O aneurisma cerebral é uma doença
silenciosa que requer atenção e cuidados médicos imediatos. Identifica-los nem
sempre é simples porque, em sua maioria, os pacientes não apresentam sintomas.
Entretanto, o diagnóstico precoce pode salvar uma vida, como explica o Dr.
Marcelo Valadares, neurocirurgião, médico do Hospital Israelita Albert Einstein
(SP) e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências
Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Chama-se aneurisma a
dilatação formada na parede enfraquecida de uma artéria do cérebro. Se rompido,
ele pode levar à hemorragia cerebral. No entanto, nem sempre é preciso realizar
uma cirurgia como tratamento e, por isso, o acompanhamento médico é essencial
em qualquer caso descoberto.
Segundo o Dr.
Marcelo Valadares, geralmente os aneurismas são assintomáticos, apresentando
sinais somente quando se rompem e levam à hemorragia intracraniana.
"Aneurismas grandes ou muito próximos a estruturas nervosas, como os
próximos aos nervos oculomotores - que movimentam os olhos, podem causar
efeitos compressivos, levando ao mal funcionamento de estruturas cerebrais. Um
dos sintomas dos aneurismas próximos aos nervos oculomotores é a visão dupla,
causada pela dificuldade de movimentação de um dos olhos", elucida.
Para o especialista,
o diagnóstico precoce é essencial. "A mortalidade, quando há ruptura de um
aneurisma, pode chegar a 50% instantaneamente; 50% dos que sobrevivem e chegam
ao hospital podem morrer nos primeiros dias. É uma situação dramática e
gravíssima, que justifica ações rápidas e precoces para diagnóstico e
tratamento", alerta o neurocirurgião.
O diagnóstico dos aneurismas cerebrais
Se os aneurismas não
causam sintomas, quando é hora de buscar ajuda, então? A hereditariedade,
segundo o neurocirurgião da Unicamp, é um fator de risco e ser considerado.
Quando alguém possui dois ou mais parentes de primeiro grau com história de
hemorragia cerebral causada por aneurismas, por exemplo, é preciso investigar.
"Neste caso, o risco é de 8%. Também se considera a investigação quando um
parente de primeiro grau e, pelo menos um parente de segundo grau (como
meio-irmão, meia-irmã, tio, tia, avós e netos - ou, ainda, pessoas com irmão
gêmeo, já tiveram histórico", expõe. "Uma outra situação conhecida
como doença renal policística também está associada a aneurismas cerebrais e
justifica a triagem", complementa o médico.
O Dr. Valadares
esclarece que uma das melhores formas de diagnóstico do aneurisma cerebral é
angiografia digital. Por ser muito semelhante a um cateterismo cardíaco,
entretanto, é considerado um exame invasivo. "Com o desenvolvimento da
tecnologia de imagem médica, hoje temos a angiotomografia, com uma qualidade de
imagem tão boa e que, por ser um exame menos invasivo e mais disponível, tem
sido usado como primeira escolha em casos de investigação", diz.
Cirurgia e tipos aneurismas
Entre os tipos de
aneurismas mais comuns, o médico cita os saculares e localizados em uma
estrutura do cérebro conhecida como Polígono de Willis, que são confluências de
artérias que distribuem sangue para as porções mais importantes do cérebro. Os
aneurismas menos comuns, por outro lado são os micóticos, relacionados a
infeções.
É importante
ressaltar que nem sempre um aneurisma precisará de uma cirurgia. "Sabemos
a probabilidade de sangramento de um aneurisma baseado na sua localização, seu
tamanho e pela idade do paciente. Aneurismas pequenos raramente sangram e,
quando são diagnosticados em pacientes, idosos raramente precisam de
tratamento. Por outro lado, aneurismas pequenos em pessoas jovens podem crescer
e ter risco maior de ruptura, justificando as vezes tratamentos mais
precoces", afirma o Dr. Marcelo Valadares.
Mais comuns em mulheres
O Dr. Marcelo
Valadares ressalta que a proporção de aneurismas cerebrais em mulheres é de 1.6
para cada homem, em geral. "Após a menopausa, ainda, essa proporção
aumenta para quase para 2 mulheres para cada homem", afirma o
especialista. Mas porque isso acontece?
Existem muitas
teorias que vão desde a ação do estrógeno, que levaria a uma proteção em
relação ao risco de ruptura de aneurismas durante os anos férteis da mulher.
"Porém, há um risco maior após a menopausa, por conta da fragilidade dos
vasos, passando por uma característica anatômica de que as mulheres têm um
diâmetro menor de suas artérias até alterações hemodinâmicas, ou seja: a
circulação do sangue no corpo é diferente entre homens e mulheres",
explica o neurocirurgião.
Dr. Marcelo
Valadares - médico neurocirurgião e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia
da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e do Hospital Albert Einstein.
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Instagram: @drmarcelovaladares
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