Thiago Braga, autor do Sistema de Ensino pH, dá dicas de como fazer uma boa redação e aponta os principais assuntos que podem ser abordados na prova
A poucos dias do Enem 2021, marcado para 21 e 28
de novembro, os mais de 3 milhões de candidatos se voltam para revisão de
conteúdos e realização de simulados. Uma das principais preocupações é a
redação: valendo 1.000 pontos, a escrita de um texto dissertativo-argumentativo
de boa qualidade pode significar uma classificação elevada no processo seletivo
da tão sonhada universidade.
Buscando auxiliar os estudantes nesse processo, o
autor do Sistema de Ensino pH, Thiago Braga, orienta como escrever uma boa
redação, dentro de todas as competências exigida pelos avaliadores do Inep. A
primeira dica é organizar as ideias por um roteiro em tópicos. “Assim, eu
consigo olhar para o texto dentro da sua integralidade, respeitando aquilo que
o Enem chama de ‘autoralidade’”. Ou seja, o corretor concede o ponto quando
percebe que o texto já estava integralmente planejado antes de ser produzido.
A partir desse roteiro, o estudante consegue
escrever a redação não mais preocupado com o conteúdo, mas apenas com a norma
culta, a coesão e a conexão entre as partes. “O ponto fundamental que nós
percebemos em toda a redação 1000 é a relação da conclusão com a introdução.
Geralmente, criamos uma relação de retomada para criar o que chamamos de ‘texto
circuito’, ou seja, o texto termina fazendo menção ao início. Essa relação de
circularidade é muito importante para a coesão e é bastante valorizada no
Enem”, ressalta Braga.
Sabendo dos principais preceitos de uma redação,
confira agora os temas que mais têm chances de caírem no Enem este ano de
acordo com o especialista.
Violência doméstica
Agravada pela necessidade de isolamento social
durante a pandemia, a questão da violência doméstica vivida por mulheres e
crianças foi muito discutida no último ano. A pesquisa "Visível e
Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil", encomendada pelo Fórum Brasileiro
de Segurança Pública junto ao Instituto Datafolha, concluiu, por exemplo, que a
vitimização das mulheres dentro de casa aumentou – a cada minuto, 8 mulheres
apanharam no Brasil durante a pandemia do novo coronavírus.
Mobilidade urbana
De acordo com Braga, existem diversos problemas
estruturais relacionados à mobilidade urbana e, por isso, é um tema esperado no
exame há um bom tempo. “Há pesquisas que comprovam o alto índice de estresse do
trabalhador e a perda de produtividade gerada pelo tempo que se gasta no
deslocamento para o trabalho. Estamos esperando que caia no Enem há muito
tempo. Dessa vez, ele ressurge como uma aposta devido também à relação com a
pandemia e o home office”, comenta Thiago.
Bullying e o cyberbullying
O especialista destaca que não há registro no
exame de nenhuma proposta relacionada ao campo da educação. “A não ser a
formação educacional de surdos, que é mais um tema no campo da acessibilidade
do que da educação em si”. Pensando nisso, ele aposta para uma discussão acerca
do bullying e do cyberbullying, envolvendo as consequências emocionais e
psicológicas dessa violência, como depressão e os transtornos de ansiedade.
Direitos trabalhistas
Outro tema relevante seria a discussão dos
direitos trabalhistas envolvendo a uberização do trabalho. Como forma de
driblar o desemprego, as pessoas buscam alternativas e encontram na
informalidade uma forma de ganharem dinheiro para sobreviver. No entanto, elas
perdem algumas garantias, não recebem por horas extras, podendo trabalhar muito
mais do que o previsto em lei, arcando com todos os riscos da atividade
profissional. “É um tema relevante, inclusive, para os candidatos, que vão
entrar no mercado de trabalho. De alguma forma, os direitos trabalhistas têm um
impacto sobre o público do exame e isso os aproxima da temática, o que também é
interessante”, pontua Thiago.
LGPD e proteção de dados
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrou em
vigor em setembro de 2020 no Brasil. Justamente por ser recente, tanto as
companhias quanto os indivíduos ainda estão descobrindo exatamente como ela
funciona e é fiscalizada. O projeto foi sancionado em 2018 e obteve mais
visibilidade devido aos constantes casos de vazamentos de dados – é sabido que
algumas empresas compartilham informações pessoais de maneira irregular. A
LGPD, portanto, representou um passo bastante significativo para a história
digital no país, pois, ao mesmo tempo, em que há uma grande preocupação sobre o
que é feito com os dados pessoais, os indivíduos mostram-se favoráveis a um bom
uso de suas próprias informações, desde que percebam valor e segurança por trás
disso. No entanto, a implementação de processos para seguir a Lei é um desafio
por exigir das empresas um cuidado intenso e contínuo. Por isso, também é uma
das apostas para a redação em 2021.
Nenhum comentário:
Postar um comentário