Início esta breve
reflexão, desculpando-me pelo uso do neologismo "ensinante",
sabidamente inexistente no vocabulário oficial da Língua Portuguesa, embora
facilmente associado ao ato de ensinar. Destaco, porém, que a originalidade não
é minha, e sim de Alicia Fernández, uma psicopedagoga argentina, falecida em
2015, com 59 anos, cujo legado no campo das Ciências da Educação é bastante
expressivo e interessante. Por isso, com a devida vênia, o utilizarei durante a
homenagem que prestarei a este personagem marcante na humanidade, normalmente
chamado "apenas" professor.
Habitualmente, tem-se
utilizado a palavra professor aos profissionais da Educação incumbidos da
missão de ensinar, entretanto, particularmente, eu considero que estes
profissionais não devem ser concebidos como meros ensinantes, como diria Alicia
Fernández, mas muito mais que isto.
Considerando-se
especificamente a origem da palavra professor, esta nos remete ao ato de
professar, ou afirmar publicamente certo conhecimento. Portanto, somente aí já temos
duas atribuições ao professor, o atestado público do conhecimento e o ato de
ensinar.
Nesse contexto, cabe a
lembrança de outro cientista, importante no estudo do desenvolvimento da pessoa
humana, que é o psicanalista alemão Erik Erikson, falecido em 1994, com 92 anos
de idade. Segundo Erikson, o ser humano se desenvolve, ou se educa, ao longo de
toda a vida, rigorosamente, de seu início ao fim, dando, portanto, à Educação
um papel especial.
Assim, este personagem
marcante na História, o professor, é para mim o chamado "três em um":
alguém que professa seu conhecimento, ensina e educa seu aluno. Portanto, na
realidade, a figura do "simples" professor é muito frágil.
O professor que
homenageamos no dia 15 de outubro de cada ano é este "três em um", o
missionário abnegado, convicto, decisivo e perseverante, indispensável para
todos nós, durante a vida inteira, e que é merecedor de todo o respeito por
parte dos mais diferentes segmentos da sociedade.
Dentre as distinções
que faço ao professor ou à professora, em meio a tantas possíveis, está sua
obstinação pela missão assumida, a nobre missão de participar diretamente do
desenvolvimento de seus discípulos, seja na Educação Básica ou Superior; seja
especificamente na Educação de Jovens e Adultos, num curso profissionalizante
ou outro qualquer, enfim, não importa, considero este "três em um",
um verdadeiro missionário obstinado.
Não é por acaso que
tenho reiterado continuamente a frase "Ser Professor é ser feliz",
pois realmente, somente alguém que é feliz com o que faz e convictamente
assumido com sua investidura de pleno professor, é que consegue cumprir
efetivamente a nobre missão de ser o "três em um". Não me agradam
certas expressões como "dou aulas", ou pior ainda, "dou algumas
aulinhas"; o "três em um" não dá aulinhas, ele faz muito, muito
mais que isto.
Este célebre
personagem que homenageamos em 15 de outubro é um cidadão que sobrevive em sua
nação, como qualquer outro, pois possui família, compromissos pessoais,
prazeres, sofrimentos e outras coisas do gênero, mas, a despeito de tudo isto,
ele é diferenciado, é quase sobrenatural. Este modelo de professor é o que
ficou registrado na mente de cada um de nós, lembramos de seu nome, seu rosto,
seus gestos; este é o chamado "Professor ou Professora Marcante",
nosso bom exemplo de alto conhecimento e de saberes do conteúdo abordado,
aquele ou aquela que nos ensinava sempre sob uma aura de felicidade, nosso
paradigma de ética e moral, um completo "três em um", professor,
ensinante e educador.
Feliz dia do
Professor!
Ítalo Francisco Curcio - doutor e pós-doutor
em Educação. Pesquisador no curso de Pedagogia da Universidade Presbiteriana
Mackenzie.
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