Segundo o último Censo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o percentual da taxa de reconstrução mamária (razão de reconstruções pelo número total de mastectomias, multiplicados por 100, a cada ano), que em 2008 foi de 14,9%, continuou estável até 2012; em 2014 era de 29,3%; e passou a aumentar a partir da implantação da lei de reconstrução mamária, em 2013. Em 2017, aproximadamente 34% das mulheres realizaram a reconstrução mamária.
Se
não tivesse ocorrido queda das cirurgias oncológicas, a taxa de reconstrução
poderia estar em aproximadamente 44%. Em 2020, a pandemia de covid-19 impôs
restrições à realização de cirurgias plásticas. Mas, já no início de 2021, os
sinais de recuperação foram perceptíveis, com um aumento de quase 50% na
procura por procedimentos, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Como
ocorre a reconstrução das mamas
A reconstrução mamária é realizada através de várias técnicas que tentam restaurar a mama, considerando forma, aparência e o tamanho; após a mastectomia (retirada da mama, de forma parcial ou total, para remover ou prevenir o câncer de mama).
“A mama é uma das principais marcas externas da feminilidade, e a sua perda, parcial ou total, traz prejuízos na imagem corporal e no psicológico. Quando o cirurgião plástico realiza a reconstrução mamária, atua de maneira significativa na melhora da autoestima da mulher”, afirma o cirurgião plástico Dr. Luís Felipe Maatz, Especialista em Reconstrução Mamária pelo Hospital Sírio-Libanês e Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
Segundo
ele, a reconstrução envolve vários procedimentos realizados em múltiplos
estágios. Saiba como são as etapas, de acordo com as normas da SBCP:
Etapa
1 – Anestesia
Medicamentos
são administrados para o seu conforto durante o procedimento cirúrgico. As
opções incluem sedação intravenosa e anestesia geral. Seu médico irá recomendar
a melhor opção para você.
Etapa
2 – Técnicas de retalhos com músculo, gordura e pele próprios da paciente para
criar ou cobrir o local da mama
Às vezes, a mastectomia, ou o tratamento com radiação, podem deixar tecido insuficiente na parede torácica para cobrir e sustentar o implante mamário. O uso de implante mamário para reconstrução exige quase sempre uma ou demais técnicas de retalho ou expansão de tecido.
O retalho TRAM usa como doador músculo a gordura e a pele do abdômen da paciente para reconstruir a mama. O retalho pode permanecer com o suprimento sanguíneo original e ser tunelizado (criar um acesso) para ser posicionado na caixa torácica ou ser completamente separado para formar a nova mama.
Como alternativa, o cirurgião pode escolher o DIEP, ou técnicas de retalhos SGAP, que não usam músculo, mas tecido do tórax posterior ou da nádega. O retalho do latissimus dorsi utiliza músculo, gordura e pele tunelizados no local da mastectomia, permanecendo com seu suprimento sanguíneo original.
Ocasionalmente,
o retalho pode reconstruir a mama, mas, muitas vezes, fornece o músculo e o
tecido necessários para cobrir e sustentar o implante mamário.
Etapa
3 – Expansão da pele saudável para dar cobertura a um implante mamário
Reconstrução
com expansão do tecido permite recuperação mais rápida que os procedimentos
utilizando retalhos. No entanto, é um processo de reconstrução mais demorado.
Este procedimento requer muitos retornos ao consultório, por 4 a 6 meses, após
a colocação do expansor, para enchê-lo através de uma válvula interna e
expandir a pele. Um segundo procedimento cirúrgico será necessário para
substituir o expansor, que não é concebido para servir como implante
permanente.
Etapa
4 – Cirurgia de colocação do implante mamário
O
implante mamário pode ser um complemento ou uma alternativa para técnicas de
retalhos. Implantes de silicone estão disponíveis para a reconstrução. O
cirurgião irá lhe ajudar a decidir qual alternativa é melhor para você.
Reconstrução com implantes geralmente requerem expansão de tecido
Etapa
5 – Enxertos e demais técnicas especializadas para criar o mamilo e a aréola
A reconstrução da mama é finalizada através de uma variedade de técnicas para reconstruir o mamilo e a aréola.
Os resultados finais da reconstrução pós mastectomia podem ajudar a minimizar o impacto físico e emocional da mastectomia. Com o tempo, certa sensibilidade na mama pode voltar, e as cicatrizes tendem a melhorar, embora nunca desaparecerão completamente.
“Há algumas limitações, mas a maioria
das mulheres acha que são pequenas em comparação à melhoria em sua qualidade de
vida. Monitoração cuidadosa da saúde da mama através do autoexame, mamografia e
demais técnicas de diagnóstico é essencial para sua saúde a longo prazo. Vale
lembrar que, antes de decidir realizar a reconstrução mamária, é fundamental
buscar sempre um médico comprovadamente qualificado, experiente e que seja
membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica”, finaliza Dr. Luís Felipe
Maatz.
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