Num mundo cada vez mais digital, contar com avanços tecnológicos a seu favor vem deixando de ser apenas um auxiliar importante, passando a ser uma verdadeira obrigação. Se esse processo de transformação digital já vinha acontecendo a todo o vapor, o cenário com que convivemos de forma inédita nos últimos dois anos tratou de acelerar ainda mais esse desenvolvimento. Segundo dados revelados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), sete em cada dez empresas brasileiras utilizam ferramentas digitais em seu processo produtivo. A quantia representa um aumento significativo na comparação com os números apresentados cinco anos atrás, quando menos da metade dos empreendimentos usufruíam da tecnologia.
Apesar
da situação ter acelerado, dados do Índice Global de Inovação revelam que
investimos apenas 1,27% do PIB em pesquisa e inovação. Por outro lado, segundo
uma pesquisa da Sambatech, 45,7% das empresas brasileiras já estão
implementando estratégias de transformação digital e 30,5% estão atualmente
desenvolvendo uma, o que mostra que esse processo é praticamente inevitável no
mercado atual. Isso porque, estar atento e alinhado com o que há de mais
moderno e avançado no meio tecnológico garante que a companhia irá atuar nas
melhores condições e com as principais ferramentas disponíveis para as suas
necessidades, refletindo diretamente nos resultados do negócio, que passa a ser
realizado com custos reduzidos, maior segurança e eficácia.
Apesar
de suas claras e óbvias melhorias, a decisão estratégica de avançar na
digitalização exige um sério trabalho analítico para garantir escolhas
assertivas para a empresa, a fim de fugir de possíveis armadilhas no caminho.
Para isso, posso citar alguns métodos e etapas essenciais para que a
transformação digital atinja as suas expectativas.
1.
Identificar objetivos e métricas chave
É
importante ter em mente quais são as verdadeiras necessidades e oportunidades
da companhia para a criação de uma tese de inovação sólida e consistente. Ter números
que possam embasar o racional da tese e apontar métricas chave de sucesso
(major KPIs) ajuda a evitar intervenções políticas indesejáveis (como HiPPOs - highest
paid person's opinion), e estabelecer uma direção clara e mensurável de
sucesso.
2.
Criar um plano com entregas incrementais
Inovação
e transformação digital não são feitos em um passe de mágic. Bons resultados
são frutos de um trabalho consistente - é uma maratona, não uma sprint. É
importante que a companhia tenha clareza e paciência para apoiar esse processo,
mas claro, é preciso também ser pragmático com os objetivos e avanços
pretendidos. Uma maneira de orientar e priorizar os esforços e investimentos é
a criação de uma visão de horizontes de inovação onde temos 3 estágios:
- Horizonte 1: aprimorar o que está funcionando.
Ajustes e melhorias no core business para gerar receita no curto prazo;
- Horizonte 2: criar de novos negócios com a
partir de produtos e serviços pré-existentes que a empresa já domina;
- Horizonte 3: desenvolver soluções para
mercados que ainda não existem ou mudar drasticamente a forma como a
atividade é feita atualmente. Maior risco e exploração.
3.
Cultura de experimentação
Inovar
também é explorar e tomar riscos. É começar pequeno e simples, mas agregar valor
ao negócio e sobretudo, aprender e melhorar os processos e produtos. É muito
comum que stakeholders tenham dificuldade em imaginar e aceitar soluções
simples e enxutas, então acabam inflando a lista de funcionalidades com itens
que não são realmente pertinentes ao momento. Esse cenário traz impacto direto
na esteira do time, o que reflete em tempo, custo e complexidade da solução.
Seja enxuto e simples, isso vai te tornar ágil e facilitará evoluções futuras.
4.
Pessoas e sentimento de time
Pessoas
e cultura são fatores essenciais para inovação, é core. Não há inovação sem um
time capacitado, motivado e bem orientado com um propósito. O papel das
lideranças é criar um ambiente seguro para que essas pessoas possam trabalhar,
colaborar e também experimentar, deixando claro os objetivos e pactuando de
maneira mais colaborativa as metas e entregas. Cultivar o sentimento de time,
de participação e reconhecimento aumentam o engajamento das pessoas e criam um
ambiente mais fértil para inovar.
5.
Atenção ao cliente
Steve
Blank, professor empreendedor e reconhecido pelo desenvolvimento da metodologia
Customer Development, que lançou as bases para o movimento Lean Startup tem a
famosa frase "get out of the building". Desenvolver novas soluções
"dentro do laboratório" trás o risco gigantesco de focarmos energia
em problemas errados. Se expor a realidade, falar com clientes reais, ver o
processo ao vivo, vivenciar a jornada são experiências que enriquecem nosso
entendimento do problema e empatia pelos usuários. A partir dessa vivência
conseguimos entender melhor o que eles realmente precisam, isso nos ajuda a
criar soluções mais aderentes e efetivas.
Apesar
de necessitar de muita criatividade, exploração e experimentação, inovação
também é processo, cultura e time. Conte com bons parceiros que facilitem e
complementem as capacidades da companhia, trazendo know-how e experiências
externas podem ser um bom ingrediente para catalisar esse processo. É um
caminho muitas vezes incerto e arriscado, mas necessário. Os que tardam a
iniciar essa jornada não vão ter fôlego para competir no médio e longo prazo.
Já passou da hora de você inovar. Vai!
Flávio Alves - fundador e CEO da Novatics, principal estúdio de produtos digitais do Brasil.
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