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Setembro Amarelo, psicólogo explica como funciona a mente de uma pessoa que
pensa em tirar a própria vida e faz alerta
Setembro é o mês destinado à prevenção ao suícidio,
com disseminação de mensagens e informações públicas com objetivo de
conscientizar as pessoas sobre como agir e lidar com o assunto. Segundo o
Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 12.895 pessoas cometeram suícidio no
Brasil em 2020, evidenciando uma tendência de alta durante a última década,
visto que o número de casos em 2012 era de 6.905.
A prevenção ao suicídio requer o esforço da
sociedade, alinhando estratégias que englobem o trabalho em nível individual e
coletivo. Felipe Laccelva, psicólogo e CEO da plataforma de atendimentos Fepo,
explica que o suícidio é apenas o último ato de uma pessoa que já passou por
diversas situações.
“O suicídio é o desfecho de eventos anteriores e
nunca um fato isolado da vida individual. Envolve questões psicológicas,
biológicas, culturais e ambientais. Uma pessoa que pensa em suicídio está
pedindo ajuda, e já chegou em um ponto que o sofrimento se tornou impossível de
suportar, sendo a única saída que consegue encontrar”, declara Felipe.
Iniciativas, mesmo que simples, podem ser
fundamentais para ajudar a prevenir um ato de suicídio, como o ambiente
familiar agradável e passar um tempo de qualidade com os amigos, promovendo
momentos de aproximação e meios de se reunir e conversar.
Uma pessoa que está pensando em suícidio pode se
sentir sozinha. Assim, um ambiente acolhedor é fundamental para ajudar na
recuperação e dar suporte, além de, todos ao redor, permanecerem abertos para
escutar, sem realizar julgamentos, para trazer a segurança necessária para
compartilhar as angústias e sentimentos.
O papel da saúde mental na prevenção ao suícidio
Assim como a física, a saúde mental é parte
integrante e complementar da manutenção das funções do corpo. Por isso, a
promoção da saúde mental é essencial para que o indivíduo tenha a capacidade
necessária de executar bem as habilidades pessoais e profissionais no dia a dia.
Pesquisas da Assossiação Brasileira de Psiquiatria
mostram que, em torno de 96% dos casos de suicídio, possuem relações com
transtornos mentais. Quem deseja tirar a própria vida, possivelmente está
passando por um quadro de doença mental, e isso influencia a forma como percebe
o mundo e como avalia os próprios pensamentos, as relações e, até mesmo, o
livre arbítrio.
Quando um indivíduo não está bem, e não tem nenhum
tipo de suporte, é provável que as escolhas que faça para própria vida não
sejam as mais adequadas. Essas sucessíveis escolhas ruins podem levar para um
caminho que, aos poucos, prejudique a saúde mental.
Felipe Laccelva lista 5 dicas que podem colaborar,
no curto prazo, para manter a saúde mental saudável:
- Converse
sobre os seus sentimentos;
- Aproveite
a companhia dos amigos e familiares;
- Cuide
do seu corpo;
- Tenha
momentos de lazer;
- Tenha
uma boa noite de sono.
Quais os sinais transmitidos por uma pessoa de que
a saúde mental não está bem?
“A maioria das pessoas que tentam o suicídio falam
a respeito disso, comentam sua percepção sobre a morte. Isso acontece dias ou
semanas antes da tentativa, porque é algo que é construído dentro da pessoa”,
comenta o psicólogo Laccelva.
Mudanças bruscas de apetite e comportamento,
isolamento de pessoas que antes era próxima, problemas com o sono, são todos
pequenos sinais emitidos pelo corpo de que o estado mental por não estar nas
melhores condições.
Uma consulta com psicólogo é pouco para determinar
toda a situação clínica de um paciente. No entanto, os sinais são fornecidos o
tempo todo, e quem está em volta poderá perceber. O cuidado e atenção são
fundamentais, pois a prevenção ao suícidio se faz individualmente e
coletivamente.
“Ainda que uma pessoa possa ter parado de expressar
as ideias de tirar a própria vida em algum momento, não quer dizer que ela
esteja bem. O acompanhamento deve permanecer, já que existe a possibilidade de
estar atravessando apenas um momento mais calmo, porém as questões permanecem
dentro dela”, finaliza.
Fepo
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