segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Eleições: campanhas investem pesado em internet, mas o tradicional corpo a corpo não deve ser esquecido

As campanhas majoritárias para as eleições deste ano deverão focar seu maior investimento em internet. Esta é a constatação da doutora em Ciência Política e professora da Uninter Karolina Mattos Roeder, que coordenou uma pesquisa com o objetivo de entender os principais meios de comunicação dos partidos políticos. Os resultados apontaram que, em 2018, os partidos priorizaram estratégias modernas, ou seja, a internet, o que deverá se repetir também este ano. Roeder afirma, entretanto, que o tradicional corpo a corpo entre candidatos e eleitores é uma ferramenta essencial no processo da campanha. 

O levantamento ocorreu por meio da coleta das prestações de contas anuais dos partidos políticos de 2018, e a categorização em gastos com comunicação foi classificada em: tradicionais (placas, comícios, materiais impressos e carros de som, viagens, entre outras), e modernas (internet, redes sociais, telemarketing e outras). 

A média de gastos dos 32 partidos políticos registrados naquele ano foi de 33% em estratégias modernas e, quase a metade, 17% em comunicação tradicional. Alguns partidos chamaram a atenção para a importância que dão à comunicação moderna, destinando mais da metade do total dos recursos do partido a esse fim: PMB (75%), PCO (62%), PPL (70%), NOVO (54%) e PL (58%). 

“Do total de 32 partidos, 29 utilizam mais estratégias modernas que tradicionais e 14 deles gastaram mais de um terço do total de recursos nessas estratégias, o que é bastante, considerando que há outros gastos importantes para a manutenção de uma organização partidária. Apenas três partidos priorizaram os meios tradicionais de comunicação: AVANTE, PROS e PATRIOTA. O PT, que recebeu o maior volume de recursos naquele ano, destinou 17% às formas tradicionais e 20% às modernas, mais equilibrado que os partidos que recebem menos recursos”, explica Karolina. 

Além da comunicação, os demais gastos dos partidos políticos foram categorizados como: gastos com pessoal, promoção da participação de mulheres, fundações partidárias, estrutura e organização (água, luz, telefone, aluguel). A receita dos partidos é formada a partir de recursos do Fundo Partidário, do Fundo Especial de Financiamento de Campanhas, doações e transferências partidárias. 

A especialista afirma que a tendência de investimento em mídia moderna provavelmente será mantida neste ano, porém, lembra que o corpo a corpo ainda é essencial. “Vamos ter mais gastos com esse tipo de estratégia moderna, já que a forma de se comunicar mudou. Porém, a maioria da população tem acesso à internet somente por meio de smartphones, com uma internet mediana, ou sem conexão. Essas pessoas não necessariamente verão esse tipo de conteúdo. As propagandas em televisão, rádio e folhetos impressos ainda são importantes para apresentar os candidatos aos seus possíveis eleitores”.


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