Brasil é o quinto país com mais diabéticos no mundo Pandemia aumentou casos.
O Brasil tem 16,8 milhões de diabéticos e ocupa a quinta posição mundial em número de portadores da doença segundo dados da IDF (International Diabetes Federation). Só perde para a China que tem 116,4 milhões, Índia com 77 milhões, EUA com 31 milhões e Paquistão com 19,4 milhões.
Para o oftalmologista Leôncio
Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier há evidências de que um dos efeitos
colaterais da COVID entre brasileiros foi o agravamento do diabetes que está
entre as principais causas de perda irreversível da visão. Isso porque,
explica, dois levantamentos da Ipsos mostram que 52% ganharam peso na pandemia
e o Brasil é líder mundial dos países que menos fazem atividade física. “O
ganho de peso somado ao sedentarismo e stress deste período pioram o diabetes”
afirma.
Pesquisa
A boa notícia é que
pesquisadores da Indiana University descobriram biomarcadores do diabetes que
permitem diagnosticar alterações na retina de um portador de diabetes antes do
diagnóstico clínico. Isso porque, podem ser combinados com outros biomarcadores
durante o exame da retina pela OCT
(Tomografia de Coerência Óptica). Queiroz Neto afirma que é comum pacientes
descobrirem o diabetes na consulta oftalmológica, quando já surgiram as
primeiras alterações nos vasos da retina. Os novos biomarcadores antecipam
ainda mais o diagnóstico e por isso ajudam a preservar a visão.
Sintomas
O oftalmologista afirma que
não é comum sentir alteração na visão no início do diabetes. Os sintomas mais
frequentes são: sede excessiva, micção frequente, perda de peso e fadiga, mas
não acontece com todos. Por isso, quem tem casos na família deve passar por
check-up clínico periodicamente. Um simples hemograma pode evitar graves
complicações
Alterações na retina
Na pandemia, comenta, o
tratamento de muitos pacientes sofreu descontinuidade, seja por paralização dos
serviços, medo de pegar o vírus ou estrangulamento dos atendimentos no período
de pico. O problema, comenta, é que não basta um bom controle glicêmico para o
diabético continuar enxergando. Depende
também de quanto tempo convive com a doença. Depois de cinco anos, aumenta o
risco de desenvolver edema na mácula, porção central da retina, formação de
neovasos que enfraquecem a membrana ou formação de depósitos de sorbitol, uma
substância que favorece o extravasamento de liquido dos vasos e leva à perda da
visão. O tratamento
incluir aplicação de laser, injeções antiangiogênicas e cirurgia em casos de
hemorragia ou descolamento da retina.
Miopia
Queiroz Neto explica que
quanto mais alta a glicemia, maior a viscosidade do sangue que leva à miopia. “Isso acontece com mais
frequência depois das refeições quando o nível de glicose sobe”, explica. Nas
mulheres, observa, a absorção de água
pelo cristalino pode ser maior por causa dos estrogênios e levar a um grau mais alto de miopia.
Períodos prolongados de jejum fazem o cristalino desidratar e a miopia
desaparece. Por isso, comenta, antes de prescrever óculos, o oftalmologista
verifica se o índice glicêmico está controlado. A dica do médico para manter a
estabilidade da refração e glicemia é se alimentar a cada 3 horas, dando
preferência aos grãos integrais, verduras e frutas em pequena quantidade.
Catarata
O
especialista esclarece que a repetida hidratação e desidratação do cristalino
alteram suas fibras, antecipando a formação da catarata, opacificação do
cristalino que responde por 49% dos casos de cegueira tratável no Brasil. O
único tratamento é a cirurgia em que o cristalino opaco é substituído por uma
lente intraocular. “No caso de diabéticos quanto antes o procedimento é feito,
melhor”, afirma. Isso porque, a catarata diminui a quantidade de luz azul que
chega à retina e com isso a produção de melatonina, hormônio que regula nosso
estado de alerta e sono. Resultado – Diabéticos que convivem muito tempo com a
catarata ficam estressados pelas noites mal dormidas, ganham peso e maior
resistência à insulina.
Glaucoma
Queiroz
Neto afirma que o glaucoma em diabéticos é uma reação secundária da
retinopatia. É caracterizado pela formação de neovasos, menor irrigação
sanguínea, inflamações oculares. A dificuldade de escoamento do humor aquoso
causa aumento da pressão intraocular e morte de células do nervo óptico.
O
especialista ressalta que o glaucoma renovascular tem evolução rápida e o campo
visual perdido é irrecuperável. Por isso, é importante que toda pessoa
diabética faça exames oftalmológicos anualmente. As alterações oculares que
podem cegar geralmente aparecem após 10 anos mas é o tratamento contínuo que
mantém a visão.
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