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Crédito: Instituto Ser + |
Desde que a pandemia da Covid-19 foi decretada em março de 2020,
cerca de 1.5 bilhão de estudantes ficaram fora da escola em mais de 160 países,
segundo relatório do Banco Mundial. Medidas para a contenção da disseminação do
vírus foram adotadas e provocaram o fechamento total de escolas em alguns
países, outros apenas em zonas consideradas de risco. No Brasil, uma retomada mais abrangente das atividades presenciais
foi adotada a partir desse segundo semestre, nas redes públicas e particulares.
Apesar da adaptação ao sistema de educação remoto emergencial, a
crise pandêmica acentuou o que já era deficitário no país. Para Wandreza
Bayona, Diretora Executiva do Instituto Ser +, organização não governamental
focada na capacitação profissional da juventude em vulnerabilidade, a educação
básica influi diretamente na construção profissional do jovem. “Lidamos
frequentemente com os impactos provocados pela desigualdade social na
aprendizagem dos jovens. Porém, além dessa questão que já era o cenário real do
brasileiro, temos o fator extra causado pela pandemia”, explica.
Para a especialista, a adaptação das aulas presenciais para as
aulas virtuais em um curto espaço de tempo, resultaram em adolescentes
despreparados para pleitearem uma vaga de trabalho ou até mesmo terem condições
básicas para ingressarem nas universidades ou cursos de capacitação
profissional. Afinal, nem todos os estudantes tinham recursos e infraestrutura
para acompanharem as aulas online e a interação aluno e professor foram alguns
dos fatores que comprometeram o aprendizado.
Dados da PNAD Contínua publicados pelo IBGE registram recorde da
taxa de desemprego no ano de 2020, especialmente entre jovens de 18 a 24 anos,
o que corresponde a 29,8, seis pontos acima comparado a 2019. As taxas de
desemprego alcançaram o maior índice desde 2012. A falta de experiência
profissional dos jovens é o maior agravante, dificultando uma colocação
profissional. Wandreza alerta que é possível notar na prática os
impactos dos últimos 17 meses. “Hoje há uma lacuna ainda maior que nossos
jovens precisarão enfrentar para terem um futuro mais igualitário e competitivo
no mercado de trabalho”.
A especialista faz um alerta sobre os principais déficits que o
público entre 15 e 29 anos pode enfrentar a curto e médio prazo e dá dicas para
minimizar esses entraves e fortalecer o processo educativo.
1.Capacidade de escrita
As mensagens curtas, comuns nas redes sociais, condicionam o
jovem a se comunicar de forma escrita com discursos cada vez mais informais e
sem a estruturação necessária na construção coesiva de um texto, ou seja, com
começo, meio e fim. A falta da prática da escrita e da leitura de livros
influem diretamente na capacidade de interpretação de texto, necessária para um
processo seletivo e para o dia a dia profissional.
Wandreza sugere que os jovens deixem um pouco a conexão ativa
nas redes e invistam uma parte do tempo em leitura de matérias que vão ajudar
com a atualização do que tem acontecido no Brasil e no mundo, livros que vão
proporcionar uma linguagem mais robusta e ajudar com diferentes discursos e
pelo menos uma vez por semana, escolham uma temática para escrever um texto,
começando por algo que goste muito e partindo para assuntos menos comuns no dia
do jovem.
2.Raciocínio Lógico
As aulas de matemática vão além do cálculo, auxiliam no estímulo
ao raciocínio lógico, essencial para formar um profissional capaz de manter
discurso persuasivo e argumentativo. Também proporcionam a capacidade nas
tomadas de decisões e elaboração de estratégias no dia a dia de qualquer
segmento profissional.
A especialista ressalta que essas competências são avaliadas nos
primeiros momentos do processo seletivo. Seja em uma avaliação aplicada, em uma
dinâmica em grupo ou durante uma entrevista com o recrutador. Para ajudar a
melhorar essas habilidades, além de se dedicar nas aulas e no comprometimento
das tarefas, é possível correr atrás do tempo perdido focando em textos
escritos a mão, práticas de resumos, interpretação de texto e jogos como
caça-palavras, sudoku e jogo de xadrez.
3.Comunicação oral
Saber se expressar é fundamental para qualquer relação social.
Seja no dia a dia com a família, com um recrutador ou com a equipe de trabalho.
Porém, o rompimento instantâneo da interação do aluno e professor, com trocas
imediatas para tirar dúvidas, e o convívio com colegas em sala de aula, pode
dificultar o processo de construção dos discursos orais, especialmente quando
se tem mais de uma pessoa no diálogo.
Pessoas mais tímidas podem ser as mais prejudicadas, segundo
Wandreza. Para ela, é comum que os jovens enfrentem questões que o tornem
introvertidos, mesmo que esse perfil não seja uma característica nata da
personalidade. Não valorizar a própria história de vida é algo que certamente
vai resultar em introspecção. Por isso, é importante que o jovem passe por um
processo de autoconhecimento e reconhecimento do próprio histórico de vida,
independentemente de qual tenha sido, para aprender a lidar com seus pontos
mais fortes e trabalhar os outros. Dessa forma, a especialista garante que o
jovem tem condições de ser protagonista da própria vida.
Este, inclusive é um dos métodos presentes em todos os cursos e
mentorias dadas pelo Instituto Ser +.
4.Comportamento e questões emocionais
Viver em comunidade é uma tarefa importante para o
desenvolvimento humano. Esperar a vez do outro, respeitar hierarquias, saber se
posicionar e lidar com suas frustrações e ansiedades, sem prejudicar as
relações humanas é necessário para uma vida adulta. O jovem precisa mostrar que
é capaz de aprender a lidar com as lapidações necessárias no ambiente
profissional. Afinal, ele está em processo de desenvolvimento pessoal e
profissional.
A ruptura da rotina, o medo do novo e a necessidade imediata de
mudar a forma convencional de interação com o mundo afetou diretamente o
emocional das pessoal. Segundo o estudo Global Student Survey, que ouviu 16,8
mil estudantes de 18 e 21 anos em 21 países, 7 em cada 10 estudantes
universitários brasileiros declararam que a pandemia trouxe impacto na saúde
mental, tornando o território com maior índice (76%). Desses, 87% apresentaram
aumento de estresse e ansiedade.
Segundo Wandreza, a faixa etária de maior risco emocional é a juventude. Pois é nesta fase da vida que além das mudanças hormonais, os jovens passam pelas indecisões de escolha de carreira e a ansiedade, comum entre eles, para o tão sonhado primeiro emprego.
A busca por
profissionais que podem ajudar a equilibrar esses questionamentos, emoções e
receios pode ajudar. Traçar um plano real do estado de vida atual e uma
provisão a médio e longo prazo vai ajudar cada jovem a lidar com as
expectativas e projetá-lo para uma perspectiva pessoal e de carreira.
Instituto Ser +
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