O cigarro está relacionado a quase todos os tumores, com particular importância para as neoplasias de pulmão, cabeça e pescoço, bexiga e trato gastrointestinal
Neste domingo, 29 de
agosto, é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Fumo, que tem o objetivo de alertar e chamar a
atenção da sociedade para as implicações sanitárias, sociais e econômicas que
esse terrível hábito pode trazer para nossas vidas. São mais de 4.800
compostos químicos em um único cigarro, dentre os quais mais de 70 são
sabidamente cancerígenos. “O tabagismo é a maior causa evitável de adoecimento
e morte em todo mundo, sendo
responsável por mais de 7,5 milhões de mortes ao ano em todo planeta e mais de
200 mil mortes ao ano somente no Brasil. São mais de 400 mortes ao dia no país
relacionadas às doenças provocadas pelo cigarro. Portanto, estamos falando de
uma pandemia global, silenciosa e sorrateira, que existe há várias décadas e
somente nos últimos anos começou realmente a ser enfrentada”, alerta o
oncologista Vinícius Corrêa da Conceição, do Grupo SOnHe- Oncologia e
Hematologia.
De acordo com o oncologista Rafael Luís, do Grupo SOnHe, a nicotina presente no cigarro atinge rapidamente o cérebro e, em menos de 10 segundos, libera vários neurotransmissores relacionados à sensação de bem-estar e prazer, como a dopamina. “Por isso, é um hábito difícil de abandonar. Daquelas pessoas que desejam largar o vício, menos de 10% tem sucesso sem ajuda de um profissional”.
Segundo Dr. Rafael, o cigarro
é disparado o maior fator de risco para o desenvolvimento de câncer e está
relacionado a quase todos os tumores, com particular importância para as
neoplasias de pulmão, cabeça e pescoço, bexiga e trato gastrointestinal.
“Especialmente, em relação ao câncer de pulmão, 15% de quem fuma deverá
desenvolver esse tipo de câncer em algum momento da vida, além disso, 80 a 90%
de quem tem o diagnóstico de neoplasia pulmonar é tabagista. Ainda: cerca de
80% dos tumores de pulmão são descobertos em fases avançadas, com metástases,
quando o câncer já se espalhou pelo corpo e a chance de cura é muito baixa. São
1,8 milhões de casos novos de câncer de pulmão diagnosticados todos os anos no
mundo, com 1,6 milhões de mortes”, afirma.
Outros tumores
Cerca de 80% dos tumores de cabeça e pescoço, que é o terceiro tipo de câncer mais comum no Brasil,e por volta de 70% das neoplasias de bexiga também estão relacionados ao tabagismo. “O cigarro, portanto, tem um poder destrutivo imenso capaz de comprometer a qualidade de vida e ceifar vidas de pessoas, muitas vezes, ainda jovens e produtivas”, afirma Dr. Vinicius.
Além disso, o tabagismo é o
segundo fator de risco mais importante para o desenvolvimento de doenças
cardiovasculares(perdendo apenas para hipertensão arterial), lembrando que
essas doenças são as que mais matam no Brasil e no mundo. Cerca de 2 milhões de
pessoas morrem ao ano por doenças cardíacas provocadas pelo cigarro. O cigarro
aumenta o risco de infarto agudo do miocárdio, arritmias cardíacas, miocardites
e de mortes súbitas.
O cigarro e a COVID-19
Além do cigarro, desde final
de 2019, o mundo vive um dos momentos mais dramáticos da sua história com o
surgimento e explosão do SARS-CoV-2. “Nada ocupou mais o noticiário e nossas
vidas nos últimos meses do que essa crise sanitária que vem mudando nossa forma
de nos relacionar. Já foram mais de 560 mil mortes no Brasil por COVID-19 desde
o início da pandemia e mais de 4 milhões de mortes no mundo. Ainda assim, como
já dito, o cigarro mata por ano quase o dobro do que o número de vítimas
causadas pela COVID-19 em quase 2 anos”, afirma o médico.
O cigarro é, ainda, o
principal fator relacionado às doenças respiratórias como asma, bronquite e
enfisema pulmonar. E, nesse caso, não tem como não associar o cigarro à
COVID-19. É inegável que a “pandemia” do cigarro agrava a doença causada pelo
coronavírus. Logo no início da pandemia, em 2020, pesquisadores da Universidade
de Ciência e Tecnologia de Huazhong, em Wuhan, na China, haviam constatado que
as chances de progressão da doença e de óbitos entre fumantes eram 14 vezes
maiores do que em não fumantes. “O cigarro provoca uma inflamação crônica
nos pulmões, causando distúrbios pulmonares graves, além de – sabidamente –
reduzir a imunidade de quem fuma. Se o coronavírus provoca pneumonia e
afeta os pulmões, é claro que o dano é maior naqueles pacientes que já tem
comprometimento do tecido pulmonar causado pelo tabaco. Portanto, uma parcela
das pessoas que morreram pela COVID-19, indiretamente, são vítimas do cigarro”,
explica o oncologista Rafael Luís.
Vinícius Corrêa da Conceição - Médico oncologista graduado pela Unicamp, com residência médica em Clínica Médica e Oncologia pela Unicamp. Tem título de especialista em Cancerologia e Oncologia Clínica pela Sociedade Brasileira de Oncologia. Foi visiting fellow no Serviço de Oncologia do Instituto Português de Oncologia (IPO), no Porto. Membro titular da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), da Sociedade Europeia de Oncologia (ESMO), da International Association for the Study of Lung Cancer (IASLC), do Grupo Brasileiro de Melanoma (GBM), da Sociedade Brasileira de Oncologia (SBOC) e da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC), Vinícius é sócio do Grupo SOnHe e atua na Oncologia do Instituto do Radium, do Hospital Madre Theodora, do Hospital Santa Tereza e atua e é responsável técnico da Oncologia da Santa Casa de Valinhos.
Rafael Luís - mestre em Oncologia pela Unicamp. Tem graduação e residência em Clínica Médica e Oncologia Clínica também pela Unicamp. Realizou Fellowship no MD Anderson Cancer Center Madrid. É membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e da Sociedade Europeia de Oncologia Clínica (ESMO). Rafael faz parte do corpo clínico de oncologistas do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia e atua no Radium – Instituto de Oncologia, no Hospital Santa Tereza, Hospital Madre Theodora e Santa Casa de Valinhos.
Grupo SOnHe -
Oncologia e Hematologia
@gruposonhe
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