Os sintomas podem indicar casos de osteoartrite, mais frequentes em pessoas com mais de 65 anos e com quadros de obesidade Infiltração com ácido hialurônico é uma das alternativas para adiar intervenções cirúrgicas
As
dores frequentes no joelho e quadril, que muitas vezes provocam rigidez nas
articulações e comprometem a movimentação diária ou atividades esportivas,
podem ser o sinal de osteoartrite (OA), uma doença
articular degenerativa caracterizada pelo desgaste
da cartilagem e por alterações ósseas, entre elas os
osteófitos, também conhecidos como “bicos de papagaio”1.
Embora seja mas comum em pessoas com mais de 65 anos, o problema pode
acometer jovens e atletas que desenvolvem esforços físicos repetitivos ou
atividades de grande impacto como futebol, vôlei e maratona.
A osteoartrite se inicia com sintomas leves, principalmente rigidez matinal,
mas pode evoluir por estímulo de alguns fatores, tais como idade, excesso de
peso, esforço competitivo, histórico familiar e alterações hormonais. Em seu
portal, o Dr. Drauzio Varella explica que a patologia se instala quando há
aumento do conteúdo líquido no interior do tecido cartilaginoso2.
“Cerca de 80% a 90% das pessoas acima de 40 anos mostram sinais iniciais de
osteoartrite em um raio X, embora grande parte não apresente sintomas. A
intensidade das queixas aumenta progressivamente com a idade”, explica.
Com o aumento da população brasileira acima de 65 anos, é possível que o número
de casos também cresça nos próximos anos.3-4-5
Segundo a Dra. Márcia Uchoa, professora do Departamento de Ortopedia e
Traumatologia do HCFMUSP, estudos apontam que os brasileiros acima de 65 anos
passaram de 1,6 milhão, em 1950, para 8,7 milhões no ano 2000. A expectativa é
que esse número salte para 42 milhões em 2050. “Haverá, portanto, grande
aumento do número de casos de OA, já que sua prevalência tem relação direta com o aumento da idade da população”, explica.
No Reino Unido, por exemplo, 40% dos indivíduos com idade superior a 65 anos sofrem com
sintomas associados à osteoartrite nos joelhos e quadris.6
Além da longevidade, outro fator que pode contribuir para o surgimento de novos
casos é a obesidade. “Durante a pandemia, as pessoas comeram mais, engordaram e
enfraqueceram sem a prática de atividade física”, destaca a ortopedista.
Um levantamento do Centers for Disease Control and Prevention
(CDC)7 sobre prevenção de doenças crônicas em 2009,
ou seja, quase dez anos antes do início da pandemia, já indicava que a
prevalência da osteoartrite é de 26,5% nas pessoas com sobrepeso (IMC: 25
-29,9); de 33% nos casos de obesidade classe I (IMC:30 -34,9); de 37,9% em
pessoas com obesidade classe II (IMC: 35 -39,9) e de 44% em pacientes com
obesidade classe III (IMC>40).
De
acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a doença representa cerca de
30% a 40% das consultas em ambulatórios de Reumatologia.8
Pelos 75 anos,
85%
das pessoas têm evidência radiológica ou clínica da doença, mas somente 30% a 50%
dos indivíduos com alterações observadas nas radiografias queixam-se de dor
crônica. Dados da Previdência Social no Brasil apontam que a OA é responsável
por 7,5% de todos os afastamentos do trabalho, sendo a segunda patologia entre
as que justificam o auxílio inicial, com 7,5% do total, e em relação ao
auxílio-doença, com 10,5%. A osteoartrite também aparece em 4º lugar do ranking
dos motivos que determinam aposentadoria (6,2%).9
Como tratar?
O comprometimento da lubrificação (viscosidade) adequada nas
articulações pode levar a um processo inflamatório, crônico e degenerativo, que
provoca fortes dores e, nos casos mais avançados, necessita de cirurgia. Para
retardar a colocação de uma prótese, vários ortopedistas e reumatologistas
indicam a viscossuplementação (VS), que nada mais é que uma
injeção de ácido hialurônico (AH) exógeno nas articulações
visando restaurar as propriedades reológicas do líquido sinovial, com o
objetivo mecânico, analgésico, anti-inflamatório e condroprotetor. O AH é
indicado para interromper o desgaste da cartilagem, que é uma estrutura
importante para suavizar o impacto de um osso com o outro.10
“A osteoartrite não tem cura, mas tem tratamento. A infiltração de ácido
hialurônico é uma das alternativas ao tratamento não cirúrgico. A utilização
dessa substância sintética contribui no alívio da dor e na preservação do
tecido articular por um maior período. Em casos de osteoartrite leve a
moderada, o paciente pode permanecer sem dor por um período que varia de seis
meses a um ano”, destaca Dra. Márcia Uchoa.
De acordo com a especialista, os benefícios do AH estão relacionados à redução
das células inflamatórias que causam destruição articular, estímulo da produção
do próprio ácido hialurônico endógeno e de células cartilaginosas, além da
estabilização do desgaste contínuo da cartilagem articular, garantindo mais
qualidade de vida ao paciente.
Desde a década de 90, alguns laboratórios começaram a produzir o ácido
hialurônico exógeno (sintético) para os processos de viscossuplementação, que
deve ser realizado exclusivamente por um médico especialista (ortopedista,
fisiatra ou reumatologista). Atualmente, uma das tecnologias mais modernas é a NASHA®.
Esse processo produz um AH estabilizado e mais resistente a partir uma molécula
de ocorrência natural, que fornece lubrificação e amortecimento em uma
articulação normal.
“A viscossuplementação é pouco praticada no Brasil em relação a países da
Europa e Estados Unidos. Isso leva a um alto gasto público com cirurgias de
prótese. A infiltração de ácido hialurônico é segura e funciona como um
lubrificante no local em que houver o desgaste da cartilagem. Ao aumentar a
viscosidade, o AH melhora o quadro clínico, além de representar um melhor
custo/benefício para pacientes, médicos e clínicas”, explica Dr. Hélio Osmo,
diretor médico da Zambon e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina
Farmacêutica.
Mudança de hábitos
Após identificar as medidas terapêuticas para diminuir a dor e ampliar a
capacidade de realizar as atividades, os médicos ressaltam a importância de
mudar a rotina, que inclui perda de peso e prática de exercícios físicos para
fortalecimento da musculatura que envolve a articulação comprometida.
“Os ossos e os músculos precisam de estímulo para se fortalecer e potencializar
o equilíbrio muscular, articular e postural. É importante escolher atividades
de baixo impacto, como caminhar ou nadar, sempre com a orientação de um
profissional, além de adotar bons hábitos alimentares para evitar a obesidade”,
complementa Dr. Hélio.
Artroplastia
O Departamento de Ortopedia e Traumatologia do Hospital do Coração de São Paulo
desenvolveu a pesquisa “Artroplastia total de joelho e quadril: a preocupante
realidade assistencial do Sistema Único de Saúde”.12
O objetivo era analisar o número de autorizações de internação hospitalar para
cirurgias de artroplastia total de joelho (ATJ) e quadril (ATQ) no Brasil, no
período de 2008 a 2015, e observar como o SUS assiste a população brasileira
para essas cirurgias em caráter estadual, regional e nacional, além de
correlacionar com os indicadores internacionais.
O aumento das artroplastias totais de joelho (ATJ) e quadril (ATQ) produz
impacto social e econômico relevante e, por esse motivo, países como Austrália,
Estados Unidos (EUA), Inglaterra, Canadá e Coreia do Sul fazem estudos12-13-14
epidemiológicos
e financeiros para essas cirurgias. No Brasil, as informações sobre
artroplastias são escassas. Dados nacionais sobre essas cirurgias no Sistema
Único de Saúde (SUS) são disponíveis através do site do Ministério da
Saúde. Entretanto, esses indicadores não expressam a dimensão assistencial em
relação à população brasileira.
Segundo o levantamento, as cirurgias de quadril e joelho demonstraram
crescimento no Brasil. No entanto, a oferta de artroplastia na rede pública
expôs resultados insatisfatórios quando comparada com as promovidas nos países
desenvolvidos. Os destaques negativos ficaram com o Nordeste e o Norte. A
primeira região, com aproximadamente um quarto da população idosa
total do País, fez apenas 7,8% e 12,9% das ATJ e ATQ, ou seja, a pior relação
ATJ/idoso e segunda relação ATQ/idoso. Já o Norte, com 5% dos idosos, fez
2,6% e 1,2% das ATJ e ATQ, demonstrando a pior relação ATQ/idoso e a segunda
relação ATJ/idoso.12-13-14
Zambon
https://www.zambonpharma.com/br/pt/
Referências
- Sociedade Brasileira de
Reumatologia: https://bit.ly/3IP14AW
- https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/artrose-osteoartrite/
- https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21396464/
- https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/14762225/
- https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/14994410/
- Senna ER, De Barros AL,
Silva EO, Costa IF, Pereira LV, Ciconelli RM, et al. Prevalence of
rheumatic diseases in Brazil: a study using the COPCORD approach. J
Rheumatol. 2004;31(3):594-7.
- Prev. Chronic Disease 2009
April: 6(2): A56 CDC
- https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/osteoartrite-artrose/
- http://www.hgb.rj.saude.gov.br/noticias/not.asp?id=1507#:~:text=De%20acordo%20com%20pesquisas%20realizadas,%25%3B%20%C3%A9%20a%20quarta%20a
- https://www.uai.com.br/app/noticia/saude/colunistas/daniel-baumfeld/2021/02/25/noticias-saude,268678/quais-os-beneficios-do-acido-hialuronico-no-tratamento-da-artrose.shtml
- Revista Brasileira de
Ortopedia: https://bit.ly/3pGYFRu
- http://rbo.org.br/about-the-authors/2711/pt-BR
- https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/26274
- https://journals.lww.com/jbjsjournal/Abstract/2018/09050/Projected_Volume_of_Primary_Total_Joint.3.aspx
1
Nenhum comentário:
Postar um comentário