Estima-se que 25% dos pacientes com diabetes desenvolverão pelo menos uma úlcera do pé durante a vida
Divulgação
O pé diabético,
que pode levar ao problema, representa um dos motivos principais para
hospitalização; ABTPé ressalta cuidados
O diabetes é uma doença que afeta mais de 16,8
milhões de brasileiros, segundo a International Diabetes Federation. Em
14 de novembro é celebrado o Dia Mundial do Diabetes, que reforça o alerta ao
problema que tem, entre as principais complicações, as amputações de membros
inferiores.
De acordo com o Ministério da Saúde, de janeiro a
setembro de 2021, foram realizadas 12.639 cirurgias de amputações de membros
inferiores, como pés e pernas, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), decorrentes
da diabetes. O número equivale à média de 46 procedimentos por dia e é 4,18%
maior do que o registrado no mesmo período de 2020 (12.132 amputações).
A diabetes é uma síndrome metabólica de origem
múltipla, decorrente da falta ou da incapacidade para a insulina exercer
adequadamente seus efeitos. Pessoas com diabetes apresentam potencial para o
surgimento de úlceras nos pés, uma das complicações mais comuns e que podem
levar à amputação de um membro ou parte dele. Estima-se que 25% dos
pacientes com diabetes desenvolverão pelo menos uma úlcera do pé durante a
vida. Um dado da International Diabetes Federation, de
2019, ressaltou que, mundialmente, a cada 20 segundos um membro inferior - pé
ou perna - é amputado em decorrência das complicações da diabetes.
“O diabetes pode causar problemas graves nos pés,
que incluem a neuropatia, com alteração da sensibilidade, e vasculopatia, com
prejuízo da circulação local. Essas duas condições associadas facilitam o
aparecimento e a dificuldade de cicatrização das referidas úlceras cutâneas,
que podem evoluir para infecções de pele (celulite), infecções ósseas
(osteomielite), coleções de pus (abcessos) e até gangrena”, fala o presidente
da ABTPé (Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé), José
Antônio Veiga Sanhudo.
O especialista explica que os sintomas da
neuropatia incluem a perda parcial ou total da sensibilidade do pé (toque,
temperatura e dor) e alterações da sensibilidade que frequentemente se
expressam como formigamento. “Em razão disso, os pacientes podem desenvolver
bolhas, calosidades ou feridas, mas podem não sentir nenhuma dor”, salienta.
A diminuição da circulação pode causar mudança na
coloração e temperatura da pele e dor isquêmica, muitas vezes incapacitante.
Inchaço nos membros inferiores são também mais comuns nos diabéticos em virtude
do comprometimento vascular.
O custo do pé diabético
Os custos da saúde são cinco vezes maiores em
indivíduos com diabetes e úlceras no pé quando comparados com indivíduos sem as
úlceras. Uma pesquisa realizada entre 2014 e 2017 pela Universidade de Goiás,
Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Universidade Federal do Rio Grande
do Sul apontou que, em 2014, as hospitalizações de pacientes com diagnóstico de
Diabetes Mellitus para procedimentos relacionados ao pé diabético
custaram R$ 48,4 milhões. Na estimativa do valor, apenas os médicos
diretos foram incluídos. Os custos não médicos, perda de produtividade, custos
com órteses e próteses, custos de assistência domiciliar e serviços sociais para
pacientes que sofreram amputação nas extremidades inferiores, não foram
incluídos no estudo. “Isso significa que o impacto econômico geral do pé
diabético é ainda mais significativo”, salienta Sanhudo.
Cuidados
Pacientes com diabetes devem redobrar a atenção nas
seguintes ações:
- Não andar descalço, especialmente fora de casa. O
uso de calçados especiais para diabéticos – fechados, sem costura interna, com
a parte da frente larga e alta e que tenham palmilhas confortáveis – são
recomendados sempre que possível.
- Sempre usar meias, de preferência brancas (que
facilitam a identificação de secreções), de algodão (que irritam menos a pele),
com costura pouco volumosa e sem elástico (para não comprometer a circulação).
- Examinar os calçados antes de vesti-los, para
certificar-se que não há nenhum objeto dentro que possa machucar o pé.
- Examinar os pés pelo menos uma vez ao dia, tanto
à procura de calos e úlceras, quanto para verificar micoses e rachaduras. Em
caso de diminuição da acuidade visual, peça para alguém realizar o exame.
- Em caso de sapatos novos, examine o pé a cada 30
minutos na primeira semana de uso e sempre examine os pés ao removê-los.
- Procure manter os pés hidratados para evitar
rachaduras cutâneas e infecções secundárias.
- Não tentar retirar calos, limpar úlceras ou
cortar as unhas sozinho.
Associação Brasileira de
Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé - ABTPé
Nenhum comentário:
Postar um comentário