Rumo a serviços financeiros personalizados com Open Banking e dados compartilhados
O Open Banking está se tornando algo muito grande
muito rapidamente. Apesar do conceito ter sido introduzido nos últimos anos, já
está mudando drasticamente os serviços financeiros para milhões de pessoas em
todo o mundo. No Brasil, a iniciativa do Open Banking está sendo liderada pelo Banco Central
do Brasil com o objetivo de modernizar e digitalizar o sistema bancário,
introduzir novas instituições não bancárias, proteger e adicionar novos
produtos ao mercado - além de elevar a educação e a inclusão financeira. E os
brasileiros parecem interessados em participar dessa nova iniciativa, tendo uma
das impressões
mais positivas pelo Open Banking no mundo.
A base: dados compartilhados
Então, o que é o Open Banking? Open Banking é
essencialmente uma rede compartilhada de dados do consumidor, com o
consentimento dos consumidores, que é acessível às instituições financeiras
participantes (IFs) por meio de interfaces de programação de aplicativos
(APIs). Consequentemente, o Open Banking permite que os consumidores
compartilhem informações financeiras sobre si mesmos que, no passado, eram
conhecidas apenas por seus bancos ou provedores de serviços específicos. Essas
informações recém-compartilhadas podem incluir detalhes de contas bancárias,
transações de cartão de crédito, transferências de dinheiro, pagamentos de
serviços públicos, salários e muito mais. Até então, essas informações pertenciam
a essas empresas e agora a propriedade está sendo transferida para o
consumidor.
No Brasil, a partir de agosto de 2021, os
consumidores podem optar por compartilhar suas informações financeiras com as
instituições financeiras participantes, que podem, por sua vez, oferecer-lhes
novos serviços fora do ambiente de seu banco. Como resultado, esses
consumidores obtêm visibilidade de várias instituições financeiras e de seus
serviços concorrentes, como taxas reduzidas ou limites de crédito aumentados.
Além disso, essa visibilidade permitirá que pessoas com acesso limitado a
produtos financeiros tenham muito mais opções disponíveis, como pagamentos e
crédito online.
A experiência dos consumidores com o Open Banking
será principalmente por meio de plataformas online. Na prática, o Open Banking
está instalado em plataformas digitalizadas desenvolvidas por bancos e
fintechs, que podem ser acessadas pela internet, sem a necessidade de visitas
presenciais ou agências. No entanto, o valor central subjacente a essas plataformas
são, na verdade, os dados compartilhados.
A chave: valor agregado e confiança
Como optar por abrir um banco e compartilhar seus
dados é uma escolha pessoal e voluntária, um grande desafio para as
instituições financeiras participantes será criar uma proposta de valor para
ajudar os clientes a perceber que o banco aberto pode beneficiá-los
pessoalmente. Assim que isso acontecer, é provável que muitos dêem o seu
consentimento. De acordo com pesquisas
recentes, 70% dos consumidores estão dispostos a fornecer informações
pessoais se isso levar a melhores decisões de crédito. Além disso, muitos
brasileiros já estão acostumados a gerenciar várias contas: 1
em cada 4 brasileiros operam suas finanças combinando serviços bancários e
fintech.
Outro fator importante para os consumidores
adotarem o Open Banking será a confiança de que seus dados pessoais serão
mantidos seguros e protegidos. Isso é um pouco semelhante a uma pessoa
permitindo serviços de localização em seu telefone celular ou permitindo que o
Google ou o Facebook rastreie sua atividade na Internet para ajudar a criar
serviços mais personalizados. Nesse sentido, é interessante notar que os
brasileiros confiam
mais em bancos tradicionais com seus dados pessoais do que em não bancos.
Portanto, as fintechs precisam provar que também são confiáveis. A boa notícia
é que o Open Banking é bem regulamentado e que todas as instituições
financeiras participantes devem cumprir as regras de proteção de dados e
declarar exatamente quais dados serão usados e por quanto tempo.
O benefício: serviços personalizados
Em geral, para que os clientes realmente percebam o
valor e a confiança no sistema bancário aberto, as instituições financeiras
precisam personalizar os serviços oferecidos, de acordo com o que o consumidor
realmente deseja ou precisa. Até agora, as instituições financeiras só foram
realmente capazes de fornecer segmentações muito gerais de serviços para seus
clientes, com base em amplas variáveis demográficas ou pontuações de bureau,
por exemplo. Mesmo depois de muitos anos no mesmo banco, é difícil imaginar que
eles o conhecessem o suficiente para lhe oferecer um serviço personalizado ou
prever suas necessidades. Com uma visão mais ampla da situação financeira de um
cliente, os dados compartilhados no Open Banking permitem não apenas ao banco
do consumidor fazer isso melhor, mas também a outras instituições
financeiras.
Isso pode ser alcançado em parte porque muitos dos
dados compartilhados descrevem os comportamentos financeiros, preferências e
até mesmo características pessoais dos consumidores (isto é, dados psicométricos),
acima e além de sua situação financeira. Isso pode ser aprendido com os
próprios clientes e os dados que eles compartilham, com a ajuda do aprendizado
de máquinas e da inteligência artificial. Por exemplo, usando dados
comportamentais compartilhados, IFs podem ajudar uma pessoa a gerenciar melhor
a situação financeira de um cliente, como aconselhando-os a economizar para um
pagamento de dívida iminente ou oferecendo-lhes crédito futuro para montantes
de receita atrasos inesperados identificados ou maiores despesas temporárias.
Além disso, as IFs podem ajudar fornecendo lembretes personalizados, dicas,
avisos ou sugestões para se tornarem mais educados financeiramente.
Em todos esses casos, o consumidor tem autonomia
para decidir o que fazer, com a IF fornecendo-lhe as ferramentas e opções para
fazê-lo. A partir dessas decisões, a IF pode aprender suas preferências, pode
saber quais mensagens são mais eficazes, qual é a melhor maneira de ser
contatado, quais serviços foram preferidos, etc. Esse conhecimento é aprimorado
e aprendido mais rápido, especialmente quando os dados são compartilhados entre
fornecedores, e também pode ser aplicado proativamente a outras pessoas
semelhantes.
Uma vez que o processo e a base para o
compartilhamento de dados já começaram, as IFs agora têm o desafio de encontrar
maneiras de aproveitar esses dados, desenvolvendo novas tecnologias, modelos e
produtos inteligentes que irão melhorar e personalizar os serviços e levar a
uma maior inclusão financeira e crescimento econômico.
Saul Fine - CEO da Innovative Assessments
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