Desde os tempos em que a única tela para a qual as crianças olhavam durante muito tempo era a dos aparelhos de TV, os pais já eram advertidos acerca dos problemas que isso poderia trazer à visão delas.
Com a popularização
dos computadores, tablets, smartphones e outros dispositivos, as crianças
aumentaram o tempo passado diante de telas; a pandemia tornou esse tempo ainda
maior e os problemas derivados disso também se tornaram maiores, causados
principalmente por olhar fixamente para telas e piscar pouco.
Os oftalmologistas
americanos David Epley, porta-voz da American Academy of Ophthalmology e Sylvia
Yoo, professora da Tufts University School of Medicine, dizem estar aumentando
o número de novos casos de miopia entre crianças e adolescentes, bem como estar
acontecendo uma aceleração do agravamento dos casos já existentes.
Miopia já era um
problema que crescia nos Estados Unidos (e provavelmente também no Brasil)
antes da pandemia: nos anos 1970, 25% dos americanos eram míopes e no início
dos anos 2000 esse número já chegava a 42%. Outros problemas, como dores de
cabeça e olhos secos tem a mesma origem.
Para minorar esses
problemas, os médicos recomendam mais atividades ao ar livre, pois a diminuição
do tempo diante de telas e a luz solar são úteis nesse sentido.
Adotar a regra
20-20-20 também ajuda: para cada 20 minutos diante de uma tela, deve-se olhar
para alguma coisa situada a 20 pés (cerca de 6 metros) de distância, durante 20
segundos.
Muitos pais têm dado
aos filhos óculos com lentes que filtram a luz azul emitida por essas telas,
tentando resolver esse problema. Ocorre que eles não têm maior utilidade,
exceto em casos de hipersensibilidade a esse tipo de luz - a luz azul emitida
pelas telas não é suficiente para criar problemas.
Além desses cuidados,
os médicos recomendam observar as crianças, procurando detectar problemas como
dores de cabeça, irritação nos olhos, dificuldade de enxergar objetos a
diversas distâncias ou ler revistas, por exemplo; quando isso acontecer,
deve-se procurar um oftalmologista rapidamente.
Vivaldo José Breternitz - Doutor
em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de
Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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