No mundo dos negócios, é muito comum
utilizar-se de histórias e metáforas para passar mensagens importantes. Por
isso, hoje vou lhes contar uma que aconteceu nos anos 80. A indústria pesqueira
do Japão notou que um problema estava acontecendo. Com o passar dos anos, os
peixes estavam cada vez mais distantes da costa, pois o país tem um alto
consumo de peixes em seu cardápio. Para solucionar isto, tornou-se necessário
construir embarcações maiores e viajar por mais dias para ter acesso aos
grandes cardumes.
Essa parte foi de
fácil solução. Os navios foram construídos, as viagens foram realizadas e os
peixes foram encontrados, porém um novo desafio emergiu. Como os dias de viagem
eram mais longos, os peixes já não chegavam tão frescos como antigamente e isso
prejudicou a qualidade e fez com que o consumo caísse. Novamente foi criada uma
solução. Construir navios ainda maiores e colocar tanques de água dentro dos
navios para que os peixes chegassem vivos à costa. A ideia parecia boa, mas....
não deu certo. Os peixes chagavam sim frescos, mas o gosto não era o mesmo,
pois, dentro dos tanques, com comida à vontade e sem predadores naturais, esses
peixes ficavam parados, preguiçosos e inativos, e isso mudava o sabor da sua
carne.
Foi neste momento
que surgiu uma ideia que inicialmente parecia um absurdo. Colocar pequenos
tubarões nesses tanques para que os peixes se sentissem ameaçados e se
movimentassem constantemente em busca de sobrevivência durante a viagem. Logo
vieram as objeções de que muitos peixes morreriam no trajeto e isso poderia não
valer a pena. Mesmo assim, algumas empresas decidiram testar a ideia. O
resultado foi que, sim, alguns poucos morriam no caminho, mas o sabor e frescor
estavam de volta e o consumo voltou a crescer.
Eu escutei esse caso
no início da minha vida como gestor e nunca mais esqueci. Mesmo tendo
acontecido do outro lado do mundo, e com um segmento de mercado totalmente
diferente do que eu atuo, essa se transformou em uma excelente metáfora para o
mundo corporativo. Todas as empresas precisam permanentemente de tubarões no
tanque.
O que isso quer
dizer? Todas as empresas, principalmente as já estabelecidas no mercado
acreditam que tem seu futuro garantido e terão uma vida longa e próspera. Mas
isso não existe mais. É preciso se reinventar o tempo todo e estar aberto ao
novo, ao diálogo, a novas soluções antes não pensadas. Basta ver alguns
exemplos atuais com como Uber, Spotify e Netflix. Cada uma destas empresas
transformou a forma como as pessoas dialogam com transportes, músicas e filmes.
A metáfora do
tubarão também serve para as pessoas dentro das empresas. A grande maioria de
nós, busca trabalhar em ambientes seguros, cercado de pessoas que pensam semelhante,
assegurando o mínimo possível de contradições e desconforto. É a busca,
consciente ou não, pela zona do conforto. Da mesma forma que os peixes dentro
dos tanques, esse comportamento nos transforma em "peixes
preguiçosos", quando o que realmente precisamos é dos "tubarões"
que pensam diferente e que nos desafiam.
Tubarões geram
inquietude, receio e preocupação. Eu sei que parece ruim, mas são os tubarões
que criam um ambiente de desafio constante que faz com que nós como indivíduos,
como times e como organização, busquemos evoluir e nos desenvolvermos.
Para finalizar,
minha dica é: Tenha um tubarão em sua vida!
Filipe
Colombo - atua desde 2013
como CEO da Anjo Tintas. Formado em Administração com ênfase em Marketing,
Filipe ocupou, aos 27 anos, o cargo máximo da empresa. É conselheiro
profissional formado pelo IBGC e possui MBA em administração de empresas nos
EUA, na China e nos Emirados Árabes. Durante quatro anos, passou por todos os
setores da empresa em que hoje é CEO. Desde carga e descarga, estoque, recursos
humanos, departamentos financeiro e comercial, Filipe sempre esteve presente na
organização fundada por seu pai, Beto Colombo, em 1986, e atualmente uma das
principais indústrias do setor no país. O autor possui experiência em
desenvolvimento de estratégias de sucesso para B2B (Business to business) e B2C
(Business to consumer), que fizeram a empresa crescer 685% nos últimos cinco
anos, transformando a Anjo Tintas em uma das principais indústrias brasileiras
de tintas via estratégias comerciais, melhoria de eficiência produtiva e
redução de custos. Além disso, planejamento estratégico, reestruturação,
marketing, inovação, governança corporativa, liderança de equipes de alta
performance e conselho administrativo também compõem a trajetória do CEO.
Apaixonado por esportes, Filipe é triatleta amador nas horas vagas.
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