Sondagem das micro
e pequenas empresas, realizada pelo Sebrae em parceria com a FGV, detectou que
confiança da Indústria caiu mais de três pontos, em agosto
Após quatro meses de sucessivos aumentos na
confiança dos donos de micro e pequenas empresas, o Índice de Confiança das
Micro e Pequenas Empresas (IC-MPE), medido mensalmente pelo Sebrae em parceria
com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), constatou em agosto uma estagnação. De
acordo com a Sondagem, influenciado principalmente pela queda da confiança dos
empreendedores da Indústria em 3,2 pontos, a média geral do Índice de Confiança
das MPE se manteve estável em 100 pontos - nível considerado neutro - ou seja,
houve uma acomodação da confiança no patamar atual, o que demonstra que a
economia parou de crescer e está “andando de lado”.
Em julho, o Índice de Confiança das MPE da
Indústria tinha atingido o patamar de 106,7 pontos. Com a queda do último mês,
ele ficou em 103,5. “A variação da confiança foi positiva nos últimos meses em
todos os setores, mas agora variou zero, influenciada principalmente pela
Indústria. Apesar da confiança dos empreendedores desse setor continuar acima
do nível considerado neutro, essa queda acende um sinal vermelho, já que,
geralmente, esse setor é o que puxa os demais para cima. Se a Indústria está em
queda é porque a economia pode estar estagnada”, alerta o presidente do Sebrae,
Carlos Melles.
Segundo Melles, diversos segmentos da Indústria
apresentaram queda na confiança e o setor que vinha demonstrando o melhor
desempenho, desde o ano passado, com crescimento na maior parte desse período,
mostrou um resultado inverso, neste mês. “Essa queda revela um enfraquecimento
da recuperação da Indústria”, pontua. As indústrias de alimentos, vestuário,
refino e produtos químicos, metalurgia e produtos de metal foram as que mais
influenciaram nesse resultado. Quando analisadas por região, apenas as
indústrias do Sul apresentaram alta no índice de confiança, que subiu 5,2
pontos.
Comércio
O Índice de Confiança das MPE do Comércio também
apresentou uma variação negativa de 0,4 e caiu para o patamar de 96,6 pontos,
motivado pela redução do volume da demanda e compras atual. “As vendas de
agosto não foram tão boas quantos os empreendedores imaginavam e apesar do
comércio de bens de consumo não duráveis mostrar um certo aquecimento,
atividades ligadas às vendas de materiais de construção, veículos, motos e
peças contribuíram negativamente para esse resultado”, ressalta o presidente do
Sebrae. O crescimento modesto tanto no quesito de emprego previsto para os
próximos meses quanto no de tendência dos negócios evitou que a queda no Índice
de Confiança das MPE fosse ainda maior do que a registrada.
Serviços
O único setor com aumento no Índice de Confiança
foi o de Serviços, que apresentou um modesto incremento de 0,3 pontos,
influenciado, principalmente, pela situação atual dos negócios e pelo aumento
da demanda atual. “Esse foi o setor mais afetado pela pandemia e nos últimos
meses, vinha se recuperando, mas agora, apesar desse leve aumento, mostra
tendências de estar andando de lado também”, comenta Melles. A melhoria foi
motivada em certa parte pela prestação de serviços profissionais e de
informação e comunicação. Já atividades como serviços de transporte e prestados
às famílias apresentaram um desempenho mais fraco.
Emprego
Apesar da queda da confiança, a geração de empregos
deve continuar ocorrendo entre os pequenos negócios no próximo trimestre nos
três setores, e fazer com que as micro e pequenas empresas continuem sendo as
principais responsáveis pelas novas vagas de trabalho no país, porém, de forma
mais lenta. “Assim, embora devamos ter ainda alguma melhora no emprego, nos
próximos meses, é provável que este aumento tenda a ocorrer em um ritmo mais
modesto”, afirma o presidente Carlos Melles.
De acordo com a Sondagem, especificamente no
comércio, a expectativa de que o número de pessoas empregadas aumentará atingiu
seu maior resultado de 2021, com aumento de 5,5 pontos percentuais, passando de
10,6%, em julho, para 16,1%, em agosto. Já entre os empreendedores de Serviços,
setor mais prejudicado durante toda a pandemia, a expectativa de que o número
de pessoas empregadas aumentará obteve seu melhor resultado desde outubro de
2013, chegando ao patamar de 18,9%, o que confirma a tendência demonstrada na
edição da Sondagem de julho.
Já entre os donos de micro e
pequenas empresas da Indústria, a expectativa de contratação caminha junto com
a queda da confiança. Em agosto de 2021 houve queda na previsão de aumento do
quadro de 1,5 pontos percentuais: 18,4% pretendem contratar contra 12% que
acreditam que reduzirão o quadro de pessoal. Assim, quando considerado o índice
sintético do emprego previsto, dos 3 setores juntos, o que se verifica é uma
tendência de crescimento apenas modesto no emprego, para os meses de setembro,
outubro e novembro.
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