Amigo livro, nesse teu dia quero agradecer-te pela nossa amizade, pelo companheirismo, por me ensinar tantas coisas. Se todos tivessem um amigo como você, ou melhor, uma amizade como a nossa certamente teríamos pessoas mais cultas, mais justiça social e mais compreensão.
Seria nobre saber que pessoas da zona Sul à zona
Norte tivessem a mesma amizade contigo; que indivíduos da cidade e do cerrado
tivessem a felicidade de te conhecer desde criança. E sabe porque digo isso?
Por que aprendi com você.
Dizem que precisamos ter contato e ouvir os mais
velhos para que possamos aprender. Penso que estou no caminho certo porque
você, amigo, é tão velho que nem você sabe sua idade. Quantas coisas eu aprendi
por estar contigo, te ouvir, aliás, você diz muito, as vezes preciso ser
resiliente para separar um tempo para ouvir tuas intermináveis histórias, mas
que no final sempre valem a pena.
Confesso que você é um grande companheiro e nunca me abandonou. Esteve sempre
comigo nos momentos felizes, tristes, nas noites mal dormidas, você conta
histórias ou sempre me ensina algo. Lembro-me daquela noite antes de uma prova
difícil que ficou me ensinando até que peguei no sono.
De manhã cedo acordei e você estava lá, ao meu
lado, incentivando: "vamos, estuda mais um pouquinho". Lembro-me
de outra vez no hospital quando acordei da cirurgia e olhei para o lado, lá
estava você. Alguém te deixou lá para que me fizesse companhia e, como bom
companheiro, só saiu de lá junto comigo quando fui para casa.
Ah, meu amigo, quantas histórias fascinantes me
contou. Eu nunca esqueço daquela de um aventureiro que saiu da África em um
barquinho e remou "Cem Dias Entre Céu e Mar" até a costa brasileira.
E o dia em que me apresentou "O Pequeno Príncipe"? Este foi marcante,
aprendi tanto com ele! E como poderia esquecer de nossas aventuras quando
voamos sobre o mar ao lado dos penhascos com o "Fernão Capelo
Gaivota"? Aquele pássaro fantástico que me ensinou que podemos voar sempre
mais alto.
Contigo conheci lugares incríveis como a Itália
onde viajei de Milão à Costa Amalfitana com "O Viajante de Conca".
Quantas boas lembranças, quanto conhecimento! Que bom que você se modernizou e
fez tantas amizades digitais para compensar aqueles que não te valorizam e te
largam às traças.
Seria digno se todos pudessem ter uma amizade como
a nossa, essa cumplicidade, maturidade, o respeito que tenho por você, meu
milenar amigo. Ah, se todos te conhecessem e pudessem desfrutar das tuas
histórias desde o berço e usufruir da tua sabedoria por toda a vida. Sem receio
digo que teríamos um mundo mais culto, mais sensato, com mais possibilidades de
convergir ideias diferentes, de descortinar verdades escondidas e de descobrir
mundos distantes sem sair de dentro de casa.
Mas o que posso dizer por mim é que eu tenho tanto
a agradecer por tudo o que fez por mim. Dizem que a gente deve externar os
sentimentos, então preciso dizer: eu te amo meu amigo e eu amo a nossa amizade.
E que em meu derradeiro dia alguém possa te abrir para que eu possa ouvir de
tuas páginas algumas palavras sagradas e descanse em paz.
Sérgio Giacomelli - escritor, engenheiro eletricista e um apaixonado por pesquisas.
Descendente de italianos escreveu o romance de época D'Angelo
- O Viajante de Conca.
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