No Dia Nacional de Combate ao Fumo, 29/8, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) alerta para os perigos dos cigarros eletrônicos, usados por 1 em cada 5 jovens brasileiros, entre 18 e 24 anos, segundo relatório Covitel
Pelo Dia Nacional de Combate ao Fumo deste ano
(29/8/2022), a SBP destaca os males do cigarro eletrônico. O dispositivo, de
design moderno para fumo, causa até mais doenças que o cigarro convencional e é
a maior porta de entrada para o fumo, com aproximadamente 19,7% dos jovens,
entre 18 a 24 anos, no Brasil, usando tabaco desta forma, de acordo com o
relatório Covitel (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças
Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia). “O cigarro eletrônico causa
as mesmas doenças que o cigarro comum e também lesões mais agudas, como a destruição
de pneumócitos (células que revestem os alvéolos pulmonares) por queimadura
provocada pelo vapor quente combinado às substâncias tóxicas”, diz o médico
patologista, Dr. Alexandre Todorovic Fabro.
De acordo com o patologista, associado da SBP, o
dano alveolar provocado pelos cigarros eletrônicos é semelhante ao que ocorreu
também em muitas das vítimas do incêndio na Boate Kiss, em 2013, em Santa Maria
no Rio Grande do Sul, ao inspirarem a fumaça tóxica liberada com o fogo. O
médico afirma que, com esse dano alveolar, “se a pessoa não morre, forma uma
pneumonia que deixa marcas no pulmão como se fossem cicatrizes internas”.
Foi criada até uma sigla em inglês para doenças
associadas aos cigarros eletrônicos, a EVALI, originada de “E-cigarette
or Vaping Associated Lung Injuries/ Illnessess”. Isso, além de
várias outras doenças causadas tanto pela nova forma de fumar, quanto pelo
tabaco consumido em sua forma mais tradicional, dos quais as mais famosas são o
câncer de pulmão e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), anteriormente
chamada de enfisema, que é a quarta maior causa de mortes no mundo e a mais
evitável, de acordo com o pneumologista Dr. Paulo Antônio Morais Faleiros.
Ele afirma que o cigarro eletrônico provoca
problemas em vários órgãos do corpo, não só os pulmões. As doenças causadas
incluem mais de 10 tipos de câncer, inclusive de bexiga, além do risco explosão
dos dispositivos eletrônicos durante o fumo, o que pode até causar fratura na
mandíbula.
Maior porta de entrada para o fumo
Inicialmente, o cigarro eletrônico era vendido como
uma forma para causar menos mal e uma transição para o fumante largar o cigarro
comum, mas o design moderno, os sabores diferentes e os cheiros atraem os não
fumantes e principalmente os jovens. “Quem fuma há muitos anos não quer cigarro
com cheiro de tutti-frutti ou gosto de torta de limão. Ele quer o gosto e o
cheiro do alcatrão. Esses novos sabores e aromas são, claramente, chamativos
para pessoas que nunca fumaram”, afirma o pneumologista
De acordo com Faleiros, o cigarro eletrônico tem 4
vezes mais chances de viciar porque a nicotina atinge mais rapidamente os
pulmões, a corrente sanguínea e o cérebro e também porque a dose de nicotina
chega a ser até 14 vezes maior que a de um cigarro comum. Além disso, aumenta
as chances de um fumante ser contaminado pela Covid porque aumenta a quantidade
de receptores para esse vírus nas células.
O fumo é proibido no Brasil desde 2009, por
regulação da Anvisa e assim deve continuar, de acordo com a recomendação da
Associação Médica Brasileira (AMB).
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