Hospitais da rede pública e privada e farmácias de diversas cidades e estados do Brasil têm relatado falta de medicamentos para o tratamento de várias doenças. Em virtude da alta demanda, motivada pela chegada do frio e pelo aumento dos casos gripais, remédios para síndromes respiratórias, principalmente para crianças, desapareceram de muitas prateleiras e de estoques hospitalares nas últimas semanas.
Porém, a falta de medicamentos já ocorre desde
fevereiro. Remédios mais básicos, como o antitérmico Dipirona ou o antibiótico
Amoxilina, por exemplo, além dos de alto custo para o tratamento de doenças
como lúpus, Guillain-Barré e Crohn, também estão em falta.
No fim de maio deste ano, uma pesquisa feita pelo
Sindhosp, o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São
Paulo, apontou que 55% dos hospitais brasileiros estão tendo problemas com o
recebimento de medicamentos, um cenário também agravado pelo aumento dos
preços. Só em São Paulo, são cerca de 40 substâncias que não estão disponíveis
nas unidades de saúde, entre elas, medicamentos considerados simples e de
grande importância para o funcionamento do serviço público. Os fabricantes se
defendem dizendo que faltam insumos para a produção.
Distrito Federal, Tocantins, Sergipe, Espírito
Santo, Belo Horizonte e Paraná, entre outros, são estados que já relataram a
ocorrência do problema. No Paraná, segundo o Sindicato do Comércio Varejista de
Produtos Farmacêuticos (Sindifarma), estão em falta em torno de 500 remédios.
De acordo com a Abrafarma (Associação Brasileira
das Redes de Farmácias e Drogarias), quase 95% dos medicamentos vendidos no
Brasil dependem de matéria-prima que vem, principalmente, da China. Ocorre que
a nação asiática teve as exportações afetadas porque está, mais uma vez, em lockdown
para conter uma nova onda de casos de Covid-19. A Índia, outro importante
exportador, também enfrenta um momento parecido. A guerra na Ucrânia e os
protestos de equipes de portos e aeroportos, registrados com mais intensidade
desde março deste ano, estão levando a área da Saúde a enfrentar severas
dificuldades.
Com a falta de antibióticos, muitos estados
brasileiros vêm suspendendo cirurgias e até obrigando a interrupção dos
tratamentos. Outra séria consequência é que, em alguns casos, o médico acaba
prescrevendo ao paciente outro medicamento na tentativa de continuar o
tratamento, mas isso implica no risco de a medicação gerar resistência por
parte dos microrganismos que atuam no corpo humano, ou mesmo a ineficácia do
tratamento. “O antibiótico alternativo não necessariamente será o ideal para
combater uma infecção, seja por efeitos colaterais que ele pode gerar, ou pelos
efeitos mais potentes do que aquela infecção precisaria”, explica Juliano
Bison, coordenador da Mobius Life, empresa com mais de 25 anos de atuação, que
comercializa produtos destinados ao segmento de medicina diagnóstica,
fornecendo kits para extração de ácidos nucleicos e também para diagnóstico
molecular in vitro de doenças infecciosas, oncologia e genética. Juliano ainda
destaca que as dificuldades causadas pelo desabastecimento atingem todos os
departamentos dos hospitais, causando expressivo incremento nos custos em
tratamentos inespecíficos. Isso porque, “quanto maior o tempo de permanência
dos pacientes internados e menor a quantidade de pacientes atendidos, maior é a
dificuldade para a condução de uma gestão técnica e financeira eficiente por
parte dos médicos e dos hospitais”, explica.
Tecnologias de diagnóstico contribuem para driblar
crise de abastecimento
Nesse cenário de crise, tecnologias de diagnóstico
para auxiliar no direcionamento do tratamento, identificando quais pacientes
estão portando infecções e qual o tipo, consequentemente, evitando tratamentos
desnecessários, ainda mais no cenário de escassez atual.
Com o advento da biologia molecular e a ampla
utilização da metodologia de PCR na gestão da Covid-19, por exemplo, algumas
instituições têm utilizado essa tecnologia atualmente. A Mobius Life
conta com duas soluções bastante estratégicas na gestão de pacientes com
quadros respiratórios. Uma delas, o teste Multi Sepse Flow Chip, é capaz de
identificar a presença de mais de 40 bactérias e fungos e 20 genes resistentes.
A outra, o painel multiplex PR24 Flow Chip, identifica 24 patógenos em sua
maioria vírus, incluindo o SARS-Cov-2, em até 6h, tornando possível identificar
qual o microorganismo presente no quadro respiratório do paciente. Dessa forma,
um rápido e correto tratamento passa a ser viabilizado.
“Com essas ferramentas, os benefícios atingem todas
as dimensões: para o paciente, a certeza de que está sendo tratado o que de
fato foi diagnosticado. Para o médico, a segurança na prescrição de medicamentos
e procedimentos e para gestão hospitalar e eficiência no atendimento e alocação
dos recursos”, conclui Juliano.
OMS já alertava para a falta de antibióticos e
ameaça de superbactérias
Em janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) fez um alerta para uma possível falta de novos antibióticos, fato que
poderia favorecer a disseminação de bactérias resistentes a medicamentos,
responsáveis por dezenas de milhares de óbitos anualmente. Na época, a OMS
publicou dois relatórios sobre o assunto. Segundo eles, “a ameaça de
resistência antimicrobiana nunca foi tão imediata, e a necessidade de soluções,
mais urgente.
Existem muitas iniciativas em andamento para
reduzir a resistência, mas também precisamos que os países e a indústria
farmacêutica se envolvam e forneçam financiamento e novos medicamentos
inovadores”, alertou Tedros Ghebreyesus, diretor da OMS, em comunicado enviado
à imprensa.
A resistência aos antibióticos foi considerada uma
ameaça pela organização, que teme que o mundo caminhe para uma era em que
infecções comuns possam matar novamente. Enfermidades curadas com relativa
facilidade, até pouco tempo, podem voltar a matar cerca de 10 milhões de
pessoas até 2050, segundo a OMS. Mais de 30 mil pessoas morrem, todos os anos,
na Europa, em virtude de infecções resistentes a antibióticos. Nos Estados
Unidos, o número é estimado em quase 35 mil.
Mobius Life Science
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