O abaixo-assinado foi levado ao gabinete da vereadora Edir Sales (Foto: Arquivo Pessoal)
Tutora de 11 gatinhos, sete deles com deficiência, Simone Gatto
entregou, nesta quinta-feira (9), mais de 20 mil assinaturas ao gabinete da
vereadora Edir Sales, autora de PL sobre o tema
Simone Gatto dedica a vida
a lutar pelos direitos daqueles que não têm voz: os animais. Tutora de 11
gatos, sete deles com deficiência, a ativista abraçou uma luta para mudar a
realidade que torna difícil o trabalho de resgate de animais abandonados, na
cidade de São Paulo: o limite de castração pública a apenas 10 animais por CPF,
ou seja, por pessoa.
A ativista lançou uma mobilização na plataforma
Change.org, reunindo em apenas um mês mais de 20 mil assinaturas. Na manhã
desta quinta-feira (9), a causa foi ainda mais longe. Simone, acompanhada da
equipe da plataforma, foi até a Câmara Municipal de São Paulo entregar o
abaixo-assinado à vereadora Edir Sales (PSD), uma das autoras do PL
38/2017.
O Projeto de Lei, que
também teve autoria de Rodrigo Goulart (PSD) e do vereador à época Zé Turin
(PSD), visa instituir o “Programa Castração Legal” para cães e gatos, sem
restrição ou limites de quantidade por pessoa física. Em fevereiro deste ano,
foi solicitado o desarquivamento e o PL voltou a tramitar na Câmara Municipal
de São Paulo.
“Nós cobramos isso. Nós
queremos essa lei aprovada e por isso nós corremos atrás”, comenta Simone sobre
a ação. “Nós precisamos ter essa liberdade de que qualquer cidadão, pagante de
impostos, possa castrar quantos animais for necessário”,
acrescenta.
Segundo Simone, a atual
limitação para castração de animais pelo poder público faz com que cuidadores e
ativistas precisem pagar do próprio bolso para lutar por uma cidade sem
abandono e maus-tratos. No texto do abaixo-assinado ainda aberto na plataforma,
ela destaca que o Estado de São Paulo tem mais de 2 milhões de animais
abandonados pelas ruas.
“Esses animais, que vivem
em condições precárias, naturalmente se reproduzem, fazendo com que esse triste
cenário piore ao longo dos anos. Limitar a castração é ignorar totalmente a
importância da causa animal”, ressalta a ativista na petição. “Imagine quantos
animais poderiam estar castrados e quanto sofrimento seria evitado”,
completa.
A vereadora Edir Sales agradeceu,
parabenizou e acolheu a petição com entusiasmo. O especialista em campanhas da
Change.org, Marcelo Ferraz, que acompanhou Simone na entrega do
abaixo-assinado, enfatizou a importância da mobilização e da entrega da
petição.
“É sempre muito empolgante
conhecer pessoas dedicadas a lutar pelos animais na cidade de São Paulo, Simone
é um exemplo e consegue dar voz a essas e tantas outras causas”, afirma
Marcelo. “Ser ouvido por representantes do poder público nos faz acreditar em
uma sociedade mais justa, onde a participação cidadã é fundamental”,
conclui.
Além da petição
relacionada às castrações, Simone também entregou à Câmara uma outra, com mais de 100 mil assinaturas, pela liberação do
transporte de animais, em tempo integral, nos ônibus de São Paulo. O PL
605/2016 tramita na Casa legislativa sobre o assunto. Ainda participou do ato a
veterinária ativista da causa animal Maria Eugenia Carretero.
Paulo, assessor da
vereadora, recebeu os cadernos de assinaturas de ambas as petições e destacou
que os dois projetos já estão com andamento bastante adiantado. Os PLs já foram
aprovados em todas as comissões e agora devem ser submetidos ao plenário.
A proteção dos direitos
dos animais é uma das causas mais fortes e que engajam mais público na
plataforma. Por isso, no ano passado, a organização lançou um movimento contra
os maus-tratos aos animais, reunindo em um único site mais de 200 petições com
20 milhões de assinaturas em mobilizações em defesa dessa causa. As campanhas
de Simone fazem parte deste movimento, que possui apoio da ANDA. Confira: https://maustratosnao.org/
A legislação em São Paulo
Em 2001, foi sancionada na
cidade de São Paulo a lei 13.131, disciplinando a criação, propriedade, posse,
guarda, uso e transporte de cães e gatos no município. Esta norma limitou a
posse de 10 animais por pessoa a fim de evitar o problema dos “acumuladores”.
Entretanto, conforme aponta a petição de Simone, a medida fez com que a
castração pública de animais fosse consequentemente limitada, o que agravou
outro problema sério: o abandono dos pets.
Apesar disso, funciona em
São Paulo o Programa de Apoio ao Protetor Independente (PAPI), que ampara os
protetores independentes cadastrados e não impõe um limite para a esterilização
cirúrgica. Simone opina, porém, que o programa é burocrático e não atende a
necessidade e a demanda dos ativistas que não têm cadastro, mas que se dedicam
à causa.
“Quem não é protetor e faz
o mesmo tipo de trabalhos sem rótulos não consegue se cadastrar”, explica
Simone. “Eu prefiro ter a liberdade de ir numa comunidade e levar 20 animais
para castrar, eu sozinha”, continua. A ativista ainda questiona que não há uma
norma que facilite essa inscrição e que esclareça os critérios para definir
quem é ou não “protetor”.
Uma vida de
ativismo
Simone tem sete gatinhos com deficiências (Foto: Arquivo pessoal) |
Com longa estrada de luta em defesa dos animais, Simone Gatto já conseguiu importantes feitos para os bichinhos, como o direito de levá-los no transporte público de São Paulo - ação que também contou com uma mobilização em abaixo-assinado na Change.org.
A
ativista é tutora do gato Paçoca, um verdadeiro símbolo dessa luta. O gatinho,
que é paraplégico, tem mais de 4,2 mil seguidores no Instagram
e dá cara a inúmeras campanhas.
Na Change.org, Simone lidera cinco petições em defesa dos
pets. Entre elas, uma pelo uso do canabidiol para tratamentos
veterinários - do qual depende sua gatinha Denise.
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