A inflação tem sido um tema recorrente nos noticiários no Brasil e no mundo desde 2021 com as mudanças da estrutura de consumo e produtiva com a covid-19, em escala global, intensificada pela Guerra da Ucrânia no início deste ano. Esses fatores causam impacto nos preços em geral, o que chamamos de inflação.
Mas, o que é inflação? A inflação é o aumento
generalizado dos preços de uma economia. Por exemplo: os produtos que mais
sofreram os reajustes nos últimos meses, e que chamou mais a atenção dos
consumidores brasileiros foram o aumento do preço da gasolina, da carne e, mais
recentemente, do leite. Compreender o que causa a inflação é fundamental para
que se tenha controle sobre os preços.
Dessa forma, há a inflação de demanda, que ocorre
quando aumenta o consumo sem o acompanhamento da oferta (escassez de oferta), e
a inflação de oferta, quando há escassez em matéria-prima das cadeias
produtivas ou, ainda, um aumento dos custos de produção. Por fim, há a inércia
inflacionária que ocorre quando os preços se ajustam no presente com base nos
preços do passado, algo recorrente no Brasil nos anos 1980 e início dos
1990.
A inflação atual é uma mistura de inflação de
demanda e de oferta, inicialmente causada pelo isolamento social, quando as
famílias tiveram que ficar mais tempo em casa, reduzindo drasticamente o
consumo, mas seguida por um rearranjo das cadeias produtivas em todo o mundo
que, para evitar o excesso de oferta e queda de preços, diminuíram a produção,
o que provocou a escassez de diversos produtos e materiais, como caixas de
papelão, vidros, materiais da construção civil, e chips eletrônicos.
A grande preocupação é com a estabilidade dos
preços para que não haja um descontrole que corroa o poder de compra das
famílias, e para evitar que o Brasil volte a viver o que aconteceu nas décadas
de inércia inflacionária, cujo controle dos preços se tornou ainda mais
complexo dada a ineficácia da política monetária.
Uma das formas de garantir a estabilidade
econômica, ou seja, de controlar a inflação é compreender as ferramentas da
política monetária e sinalizar, por meio de expectativas, aos consumidores,
empresas e investidores que tomarão decisões baseadas nessas expectativas e nos
indicadores de inflação divulgados mensalmente ou a cada semana nos boletins do
Banco Central, chamados de Boletim Focus.
O órgão responsável pelo controle da inflação no
Brasil é o Banco Central, que acompanha os indicadores de preços, bem como das
atividades econômicas, como PIB e desemprego, além do comportamento de
variáveis do exterior. Esse acompanhamento é feito em intervalos de 45 dias,
quando há reuniões do Comitê de Política Monetária – COPOM para avaliar a
inflação e definir a meta da taxa Selic, um instrumento importante da política
monetária.
Dessa forma, percebe-se que, com o aumento da taxa
Selic de 13,25% a.a. para 13,75 a.a., o Banco Central tenta segurar a
inflação. É de se esperar que haja um recuo dos preços nos próximos meses,
sinal de que a política monetária ainda é eficiente, mas não há esperanças de
que a inflação encerre 2022 no centro da meta, ISO é, próxima a 3,5% a.a.
(entre 2% e 5% a.a.), uma vez que boa parte da inflação atual é resultante da
escassez da oferta, sem contar que é preciso tempo para superar os efeitos da
pandemia, os lockdowns que ainda são determinados na China e aguardar a
retomada das entregas de grãos represadas pela guerra da Ucrânia. Até o
momento, a expectativa para a inflação em 2022 é de 7,11% a.a., e a previsão
é que apenas em 2023 caia para 5,36%, conforme o Boletim Focus divulgado
no último dia 8.
A inflação é um fenômeno global e fatores externos,
como a desvalorização do dólar ou aumentos em taxas de juros em países mais
desenvolvidos que o Brasil, também podem repercutir em aumento da inflação.
Considerando o impacto dos altos índices inflacionários sobre o endividamento
das famílias, torna-se importante o acompanhamento da inflação, pois piora a
qualidade de vida e o bem-estar das famílias, principalmente as de classe mais
baixa, contribuindo para o aumento da fome e da miséria no país.
Giovanna Miranda Mendes - doutora em economia e professora do curso de
Economia da Universidade Positivo (UP).
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