O cenário pandêmico ocasionou muitas cicatrizes de forma mundial, algumas feridas ainda estão abertas, não somente no físico, mas também no psicológico. Nos últimos dois anos, a saúde mental foi muito afetada e, engana-se, quem logo associa problemas de ansiedade, exclusivamente, nos adultos, por exemplo. As crianças também são prejudicadas e apresentam sintomas de ansiedade, que merecem atenção profissional.
Após a chegada do novo coronavírus, uma em cada
quatro crianças apresentou sintomas de ansiedade, de acordo com um estudo da
USP. No período anterior à pandemia, pesquisas indicavam que a doença atingia
uma a cada oito crianças.
É fato que ninguém estava preparado para enfrentar
um período como esse, contudo, os mais jovens, acabam sofrendo mais por não
terem uma estrutura emocional desenvolvida, como os adultos.
Houve mudança nos níveis de ansiedade dos pequenos,
pois o “novo normal” exigiu uma adaptação na rotina. Outro fator que colaborou
negativamente nesse cenário de isolamento social foi o afastamento dos colegas
da escola e parentes.
Vale considerar que uma criança não tem a mesma
estrutura interna que um adulto, principalmente ao se expressar, e caso os pais
não estejam atentos, consequentemente, não vão perceber o possível sofrimento
dos seus filhos.
Os principais sinais apresentados por crianças com
ansiedade podem ser:
- Preocupações
excessivas e expectativas descoladas da realidade,
- Fixação
em negativos,
- Dificuldades
na memória e atenção.
Além dos sintomas físicos, como: episódios de
diarréia, sensação de falta de ar, sudorese e taquicardia.
Após identificar esses sinais e o tipo de
ansiedade, a procura por um especialista é necessária, porque quanto antes for
diagnosticado e tratado, melhor será a recuperação durante o desenvolvimento
das crianças.
Quais são os tipos de ansiedade infantil?
Crianças pequenas, geralmente, têm maior
dificuldade em expressar o que estão sentindo e, dessa forma, podem não
conseguir falar sobre o que está acontecendo internamente, já que elas próprias
também não entendem o que é estar “ansiosas”.
Existem alguns tipos de perturbação da ansiedade,
que se alternam segundo a situação causadora. Os principais tipos de ansiedade
identificadas em crianças, são:
- Transtorno
de ansiedade;
- Transtorno
de ansiedade de separação, que é mais comum em crianças pequenas;
- Fobias
específicas e sociais;
- Transtorno
de pânico, mais comum em adolescentes;
- Transtorno
de estresse pós-traumático.
Estudos demonstram que a ansiedade na infância é um
fator de risco aumentado para o desenvolvimento de outros transtornos
comportamentais na vida adulta, por isso, é necessário cuidado e atenção dos
pais e professores na escola.
Muitos destes tipos de ansiedade podem ser tratados
com terapia comportamental, utilizando princípios de exposição e reação e, em
alguns casos, com ajuda de medicação. É fundamental seguir as orientações de um
profissional especializado, como um psicólogo.
Pais nervosos, filhos ansiosos?
O ambiente de criação influencia no crescimento e
desenvolvimento da personalidade de uma criança. A ansiedade dos pais, ou
nervosismo apresentado em casa, atrelado a brigas, podem ter influência de
forma crucial na saúde mental durante a infância e adolescência, refletindo na
vida adulta.
O recomendado é que os pais se proponham a criar um
ambiente emocionalmente saudável para os filhos, que aprendam a combater os
seus medos e desenvolver o controle das emoções, prevenindo o surgimento de
transtornos de ansiedade, por exemplo.
Além disso, é importante a abertura dos pais para
acolher angústias que os filhos apresentem durante esse período e procurar não
julgar. Com isso, um canal de comunicação é aberto, logo, os níveis de ansiedade
dos pequenos podem diminuir.
Felipe Laccelva - psicólogo fundou
a Fepo
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