quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Subnotificada, hanseníase segue preocupando

 Doença tem cura e dermatologista dever ser imediatamente procurado aos primeiros sinais, recomenda o Seconci-SP 

 

Nos últimos dois anos, a pandemia do novo coronavírus levou à redução da notificação de casos novos de hanseníase no Brasil. Muitas pessoas, com medo da Covid-19, deixaram de procurar as unidades de saúde. Mas a doença continua exigindo atenção e cuidado, tanto que temos a campanha do Janeiro Roxo, com destaque para o Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase (30 de janeiro). 

A dra. Marli Izabel Penteado Manini, dermatologista do Seconci-SP (Serviço Social da Construção), relata que, segundo o Ministério da Saúde, 17.979 novos casos foram registrados no Brasil em 2020, contra 27.864 no ano anterior. Há maior incidência no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. Dados preliminares do Ministério apontam 15.155 casos novos no país em 2021, dos quais cerca de 800 no Estado de São Paulo. 

“Não podemos nos iludir e concluir que houve uma redução de casos novos. Infelizmente, a pandemia levou à subnotificação. Em números absolutos, o Brasil continua ocupando o segundo lugar no mundo, ficando atrás apenas da Índia”, destaca a médica. 

De 2016 a 2020, foram diagnosticados 155,3 mil casos novos de hanseníase no Brasil, dos quais 19,9 mil com grau 2 de incapacidade física – o mais grave. “Um dado preocupante é o aumento dos casos entre pessoas até 15 anos, o que demonstra a prevalência da doença entre a população”, acrescenta a dra. Marli. 

Causada pela bactéria Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen, a doença é transmitida principalmente pelas vias respiratórias superiores, além do contato com a pele do paciente. Sua evolução depende de características do sistema imunológico da pessoa infectada e apresenta múltiplas manifestações clínicas, desde áreas anestésicas, manchas claras, avermelhadas ou amarronzadas, caroços na pele e lesões dos nervos periféricos.

 

Preconceito permanece 

A doença ainda é vítima de estigma. Conhecida no passado como lepra, até a década de 1960, a hanseníase era tratada por meio da internação compulsória no Brasil e os pacientes eram discriminados e isolados do convívio social. O preconceito permanece porque a doença acomete principalmente pessoas com situação econômica, social e ambiental desfavorável. 

A boa notícia é que a doença tem cura e, se a pessoa estiver em tratamento, não oferece risco de contágio. “A hanseníase é uma doença de notificação compulsória e todo o tratamento é oferecido gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde)”, informa a dermatologista.

 

Atenção aos sinais 

O período de incubação é prolongado e, em geral, varia de cinco a sete anos. “O bacilo afeta principalmente a pele e nervos superficiais. Normalmente, os doentes não diagnosticados precocemente desenvolvem complicações nos pés, mãos e olhos. Por isso, é importante ficar atento aos sinais e procurar o dermatologista o quanto antes, pois ele prescreverá o tratamento adequado, evitando sequelas”. 

Segundo a dra. Marli, “é fundamental o autoexame, verificando se há manchas claras ou avermelhadas na pele, além de áreas de anestesia. As lesões da hanseníase não coçam e não doem, porém caso note alguma anormalidade na pele, procure ajuda médica o quanto antes”. 

“O Seconci-SP dispõe de equipe de dermatologistas para oferecer um diagnóstico correto e passar todas as orientações para que seus usuários sejam encaminhados para tratamento na rede pública”, informa a médica. 


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