Dados são divulgados pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) no dia 23 de setembro, data dedicada à conscientização sobre esse problema de saúde da pele
Três em cada dez brasileiros acreditam
que a dermatite atópica, uma doença caracterizada por pele seca, lesões avermelhadas
e coceira intensa, é um problema de saúde contagioso, ou seja, que pode ser
transmitido pelo contato direto. Essa visão equivocada indica o preconceito com
respeito a esse quadro que afeta de 15% a 25% das crianças e cerca de 7% dos
adultos. A conclusão aparece em pesquisa, divulgada nesta quinta-feira (23)
pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). O trabalho foi realizado pelo
Instituto Datafolha, com apoio institucional da biofarmacêutica AbbVie.
Nesta data (23/09),
quando se comemora o Dia da Conscientização da Dermatite Atópica, a SBD revela
que na percepção de 47% da população, essa enfermidade é causada por maus
hábitos de higiene; 46% acreditam, erroneamente, que o paciente não poderia ter
contato com crianças; e 36% entendem que pessoas com manifestações visíveis não
deveriam sair de casa, ir à escola ou ao trabalho. No entendimento de 33%, elas
não poderiam até mesmo usar o transporte público.
"É preciso
combater o preconceito contra pessoas que apresentam a dermatite atópica. Trata-se
de um problema de saúde que causa desconforto, mas pode ser tratado com a ajuda
de médicos dermatologistas, com o apoio de outros profissionais da saúde. Neste
processo, os pacientes devem ser respeitados em sua individualidade,
evitando-se posturas agressivas ou restritivas contra eles", ressaltou
Mauro Enokihara, presidente da SBD, que neste mês promove uma campanha de
conscientização sobre o tema.
Percepção - O preconceito é mais
um sintoma visível da dermatite atópica, conforme demonstra o estudo que ajuda
a compreender um pouco sobre a percepção que cerca esse problema de saúde. Os
dados demonstram que, apesar de relativamente comum em diferentes faixas
etárias, a dermatite atópica (DA) ainda é desconhecida por boa parte dos
brasileiros. A pesquisa mostra que menos da metade da população (37%) a
reconhece, e mesmo entre este público o conhecimento ainda é parcial.
A falta de informação
leva apenas 4% dos entrevistados que conhecem a doença a afirmarem corretamente
que dermatite atópica e eczema atópico são sinônimos. Para 21% deles, trata-se
de uma reação alérgica e outros 21% a veem apenas como uma doença de pele. No
entanto, entre os que ouviram falar sobre eczema atópico, 58% não sabem o que é
a enfermidade.
Embora 59% dos
brasileiros tenham apresentado pelo menos um dos sintomas característicos da
dermatite atópica, o diagnóstico para esta doença ocorreu em apenas 1% dos
casos. Outros 2% foram diagnosticados como alergia. Para o vice-presidente da
SBD, Heitor de Sá Gonçalves, esse resultado revela duas situações.
"Em primeiro
lugar, muitas pessoas não procuram a ajuda dos médicos para tratarem o
desconforto causado pelas lesões e coceiras. Além disso, sabemos que há
dificuldade de os próprios médicos reconhecerem os quadros que indicam a presença
deste problema de saúde na população, o que impede o diagnóstico correto",
disse.
Sintomas - Os dados confirmam
este entendimento. A pesquisa revelou que cerca de metade dos adultos que
apresentaram três ou mais sintomas de dermatite atópica não procurou um médico
(53%). Entre os que procuraram ajuda especializada, 33% dos pacientes e 67% dos
cuidadores (ou responsáveis por crianças até 15 anos) precisaram ir em dois ou
mais médicos diferentes em busca do tratamento adequado.
Tanto entre os adultos
(32%) quanto entre as crianças (46%), o principal diagnóstico foi
"alergia". Por fim, ainda que apresentassem vários sinais, 34% dos
adultos e 23% das crianças saíram das consultas sem diagnóstico, ainda que 44%
dos pacientes e 54% dos cuidadores tenham alegado que a intensidade dos sinais
e sintomas é moderada ou grave.
De acordo com o relato
dos entrevistados, entre os pacientes adultos, 50% apresentam pelo menos quatro
dos cinco sintomas da enfermidade como coceira (87%), pele seca (86%), pele
irritada com vermelhidão (73%), descamação (55%) e ‘pequenas bolhas que se
rompem e minam água’ (37%). Dentre eles, embora 28% relatem a presença de
sintomas desde a infância, apenas 36% foram diagnosticados.
Entre os entrevistados
com até dois sintomas, sete em cada dez não procuraram um médico (69%). Dos que
buscaram, 26% dos adultos e 56% das crianças foram diagnosticados como alergia
e 40% dos adultos e 52% das crianças não receberam nenhum diagnóstico, apenas
recomendações e medicamentos.
Dermatologia - Com relação à
especialidade da medicina indicada para tratar a dermatite atópica, os
entrevistados reconhecem na dermatologia a mais preparada. Entre os brasileiros
sem sinais da doença, 69% disseram que procurariam um dermatologista, 13% buscariam
um clínico geral e 2% um alergista/imunologista.
"A percepção dos
entrevistados sobre a dermatologia como sendo a área mais preparada para
diagnosticar e tratar a dermatite atópica serve de estimulo aos nossos
especialistas para que continuem a se qualificar para o oferecer aos pacientes
e seus familiares o melhor atendimento", finalizou o presidente da SBD.
A pesquisa do
Datafolha ouviu 1.001 pessoas de todas as regiões do país, por telefone, entre
9 e 23 de outubro de 2020. A margem de erro máxima para o total da amostra é de
3 pontos percentuais para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.
Com idade média de 43 anos, esse grupo foi composto por 52% de mulheres, com
idade média de 43 anos e 49% com renda familiar de até dois salários mínimos.
Deste universo, 67% são economicamente ativos, sendo 19% assalariados
registrados e 12%, trabalhadores temporários.
360°
Comunicação Integrada
Nenhum comentário:
Postar um comentário