segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Classe D amamentou menos os bebês durante a pandemia

Pesquisa inédita mostra que 47% dos bebês deste segmento socioeconômico não são amamentados no peito; na população com mais poder aquisitivo o índice é de 18%

 

A amamentação é vital para o desenvolvimento saudável das crianças. Um estudo recente, feito com o objetivo de entender o comportamento de pais e cuidadores de crianças pequenas durante a pandemia, observou que a classe D está amamentando menos em relação a outros segmentos socioeconômicos.

Idealizado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, com a consultoria da Kantar IBOPE Media, a pesquisa " Primeiríssima infância Comportamentos de pais e cuidadores de crianças de 0 a 3 anos em tempos de Covid-19 - interações na pandemia " contou com a participação de 1036 cuidadores - pais, mães, avôs, avós, tios, tias ou outros parentes - de todo o Brasil. Destes, 656 responsáveis por crianças de 0 a 6 meses responderam sobre amamentação.

Segundo os dados, 47% das crianças de 0 a 6 meses da classe D não estão sendo amamentadas no peito. Essa porcentagem é maior que a média nas outras classes, em que o índice varia de 18% (AB1) a 28% (B2+C Interior).

A hipótese para que isso aconteça está no fato de que, durante a pandemia, o acesso às Unidades Básicas de Saúde e o Banco de Leite Materno podem ter diminuído e as famílias, principalmente de classes sociais mais baixas, não receberam o apoio necessário para a amamentação.

Outro dado que também pode explicar o número inferior de aleitamento materno na classe D é o da licença maternidade. Na mesma pesquisa, considerando os dados da amostra total, foi perguntado se, nos 4 meses após o nascimento, a mãe teve oportunidade de ficar com a criança sem ter que trabalhar para se dedicar a ela.

Na ocasião, 34% dos cuidadores da classe D responderam que sim, em oposição a 49% da classe AB1. A justificativa é que mais mães da classe D exercem trabalhos informais e não têm acesso a esse direito.

Mariana Luz, CEO da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, alerta sobre o alto número de crianças que não estão sendo amamentadas e a importância deste momento para o desenvolvimento. "O ato de amamentar promove diversos efeitos positivos sobre a mãe e o bebê: estreita o laço entre eles e confere segurança emocional. Um vínculo seguro com a mãe, estabelecido desde os primeiros momentos da vida e por toda a primeira infância, é crucial para que, no futuro, as crianças aprendam a estabelecer relações saudáveis e seguras com outras pessoas", explica a executiva, "assim, é imprescindível que se façam campanhas sobre importância e a valorização do aleitamento materno", completa.

O estudo também procurou saber o índice de amamentação feita exclusivamente com leite materno. De acordo com os dados, 47% dos cuidadores da classe AB1amamentaram os bebês apenas com leite materno até os seis meses de idade. Já no segmento D, o índice é de apenas 28%. A média de todas as classes é de 42%.

Para a amamentação combinada, ou seja, leite materno combinado com algum complemento, como leite em pó ou outras fórmulas, o índice é de 35% na classe AB1 e 26% na classe D.

O aleitamento materno é fundamental para a saúde e desenvolvimento das crianças ao longo de toda a vida e reduz os custos para os sistemas de saúde, famílias e governos. De acordo com a OMS, estima-se que o ato de amamentar é capaz de reduzir em 13% a mortalidade infantil, além de prevenir infecções respiratórias, hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade.

Fora isso, um levantamento da OPAS (Organização Pan Americana da Saúde) mostra que o aleitamento materno nos primeiros anos de vida salvaria mais de 820 mil crianças menores de cinco anos em todo o mundo.

 


Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal


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