Escassez de navios e contêineres, valores elevados do frete de importação e exportação e serviços cancelados foram os fatores apontados pela CNI
A
pandemia do novo coronavírus (Covid-19), rapidamente, resultou em uma crise
econômica mundial, impactando diretamente na redução da oferta de mão de obra e
rupturas de cadeias globais de valor. Com a progressiva retomada da
economia em diversos países houve uma disparada de encomendas por insumos e
mercadorias do comércio exterior em níveis acima das projeções e da capacidade
logística dos armadores e terminais portuários.
Uma
pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), realizada em julho de
2021 para mapear os problemas enfrentados desde o início da pandemia, apontou
que a falta de navios e contêineres, valores elevados do frete de importação e
exportação e serviços cancelados são os principais problemas enfrentados por
empresas que atuam com comércio internacional.
A
CNI consultou 128 empresas e associações industriais, na ocasião mais de 70%
relataram ter sofrido com a falta de contêineres ou de navios e mais da metade
observaram o cancelamento ou a suspensão de alguma escala de programa ou
serviço regular. Os dados mostram ainda que 96% observaram um aumento no valor
do frete de importação e 76% nas exportações.
Dados
do Banco Central do Brasil (BACEN) de março 2020 a agosto 2021 mostraram que a taxa
do dólar, que é a principal moeda do comércio exterior, também tem sido um dos
grandes desafios que as empresas brasileiras buscam superar, pois no último ano
e meio, já acumulamos aumento de aproximadamente 7,28%.
Cristiane
Fais, consultora em logística internacional e diretora executiva da Accrom
Consultoria em Logística Internacional, comenta que um novo agravamento da
COVID-19 no mundo, principalmente na China também tem impactado o mercado
internacional, pois o novo surto da doença no país fechou várias regiões e
portos, incluindo um dos mais movimentados do mundo, causando um impedimento no
abastecimento global e pressionando importadores e exportadores. “O recente
fechamento do porto chinês Ningbo-Zhoushan, gerou uma fila com mais de 350
navios, e uma espera para espaço e embarque de semanas. O cenário é mais um
sinal de que a desordem e aumento nos custos no transporte marítimo pode se
estender até meados de 2022 ainda”, explica.
Um
levantamento da Clarksons Platou Securities, mostrou que o congestionamento vem
se agravando, e a capacidade ociosa chega a 4,6% da frota mundial, ante 3,5% no
mês passado. “Além de ameaçar a recuperação e o crescimento econômico do país,
os atrasos crônicos e a disparada dos custos, podem impedir que as demandas das
empresas por novos produtos e reposição de seus estoques sejam atendidas,
acarretando a falta de produtos no mercado interno e o aumento direto dos
preços ao consumidor”, conclui Cristiane Fais.
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