Durante a pandemia da Covid-19, o sonho de ter um filho tornou-se
sinônimo de esperança para muitos casais. A procura por tratamentos de
fertilização in vitro (fiv) ou de descongelamento embrionário, por casais que
tinham dificuldade de engravidar cresceu.
Para que se tenha ideia, a Clínica Ricardo Beck, especializada em reprodução
humana e localizada em Curitiba, aumentou em 20% os atendimentos. Apenas no
último ano, foram mais de 6 mil pacientes que estiveram na Maternidade
Curitiba, em busca de tratamentos para fertilização, sendo que uma média de 18
a 20 pacientes por mês realizaram o procedimento, desde maio de 2020. Em todos
os casos os embriões foram gerados de forma saudável e sem complicações
relacionadas ao coronavírus.
"A média de sucesso nas fertilizações é em torno de 50%. A estatística
aumenta positivamente, dependendo da idade da paciente, da qualidade seminal,
da qualidade embrionária, do grau de endometriose, entre outros fatores ",
explica o médico ginecologista e que a mais de 30 anos atua na área de reprodução
humana, Ricardo Beck.
Uma das preocupações da equipe está relacionada aos efeitos que a Covid-19
poderia ocasionar no tratamento em pacientes que haviam contraído o vírus.
A embriologista, Elisângela Bohme, explica que não houveram evidências
negativas. "Tanto as pacientes de fertilização, quanto as de
descongelamento embrionário, seguiram com os procedimentos durante a pandemia
sem complicações. Aqueles que tiveram Covid-19 e vieram até a clínica depois,
ou as mulheres que tiveram Covid-19 durante a gravidez, não tiveram um prejuízo
gestacional nem problemas com o bebê", afirma.
O procedimento
A fertilização in vitro é uma das técnicas de reprodução assistida mais
conhecidas para aumentar as chances de uma gravidez. O médico Ricardo Beck,
explica que o primeiro passo da FIV consiste na injeção de medicamentos que
aumentam os níveis do FSH - hormônio folículo estimulante - na mulher, para que
possa ser realizada a coleta de um alto número de óvulos. "Sob sedação, a
coleta ocorre por punção ovariana que tem a agulha guiada pelo ultrassom
transvaginal. Em seguida, os óvulos são colocados em um meio de cultura
apropriado, em incubadora adequada, até que chegue o momento ideal para a
fertilização", explica.
Após o óvulo ser fertilizado pelo espermatozóide, o embrião começa a se
desenvolver até atingir o estágio de blastocisto. Os embriões que chegam a essa
fase são considerados os melhores candidatos, e a partir da análise de todos
eles, os especialistas podem selecionar um número adequado de acordo com o desejo
da mulher - um único bebê ou gravidez múltipla.
"É nessa etapa que acontece a transferência dos embriões. Após o
procedimento, a paciente pode seguir com a rotina normal e ainda optar pelo
congelamento dos embriões excedentes", explica o médico ginecologista. O
teste de gravidez é realizado após 14 dias e, caso o resultado seja positivo, a
nova mamãe já pode agendar a primeira ecografia de acompanhamento.
Vacinação da Covid-19 durante a gestação
Outra notícia positiva é que as pesquisas randomizadas - da Pfizer-BioNTech,-
apontam que as vacinas contra o coronavírus são seguras
e os benefícios da imunização superam os danos de uma infecção por Covid-19.
Ricardo Beck explica que a vacina é uma importante ferramenta para alcançar o
resultado final da fertilização in vitro, já que o imunizante atua na proteção
tanto da mãe, quanto do bebê. "Mulheres grávidas têm mais chances de
apresentarem a forma grave da Covid-19, além de terem 5 vezes mais chance de
necessitar de uma internação em Unidades de Cuidado Intensivo (CTIs) do que uma
mulher não grávida. Por isso é essencial que a mulher se vacine para proteger a
si mesma e o bebê", finaliza.
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