Quando falamos em sabotagem, a
primeira ideia que pode vir à mente é de “puxadas de tapete”. Mas nem sempre a
sabotagem vem do outro. Talvez a sabotagem mais cruel seja aquela que se
manifesta em nosso próprio inconsciente e, cercada por crenças limitantes, nos
impede de crescer pessoalmente ou profissionalmente.
Os sabotadores de sucesso são
padrões mentais e emocionais que levam à autossabotagem diariamente. Essa
sabotagem é causada por imaturidade emocional, na qual o indivíduo não se
permite ser feliz ou bem sucedido. Em linhas gerais, são grandes redes de
pensamentos ou atitudes e comportamentos negativos e pessimistas que nos
impedem a evolução pessoal, como a raiva, medo, ódio, vingança, culpa,
ansiedade e vergonha.
Os nossos maiores sabotadores de
sucesso são o medo, o desejo de permanecer na zona de conforto, a vaidade, a
prepotência, a falta de organização e planejamento, a falta de objetivos e
foco, a procrastinação, a desmotivação e, por fim, as nossas crenças
limitadoras. Estas últimas podem acompanhar o indivíduo desde a infância e
quando adultos, se não forem bem administradas, podem dificultar
relacionamentos pessoais e até a compreensão de mundo do ser humano.
De forma inconsciente esses
sabotadores acabam por transformar e padronizar nossa personalidade e o nosso
comportamento. Por exemplo, a autossabotagem pode caracterizar e definir
personalidades, como indivíduos: críticos, controladores, hiper vigilantes,
hiper racionais, insistentes, prestativos em demasia, hiper realizadores,
inquietos ou esquivos (aquele que nunca consegue dizer não).
Apesar da autossabotagem ser
muito dolorosa e limitante, a boa notícia é que podemos paralisar estes
sabotadores de sucesso emocionais a qualquer momento, desenvolvendo a
maturidade, que não tem nada a ver com a idade cronológica, com a auto
intimação, tomada de consciência, reflexão e decisão.
Sabotagem é um auto engano, uma
projeção falsa de si e da realidade, por inconsciência, não se dar o tempo para
trazer as coisas para a consciência, por medo de olhar para dentro e quebrar as
amarras.
Ela acontece quando pulamos o
processo, descumprindo o ciclo de perceber (observar o que se está sentindo no
momento, identificar a emoção), compreender o motivo de estar sentindo isso e o
momento de concluir (chegar a uma conclusão ou choque de realidade), o querer
sair dessa situação (o que fazer para sair disso). Planejar a solução,
conversar com os próprios botões, dialogar consigo (inteligência intrapessoal).
Para sair do ciclo da auto
sabotagem é necessário instalar a competência, a sabedoria emocional ou a
maturidade, através da auto consciência, do autoquestionamento, do auto
controle (autoestima), da análise, da sublimação (fazer alguma atividade que
goste e traga alegria) e da motivação (eliminar ou ajudar).
E o dizer da maturidade? Ela é a
capacidade de reconhecer os pontos fortes e coloca-los em prática. Você pode
citar dez pontos fortes da sua personalidade? Difícil, né? Isso porque as
pessoas não foram educadas ou informadas sobre como refletir sobre suas
qualidades e habilidades.
A forma como a pessoa se
relaciona consigo própria facilita a forma como se relaciona com as outras
pessoas, com a empatia afetiva, cognitiva, a preocupação empática e a aptidão
social (maneira de fazer parte de grupos e a liderança em família e social).
Porém, também inclui a capacidade de entrar em contato com os pontos fracos,
admiti-los (se aceitar) e ir à luta, transformando-os em fortes, sempre se
questionando e tomando a decisão de mudá-los, dando o melhor de si.
Outro ponto importante é a força
positiva que o ato de desenvolver a capacidade de rir de si mesmo (a), não
levar tudo tão à sério, mas com naturalidade, pode imputar no indivíduo. Os erros
e falhas fazem parte do ser humano e não podem derrotá-lo. Devem servir como
aprendizado e desafio.
O ciclo todo é composto de
emoções negativas, que impactam o tempo todo nos processos decisórios, nas
relações e nas ações ou reações. Ele começa com o medo, que é uma emoção
primária. Quando nascemos, choramos por sentir medo.
O medo é a primeira emoção, é a
que inicia o processo da autossabotagem. O medo deve ser medido conforme sua
intensidade e capacidade de destruição, pois, se soubermos lidar com o medo ele
pode ser benéfico a ponto de nos impulsionar a vencer nossos próprios limites.
O segundo elemento desse ciclo é
a perda, porque todo medo é medo de perder, ou de não atingir o objetivo. Em
seguida ele leva à culpa, que é o elemento mais importante. Existem vários
tipos de culpa: a persecutória ou a depressiva, que causa mau-humor. A
culpa depressiva busca a energia interna para conseguir lutar contra algo que
nos perturba. É necessário tratar essa culpa, limpá-la para não se tornar refém
do tabu.
Se a pessoa perdeu algo ou alguém
e não se perdoar então gera mágoa ou ressentimento, o que pode causar uma
doença. O ideal, no fim das contas, é a pessoa mergulhar em si mesma, repensar
o que tem que se fazer, para que assim possa se reinventar e sair renovada e
mais madura. Caso não se consiga essa conscientização, então a culpa gera a
raiva.
O tamanho da raiva é o mesmo do
medo, da perda e da culpa. O ser humano precisa projetar essa raiva. Quando o
medo é menor, é possível projetar essa raiva em si mesmo (se criticando). Mas
quando a raiva é maior ocorre de ser projetada em outra pessoa.
Ao controlar melhor seus
sabotadores, muitos benefícios serão gerados para a mente e para o corpo, como
por exemplo: níveis menores de produção dos hormônios ligados ao estresse, pois
com os sabotadores ativados, ao invés de produzir endorfinas no metabolismo, se
produz adrenalina, causando uma doença degenerativa, como punição
(inconsciente).
Além disso, tem-se um sistema
imunológico mais eficiente, reduzindo as chances de contrair doenças. Outro
benefício é a redução de pressão arterial, do aparecimento de dores crônicas,
uma melhor higienização do sono e também, maiores chances de controle de
possíveis alterações do distúrbio alimentar. Pois, cada tipo de emoção se
dirige a um órgão do corpo, por isso temos que tomar consciência delas. E se
não tratadas elas, se transformam em doenças somatizadas no organismo.
Enfim, sabotar a si mesmo é não
reconhecer sua existência e não compreender o que lhe faz sofrer ou lhe impede
de alcançar seus objetivos e, consequentemente, o sucesso. É preciso se
conscientizar da necessidade de mudança de padrões mentais e comportamentais.
Afinal, alguns sentimentos e emoções quando surgem, se não controlados, podem
ativar outras emoções negativas, drenando energia, limitando forças e gerando
fantasmas desnecessários.
Visto que, o autoconhecimento e a auto empatia são grandes aliados para
derrotar os sabotadores do sucesso pessoal e emocional que, naturalmente podem
surgir para minar o protagonismo do ser humano.
Andrea Ladislau - graduada em Letras e Administração de Empresas,
pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise
Contemporânea. Possui especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. É
palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos
veículos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário