, a Chá Dō trouxe para
o Brasil a qualidade premium do legítimo chá do Ceilão.
5) Turquia: A
localização privilegiada em meio às antigas rotas de chá, a escassez e o
encarecimento do café após a 1ª Guerra Mundial fez da Turquia o país que mais
consome chá per capita no mundo: são cerca de 4kg por ano por pessoa,
conforme estudo da FAO (Food and Agriculture Organization of the United
Nations). Só em 2021, 365 mil toneladas de chá foram consumidas. Apesar da
grande produção, que equivale a 3,7% do volume mundial, cerca de 95% é
consumido pela própria população turca - razão pela qual o país não figura na
lista dos 10 maiores exportadores mundiais. O país tem no chá preto a principal
família de chá produzida, cultivado principalmente na pitoresca Rize - uma
região rural onde foi plantado pela primeira vez em 1940.
Mas, e o Brasil?
O Brasil também produz chá de excelente qualidade.
Atualmente existem quatro produtores no país: a Amaya Chás, o Sítio Shimada, o
Sítio Yamamaru e a Yamamotoyama do Brasil. Por aqui, toda a plantação de Camellia
sinensis está localizada no interior de São Paulo, no Vale do Ribeira, com
exceção da Yamamotoyama (localizada em São Miguel Arcanjo).
Também de acordo com o IndexBox, em 2021 foram
produzidos 7,5 milhões de quilos de chá no Brasil, com faturamento no mercado
de folhas na ordem de 74 milhões de dólares. Somando extratos e bebidas prontas
à base de chá, esse total sobe para 16 bilhões de dólares, com tendência de
crescimento de 25% até 2024, fomentado por uma busca por hábitos e alimentos
saudáveis, sem abrir mão de consumir uma bebida saborosa e, no caso do chá,
cheia de história.
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