A integração de gerações tem sido um desafio para o mundo do trabalho. Os impactos dessa convivência, porém, geram impactos positivos não apenas, no ambiente corporativo, familiar e social, mas nos resultados das empresas.
A realidade é que estamos envelhecendo porque
estamos vivendo mais. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2015), até o ano de 2050,
o número de pessoas acima de 60 anos no mundo chegará a 2 bilhões. O Brasil, em
2030, terá mais pessoas maduras que jovens de zero a 14 anos.
Sendo assim, contar com essa força de trabalho será
a alternativa estratégica das empresas para suprir a falta de jovens talentos,
que surgem em velocidade muito aquém das demandas de mercado.
É na comunicação que as empresas encontram o
caminho para promover um ambiente corporativo que estimule o trabalho
colaborativo, que reúna jovens em início de carreira, profissionais sêniores e
os profissionais mais idosos (cada vez mais produtivos).
Ao gestor, cabe a tarefa de “mediar” esse diálogo,
de sinais, expressões, gírias e etiquetas diferentes, quebrando rótulos e
preconceitos para que a conexão entre as gerações fortaleça os laços de
criatividade, inovação e inclusão que toda a empresa busca.
Entre a experiência adquirida na jornada sólida
desenvolvida pelos profissionais mais velhos e o frescor da juventude, que
transpira inovações, as regras básicas para uma convivência devem ser
exatamente iguais e valem para os dois lados.
As gerações mais jovens tendem a procurar em seus
trabalhos propósitos que nem sempre estão claros, mas que certamente podem ser
encontrados com a ajuda dos mais experientes. Daí, a importância da
comunicação. Ela será o ponto focal para criar essa conexão.
São atitudes de comunicação que podem ajudar a
equilibrar essa convivência, como por exemplo, evitar -- de ambos os lados -- o
‘tom professoral’. O indivíduo apelidado de “palestrinha” (sempre disposto a
dar ‘aulas’ sobre tudo e todos em tom de superioridade), quer impor seus
conhecimentos ao invés de aceitar formas diferentes de realizar as tarefas.
Dessa forma, cria barreiras que impedem esse relacionamento de avançar.
O que de fato cria um elo importante nessa cadeia é
a disponibilidade, a paciência e a tolerância. Isso muda o jogo. Faz o melhor
movimento para interligar dois pontos que é o de ouvir e mostrar interesse
pelas ideias do próximo. Quando isso acontece, dos dois lados dessa moeda, as
conexões ocorrem muito mais rápidas e naturalmente.
É por meio desse valor e importância que se dá ao
outro que descobrimos nossas semelhanças, nossos pontos em comum e nossas
diferenças. Elas farão muito mais sentido do que simplesmente as diferentes
faixas etárias.
São esses cruzamentos de valores, que diminuem as
diferenças de idade e as tornam insignificantes para o desempenho das funções.
Ouvir o próximo é ter a chance de encontrar muitos pontos congruentes
importantes para estabelecer a conexão. É possível e provável que as diferentes
gerações possam compartilhar preferências, ídolos, projetos etc,
independentemente da idade, da raça, do gênero, da cor, da geração, religião
etc.
O futuro das relações do trabalho caminha para a
diversidade e é lá que mora o respeito às diferenças. O convívio
intergeracional é parte importante da promoção dessa diversidade que buscamos
e, muito em breve, vai transformar o que hoje é chamado de “conflito” em um
real e produtivo “encontro de gerações”.
Juliana Algodoal - Considerada
uma das maiores especialistas em Comunicação Corporativa do país, Juliana
Algodoal é PhD em Análise do Discurso em Situação de Trabalho - Linguística
Aplicada e Estudos da Linguagem e fundadora da empresa Linguagem Direta*.
Acumula mais de 30 anos de experiência no desenvolvimento de projetos que buscam
aprimorar a interlocução no ambiente empresarial - tendo como clientes grandes
companhias, como Novartis, Pfizer, Aché, Itaú, Citibank, Unimed, SKY, Samsung,
Souza Cruz, dentre outras. Também é presidente do conselho administrativo
Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.
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