segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Como responsáveis podem lidar com a reprovação escolar?

Ana Regina Caminha Braga, Mestre em Educação, psicopedagoga especialista em educação Inclusiva, fala sobre como abordar a situação com crianças e adolescentes

 

O final de um ano letivo representa também o final de uma etapa acadêmica, a conclusão de um período de estudos e dedicação, marcando a passagem para uma nova fase. Na vida escolar, o “passar de ano” é tratado como o principal objetivo na trajetória do estudante, é o passaporte para novos conhecimentos. Mas e quando a aprovação para um novo ano não vem e o aluno precisa repetir o ano? Qual é a melhor forma para pais e responsáveis agirem nessa situação? 

De acordo com Ana Regina Caminha Braga, psicopedagoga, Mestre em educação e especialista em Gestão Escolar e Educação Inclusiva, o mais importante é dar uma nova perspectiva a reprovação. “Quando um aluno é reprovado, nós sempre vemos como algo negativo. Porém, é importante avaliar do ponto de vista de que pode ser o melhor caminho para ele e o que ele precisa no momento, no sentido de retomar conteúdos que ficaram em aberto. É uma forma para que ele repasse e aprenda conteúdos que teve mais dificuldades”, afirma a especialista. Além disso, é fundamental encarar a reprovação como um sinal de alerta, que pode estar relacionado a possíveis déficits na aprendizagem. “Se o aluno reprovou porque não está conseguindo absorver o conteúdo da maneira que foi proposta, talvez precise do apoio de uma equipe multidisciplinar. O ideal é estar em contato com psicopedagogos, psicólogos e profissionais que irão prestar o serviço necessário para o momento”, explica a especialista. 

Outro posicionamento importante é analisar a questão do formato de avaliação da instituição em que o aluno está matriculado. “Muitas vezes o sistema educacional usa exclusivamente a classificação por notas para avaliação, e nós acabamos limitando os méritos dos alunos nesse padrão. Se uma criança tira nota vermelha, ela pode ser considerada muito ruim, se tira nota azul está ótimo, não precisamos fazer mais nada por ela, quando na verdade precisamos entender que cada ser humano tem o seu tempo e ritmo. Não podemos colocar todos no mesmo patamar. É possível que alguns precisem de um tempo a mais. É sempre preciso avaliar a situação”, declara a profissional. 

Ana Regina destaca, também, que é determinante questionar e entender o motivo que levou o aluno a reprovação. “Será que houve algum momento de ruptura? Emocional ou afetiva? Houve algum tipo de desconforto com o professor dentro de sala? Algum problema familiar? Tudo isso pode ser também motivo para a criança ou adolescente chegar a reprovação”, detalha. A especialista ainda evidencia a importância da presença dos pais e responsáveis na escola. “Acompanhar o dia a dia do aluno junto aos professores e pedagogos pode fazer toda a diferença, já que esses profissionais podem identificar as dificuldades e traçar um caminho de estratégias alternativas, podendo evitar a necessidade de reprovação”, diz. 

Acima de tudo, o mais importante é que a abordagem não se concentre unicamente na criança. “Não devemos imprimir toda a culpa diretamente no aluno reprovado. Hoje, estamos mais avançados em estudos sobre a reprovação e sobre as dificuldades de aprendizagem. Sabemos que vários fatores unidos causam a queda de desempenho de um aluno. A reprovação é um momento delicado na vida dos alunos, pais e responsáveis, mas é na unidade entre família e escola, com o apoio de profissionais adequados, que será encontrada a melhor forma de lidar com a situação”, completa Ana Regina Caminha Braga.

 

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