Médico membro da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Plástica explica tendência e faz alerta
O aumento no número de reuniões através de videochamadas no último
ano, fez as pessoas olharem muito mais para o próprio rosto de forma bastante
crítica, levando-as a perceber (e a implicar com) detalhes que antes não
incomodavam tanto.
Esse fenômeno vem sendo chamado de ‘Efeito Zoom’ em referência ao aplicativo de
videochamadas e é definido pelo anseio por mudanças estéticas que melhoram a
aparência do rosto, impulsionado pelo grande volume de reuniões virtuais.
Um exemplo disso é a rinoplastia. A busca pelo termo e preço do procedimento
teve aumento repentino nas plataformas de pesquisa do Google desde março do ano
passado, mês em que as pessoas passaram a trabalhar de suas casas devido à
pandemia.
Victor Cutait, cirurgião plástico há mais de 20 anos e membro da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), viu a movimentação de sua clínica
estética, em São Paulo, aumentar vertiginosamente desde o início do isolamento,
especialmente a busca por procedimentos para melhorar a aparência do rosto e sinais
de envelhecimento, tais como preenchimento e botox, rinoplastia e levantamento
de pálpebras, colocação de próteses de silicone nos seios e lipoaspiração.
"A vida das pessoas foi modificada em muitos âmbitos com o isolamento
social, inclusive na forma com que elas se sentem em relação a si mesmas. O uso
intensificado de plataformas de videoconferência aliado à ansiedade e ao
estresse, influenciou, e muito, na busca por procedimentos estéticos",
afirma o médico.
De acordo com o profissional, outro fator para o aumento do interesse por
cirurgias plásticas neste momento é a facilitação do período de recuperação
devido ao trabalho remoto. Isso ainda possibilita pouco contato direto com o
sol, um grande inimigo na recuperação da pele - já que pode aumentar o inchaço.
Outros procedimentos
A toxina botulínica, preenchimento e harmonização facial, como também pequenas
remoções de excesso de pele na região dos olhos e até mesmo a limpeza de pele
são procedimentos que também tiveram um aumento considerável durante a
pandemia. Ainda de acordo com o site de buscas, o índice de procura por
harmonização facial, por exemplo, aumentou 250% nos últimos meses. Da mesma
forma, subiu 80% o interesse por botox no rosto no mesmo período.
Tais técnicas são interessantes uma vez que tornam a aparência da face mais
suave, intensificando a melhor relação com o próprio corpo em diversas
situações, inclusive remotamente.
"Todos esses procedimentos ajudam na autoestima e faz com que as pessoas
até mesmo atuem melhor no trabalho e em suas relações interpessoais. Quando
estamos confortáveis e seguros em nossa própria pele a vida, como um todo,
tende a ser mais agradável", explica o cirurgião.
O médico, no entanto, faz um alerta baseado em muitos casos que chegam a seu
consultório: a influência das redes sociais que, durante a quarentena, se
tornou um meio simples de entretenimento.
"O Instagram sempre foi utilizado como ferramenta para ostentar uma vida
de faz de conta onde são publicadas imagens de corpos exuberantes, mas com
ajuda de filtros que mostram uma falsa perfeição. Estas ferramentas estão
distorcendo a maneira como as pessoas veem seus corpos e rostos, acentuando
problemas de autoestima e resultando em transtornos de imagem", diz.
Tendência mundial
O efeito zoom é uma realidade também nos Estados Unidos, onde um boom de
cirurgias plásticas ocorreu nos últimos meses.
De acordo com pesquisa realizada pela Sociedade Americana de Cirurgiões
Plásticos (ASPS) com mais de 1.000 mulheres, 11% delas, que nunca fizeram
cirurgia estética, disseram que estavam mais interessadas nos procedimentos
atualmente comparativamente ao período antes da pandemia.
Além disso, levantamento divulgado pela Sociedade de Dermatologia Feminina
daquele país, revelou que 85% dos entrevistados citaram a videoconferência como
pelo menos um dos motivos pelos quais os pacientes estavam interessados em
realizar procedimentos estéticos.
Victor Cutait - possui graduação em Medicina pela
Faculdade de Medicina de Marília (2001) com especialização em cirurgia plástica
pelo Instituto Brasileiro de Cirurgia Plástica, em São Paulo. Ele é membro da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), professor de cirurgia
plástica da Universidade Nove de Julho (UniNove) e dirige a Clínica Cutait
Cirurgia Plástica, especializada em Cirurgia Plástica, Dermatocosmiatria e
Fisioterapia Dermatofuncional. O médico cirurgião é pioneiro em lipoaspiração
fracionada no Brasil.
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